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Quadrilhas juninas se preparam para a volta das apresentações presenciais

Em maio, os grupos de Belém se apresentam nos 'concursos de ensaio' e finalizam os preparativos para os concursos oficiais de junho.

Enize Vidigal

Há um mês da quadra junina, os grupos de quadrilha estão com as coreografias bem ensaiadas e na reta final dos preparativos para se apresentar ao público. É grande a expectativa dos brincantes pela volta dos arraiais presenciais, após dois anos de suspensão de eventos públicos em razão da pandemia pela Covid-19. “Foi horrível ficar dois anos sem dançar. Vamos voltar com tudo”, celebra a vendedora Amanda Vilhena, de 28 anos, miss simpatia do grupo Santa Luzia, do bairro do Jurunas, que há dez anos brinca o São João. “É a nossa cultura, o nosso lazer”, completa.

Atualmente, Belém possui cerca de 40 grupos de quadrilha junina espalhados em todos os bairros e distritos, que movimentam o público estimado de 2 mil pessoas envolvidas na preparação, entre brincantes, coreógrafos, marcadores, costureiras, estilistas, aderecistas, sapateiros, além de pessoal de diretoria, produção e logística. Os grupos são registrados pela Fundação Cultural de Belém (Fumbel).

Os grupos iniciaram a rotina diária de ensaios em janeiro deste ano, quando ainda nem se tinha certeza se seria possível realizar o arraial com público. No ano passado, a Prefeitura de Belém ainda conseguiu realizar o arraial virtual São João Teimoso, com grupos menores de brincantes, que amenizou a sede da tradição junina.

image Quadrilha junina "Santa Luzia", do bairro do Jurunas (Foto: Cláudio Pinheiro / O Liberal)

“Quando termina junho, tiramos um mês de férias e, em agosto, iniciamos o planejamento da apresentação do ano seguinte: adiantamos a coreografia, planejamos o traje com o estilista. Quando começam os ensaios, já estamos com o projeto montado”, conta Kleber Dias, que é presidente, marcador e coreógrafo da Tradição do Bengui. 

Tradição junina

Em maio, os grupos participam de concursos não oficiais, os chamados “concursos de ensaio” ou “pré-São João”, numa espécie de “esquenta” para os concursos oficiais que aumentam a competitividade entre os grupos de quadrilha. Nessa ocasião, os quadrilheiros usam trajes especialmente elaborados para a ocasião, porém, menos caprichados em relação aos trajes dos concursos oficiais e, por isso, são conhecidos como “trajes sujos”. “É nessa hora que os brincantes tiram o nervoso e treinam mais as coreografias", explica o presidente da Santa Luzia, Edvaldo Magno, o Vavá. 

image Quadrilha junina "Santa Luzia", do bairro do Jurunas (Foto: Cláudio Pinheiro / O Liberal)

Há 43 anos, Vavá fundou o Santa Luzia. A família dele é toda envolvida na tradição da quadrilha junina. Além de brincantes, o filho é coreógrafo, a filha cuida das finanças do grupo e a nora faz adereços. “Estamos com 27 pares, este ano. A coreografia está ensaiada, estamos corrigindo detalhes apenas. Estreamos na semana passada no concurso de ensaio, em Marituba. O traje limpo está quase pronto”, conta.

Concursos

Os concursos de quadrilhas e misses acontecerão no Arraial de Todos os Santos 2022, da Fundação Cultural do Pará (FCP), entre os dias 17 de junho e 3 de julho; e também no Arraial da Nossa Gente, da Prefeitura de Belém, entre os dias 15 e 30 de junho, na Praça Waldemar Henrique. 

A programação de Belém inclui um concurso intermunicipal que será realizado pela Federação das Quadrilhas Juninas do Estado em parceria com a PMB, conforme antecipa o presidente da federação, Tom Vilhena: “Vamos fazer o intermunicipal como era antigamente. Será nos dias 20, 21, 22 e 23 de junho”. Um edital deve definir as regras da competição, que contará com os grupos melhores colocados no concurso de Belém, para representar a capital paraense, e também de grupos do interior. O presidente da Fumbel, Michel Pinho, confirma a parceria para o evento intermunicipal. 

Custos elevados

Nas quadrilhas juninas não faltam brincantes, mas falta dinheiro para fazer a celebração que cada grupo de quadrilha junina espera. Por isso, além da rotina ensaios que acontecem em escolas, praças e vias públicas de vários cantos da cidade, os grupos também realizam uma série de eventos, festas, rifas e promoções para angariar recursos. O dinheiro serve, principalmente, para custear os trajes sujo e “limpo” (oficial). “Se gasta R$ 50 a 70 mil para botar uma quadrilha na rua”, conta Kleber Dias. 

 A estudante de Direito Myrian Bilstein, de 18 anos, entrou para a quadrilha junina em 2020, pouco antes da pandemia, e só viveu a experiência de dançar on-line. Este ano, ela será miss caipira no grupo Santa Luzia. Além de ter a responsabilidade de dançar sozinha, em parte da apresentação, as misses possuem roupas diferenciadas com cores diferentes e com mais brilho e requinte. “Estou juntando dinheiro para fazer o meu traje, que vai sair mais 1 mil reais”, conta.

Há dez anos, a costureira Joelma Silva, de 40 anos, confecciona trajes juninos para grupos de quadrilha. Ela conta que as costureiras são disputadas pelos grupos. Nos últimos anos, ela tem feito as fantasias da Tradição do Bengui. “Eles não me deixam trabalhar para outro grupo”, conta entre risos. Este ano, ela prepara 26 trajes femininos e 26 masculinos. O trabalho é intenso, ela conta com duas ajudantes que correm contra o relógio para aprontar tudo dentro do prazo. “Nessa época, eu só vou dormir às 3h da manhã. Começamos no início de março e levamos um mês e cinco dias para aprontar os trajes sujos e, agora, estamos no limpo, que teremos que entregar em 30 de maio. Estamos correndo”. 

O estudante Gustavo Smith, de 21 anos, está animado porque vai dançar quadrilha pela primeira vez, no Santa Luzia. “Eu sempre via a quadrilha dançando e me dava vontade. Este ano, eu vim só participar dos ensaios e me convidaram para participar dos concursos. Fui para o primeiro concurso de ensaio e fiquei eufórico, gritei muito, torci, me senti acolhido pelo grupo. Foi muito bom”, comemora.

 

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