Projeto denuncia a falta de coleta de lixo nas ilhas de Belém e promove limpeza no Combu
Comunidades ribeirinhas sofrem prejuízos na saúde e na economia, por falta de políticas públicas mais eficientes na região das ilhas. Biomas estão em risco pela poluição.
Ao todo, Belém tem 42 ilhas no território. Com exceção dos distritos de Mosqueiro e Outeiro, nenhuma das demais ilhas tem coleta de lixo adequada — algumas nem têm coleta alguma —ou rede de esgoto. A constatação é da ONG Amigos de Belém, após visitar o arquipélago.
A poluição toma conta das águas, do ar, das matas e traz uma série de problemas de saúde e econômicos. Transtornos que a falta de saneamento costuma gerar em áreas tão apreciadas por turistas, mas com realidades socioambientais que pouco têm a ver com a beleza das ilhas.
Na quarta-feira (15), a ONG Amigos de Belém fará um trabalho voluntário com tom de protesto. Fará a coleta de resíduos, num projeto chamado de Catamor na Maré. O primeiro local escolhido foi a ilha do Combu e comunidades próximas, como o Furo do Maracujá e o Furo do Maguari. As inscrições para participar do trabalho estão abertas, pelo Facebook e Instagram. No dia 16, a ação chega à praia de Joanes, no arquipélago do Marajó.
A partir das análises in-loco, a ONG constatou que parte do lixo gerado na ilha do Combu é queimada. Nas águas e na terra, há acúmulo de garrafas de vidro, que costumam parar nas hélices de embarcações e gerar prejuízos financeiros invisíveis. Uma parte considerável do lixo presente na ilha vem de Belém, arrastado pelas marés. Sem coleta, o problema só se acumula.
Já houve uma análise laboratorial das águas, pelo projeto Luz para a Amazônia, e foram encontrados vermes. Tudo isso se soma à redução da qualidade de vida de milhares de ribeirinhos, que têm o contato com a natureza como um modo de vida.
O projeto voluntário Catamor na Maré não se restringe a apenas coletar o lixo. A ONG pretende dialogar com as comunidades, em busca de soluções para o problema. Os resultados devem se tornar numa proposta formal a ser apresentada ao poder público municipal. Os proprietários dos estabelecimentos comerciais também serão incluídos nas discussões. Esse público específico já tenta controlar o lixo, entregando alguns resíduos para a Marinha.
Todos os resíduos coletados serão encaminhados para o “Lixômetro”, que vai mensurar a quantidade de material recolhido nas três áreas. Os resíduos serão destinados à Associação de Catadores Filhos do Sol, de Belém.
Além da coleta, o projeto vai iniciar o processo de compostagem junto aos restaurantes. Por fim, cobrar soluções do poder público para ações de saneamento e destinação dos resíduos da comunidade, a partir da elaboração e execução do Plano de Manejo das Ilhas.
“O nosso propósito é avançar em relação à gestão de resíduos sólidos no estado do Pará, pois temos mais de 300 lixões que precisam ser identificados e remediados, onde a solução passa pela coleta seletiva, compostagem, pela sensibilização na diminuição da geração de resíduos e melhoria das condições dos aterros sanitários”, destaca Paulo Pinho, doutor em Ciências Ambientais e presidente da ONG Amigos de Belém.
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