CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Procura por remédios caseiros em Belém aumenta no período chuvoso

Inverno amazônico em Belém leva paraenses ao Ver-O-Peso na busca por ervas e chás

Eduardo Laviano

A chegada das chuvas em Belém sempre vem acompanhada de algumas doenças sazonais e quem está com a imunidade baixa fica logo resfriado, tossindo ou com febre. Para evitar qualquer tipo de problema, muitos recorrem aos remédios naturais e chás feitos com ervas e folhas da floresta amazônica, vendidas aos montes no Ver-O-Peso. Dona Inês Silva, de 54 anos, mora lá perto e às vezes, sem nem estar sentindo nada, dá uma passada no mercado. "Hoje realmente eu vim comprar umas ervas para a minha filha que está meio mole e com umas dores no corpo e vou levar essa folha de sucuuba para a minha vizinha. Mas o certo é tomar sempre para não enfraquecer nessa época de chuva que é terrível", conta ela mostrando as mercadorias. Ao todo, mais de 20 barracas vendem remédios caseiros no complexo varejista, além dos estabelecimentos especializados em ruas próximas.

As vendas foram altas durante os primeiros meses da pandemia do novo coronavírus e diminuíram depois, segundo a erveira Iracilda Oliveira. Ela conta que as mais pedidas são as velhas amigas do povo paraense: copaíba, andiroba, folha de algodão e mastruz. "Mas agora com as chuvas voltaram a procurar bastante. Quando o pessoal sente uma coisinha, já corre aqui. Já levam tudo preparado e engarrafado. A catinga de mulata então, essa sai direto, deixa a gente mais forte, resistente. A verdade é que as propriedades curativas são muitas, então invés de procurar só depois, é bom usar como prevenção também", afirma ela, que já trabalha no Ver-O-Peso há 36 anos. Ela observa que as pessoas em Belém conhecem bem os benefícios da maioria das folhas. "Muitos já chegam sabendo o que querem e aí nos damos dicas de preparo, de uso, quantidade, por quantos dias. A babosa serve para tudo, todo dia compram uma, por exemplo. É porque sabem que é eficaz", afirma.

Tatiane Sá é doutora em biotecnologia e atua como pesquisadora na área de cicatrização de feridas com uso de fitoterápicos, na Universidade do Estado do Pará. Ela avalia o poder das plantas medicinais como indiscutível, já que muitos dos produtos industrializados possuem espécies vegetais como composto principal. "Temos muito conhecimento empírico relacionado ao uso dos chás, cozimentos, xaropes, lambedores, banhos, infusões, garrafadas e muitos outros, enfatizando que muitas comunidades tradicionais usam cotidianamente o que natureza proporciona como habitação, alimentação e até as medicações para tratar doenças, prevenir doenças são extraídas exclusivamente de seus quintais, roçados e hortas", conta ela ao lembrar da importância de manter esta cultura local viva.

Alguns procedimentos básicos precisam ser seguidos, como identificar bem as ervas com quem conhece do assunto, a higienização das folhas e cascas e manter as ervas que serão utilizadas no chá em infusões de 5 a 15 minutos na água fervente, sempre com a panela tampada mantendo o vapor, para garantir que todas as propriedades sejam preservadas. Já no caso dos produtos com cascas, como canela e gengibre, o mais recomendado é a cocção, entre 10 e 15 minutos. Tatiane lembra que, além das ervas regionais, outras práticas fazem a diferença para quem quer manter a saúde no inverno amazônico. "Para uma boa imunidade é importante uma boa ingestão diária de água, manter as medidas de higiene, conservar hábitos alimentares saudáveis, priorizando alimentos ricos em vitamina C, aproveitando as frutas regionais", aconselha. 

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM