Preocupação da Igreja Católica com a Amazônia é registrada em carta convocatória para o Sínodo
O documento foi elaborado em Belém, no último encontro dos bispos da Amazônia antes da assembleia no Vaticano

Uma carta aberta convocando a sociedade para a sintonia com o Sínodo da Amazônia, que será realizado de 6 a 27 de outubro, no Vaticano, marcou o encerramento da reunião pré-sinodal entre todos os bispos da Amazônia brasileira, em Belém (confira a carta aqui). O encontro reuniu cerca de 120 participantes, entre padres, bispos, leigos e religiosos da Igreja Católica deste a última quarta-feira (28) até a manhã desta sexta-feira (30), no Centro de Espiritualidade Monte Tabor, da Arquidiocese de Belém, no distrito de Icoaraci.
Intitulado "Carta do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia", o documento foi elaborado pelos bispos e lideranças religiosas do encontro para reafirmar o compromisso com a defesa e cuidado com a vida dos povos e de toda a floresta.
Em um dos parágrafos, mencionando as missões em defesa da Amazônia, a Igreja Católica lamentou o fato de alguns religiosos serem criminalizados. "Lamentamos imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas lideranças são criminalizadas como inimigos da Pátria".
“Junto com o Papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos medidas urgentes dos Governos frente à agressão violenta e irracional à natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna milenares com incêndios criminosamente provocados", diz outro trecho.
A angústia foi relatada mediante vários problemas ambientais. "Ficamos angustiados e denunciamos o envenenamento de rios e lagos, a poluição do ar pela fumaça que causa perigosa intoxicação, especialmente das crianças, a pesca predatória, a invasão de terras indígenas por mineradoras, garimpos e madeireiras, o comércio ilegal de produtos da biodiversidade".
Também é destacada a preocupação mediante a dependência da humanidade com a floresta. "Todas as nações são chamadas a colaborar com os países amazônicos e com as organizações locais que se empenham na preservação da Amazônia, porque desta macrorregião depende a sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras partes do Brasil e do continente".
E o objetivo é identificar caminhos para a evangelização. "O Sínodo, convocado pelo Papa Francisco, chega num momento crucial de nossa história. Queremos identificar novos caminhos para a evangelização dos povos que habitam a Amazônia. Ao mesmo tempo, a Igreja se compromete com a defesa desse chão sagrado que Deus criou em sua generosidade e que devemos zelar e cultivar para as presentes e futuras gerações".
Reunião pré-sinodal
O encontro foi coordenado pelo Cardeal Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal Especial para Amazônia/CEA da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB, da Rede Eclesial e relator nomeado para o Sínodo; juntamente com Dom Davi Martinez de Aguirre Guiné, bispo de Puerto Maldonado, no Peru; e Padre Michael Czerny, subsecretário da Seção Migrantes e Refugiados para o Serviço de Desenvolvimento Integral Humano do Vaticano.
As atividades, que foram as últimas antes da assembleia em Roma, oportunizaram o estudo do Documento de Trabalho do Sínodo por meio de palestras, orações e grupos de trabalho. O Cardeal Cláudio Hummes lembrou os bispos do compromisso e responsabilidade que terão no Vaticano. “Vamos com coragem e paixão”, afirmou o Cardeal.
Dom Mário Antônio, vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, frisou a essência do Sínodo: “Quando se quer chegar rápido, se anda sozinho. Quando se quer chegar longe, vamos juntos”. E completou: “Que o pós-Sínodo seja Amazônico e grandioso, não pelo tamanho, mas pela intensidade e profundidade”.
Para Dom Antônio de Assis, bispo auxiliar de Belém, foi uma atividade muito fraterna. “Não tomamos decisões, foi uma experiência de discernimento, de apresentação de diversos horizontes e preocupações. E eu creio que nós ganhamos com esse processo de crescimento, de estudo, de envolvimento e de maior convicção sobre a necessidade desse evento”.
Para Dom Zenildo Pereira, da Prelazia de Borba/AM, o encontro dos pastores e lideranças de toda a Amazônia brasileira celebrou a comunhão de tudo o que foi realizado na caminhada em preparação ao Sínodo. “Os sonhos, as angústias e as urgências pastorais para, à luz do Espírito Santo, encontrar caminhos novos para isso”, disse.
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