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Praça da República é sede de mobilização contra a violência em Belém

Pessoas que perderam amigos e familiares tentam conscientizar a sociedade com ato

Elisa Vaz

Familiares e amigos de vítimas de violência participaram, na manhã deste domingo (10), de um ato promovido pelo grupo Movimento pela Vida (Movida), para celebrar o Dia Estadual do Movimento pela Vida e pela Paz, instituído em 2012 por meio da lei estadual 7.627. A ação ocorreu na Praça da República, pela lateral da rua Oswaldo Cruz, a partir das 8h, com disponibilização de álcool em gel e uso obrigatório de máscaras. O grupo não fez caminhada por conta da pandemia.

De forma simbólica, houve homenagem às vítimas de violência no Estado, e pessoas vestiam camisas com os rostos de amigos e familiares que foram mortos em homicídios, feminicídios, assaltos e ações da polícia. A fundadora e presidente do Movida, Iranilde Russo, explica que ingressou na luta contra a violência quando seu filho foi morto, há 16 anos. "No meu caso foi homicídio. Meu filho foi abordado na porta de casa, levado como refém por um bandido que se passou por policial. A polícia real, que vinha perseguindo os meliantes, metralhou o carro e meu filho morreu na Mauriti com a João Paulo", lembra a mãe.

image (Ivan Duarte / O Liberal)

Segundo Iranilde, desde o crime, sua vida mudou, assim como a de toda a sua família. Foi nessa época que ela passou a "viver para a luta", buscando paz e justiça para as famílias que passam pela mesma situação. No caso de seu filho, cinco réus foram condenados e três ficaram soltos, e ela diz que o Estado foi condenado a pagar pelos danos morais sofridos pela mãe. Até hoje, no entanto, o caso continua na Justiça. A mobilização social por meio do ato, na avaliação da presidente, é repassar o conhecimento a outras famílias que não têm noção do que deve ser feito quando algo parecido acontece.

Já o presidente do Vida Pará, outra entidade que ajudou a organizar a ação, Nazareno Lobato Silva, viveu vários casos de violência. Primeiro, em 2007, perdeu a mãe e a irmã em um acidente de carro provocado por um motorista embriagado. Depois, em 2014, sua neta de oito anos saiu para comprar pão e não voltou para casa - foi torturada, estuprada e morta. Em 2020, sua sobrinha sofreu feminicídio por parte do marido, durante a pandemia do novo coronavírus. "A dor é grande, e a luta tem que ser também. Não podemos parar, se isso acontecer o mundo vai ser pior do que já é", diz.

Mais recentemente, um caso se tornou público e gerou revolta em Belém. A ciclista Janice Dias foi atropelada, no dia 26 de agosto do ano passado, na avenida Senador Lemos, por um carro. Testemunhas informaram que a mulher estava passando de bicicleta em frente a um prédio quando o motorista saiu da garagem do edifício sem prestar atenção e colidiu com a ciclista. A vítima ficou presa embaixo do veículo, foi socorrida e ficou internada em um hospital particular, mas não resistiu aos ferimentos e morreu dias depois.

Sua filha, a gerente financeira Jaqueline Martins, de 35 anos, participou do ato contra a violência neste domingo e ressaltou a importância de conscientizar a sociedade a respeito dessa questão. "Eu sei que cada um vive sua vida, mas desde que passei por isso tenho refletido. Acho que as famílias que vêm aqui, com seus filhos, veem nossa mobilização e podem pensar também. As crianças podem crescer conscientizadas de que as vidas importam e que é preciso ter atenção no trânsito e outros locais. Não podemos aceitar nenhum tipo de violência", pontua a mulher.

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