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Ponte de Outeiro: quase 5 meses depois, mobilidade ainda é desafio

Governo não divulgou previsão de restabelecimento total da ponte. Medidas paliativas tentam minimizar os transtornos

Camila Guimarães

A travessia entre os distritos de Outeiro e Icoaraci está há quase cinco meses com o fluxo alterado, desde que a ponte Enéas Martins foi atingida por uma balsa, que derrubou um dos seus pilares de sustentação, no dia 17 de janeiro deste ano. A partir de 21 de fevereiro, a travessia foi liberada apenas para pedestres, ciclistas e motociclistas. Carros e outros veículos ficaram dependentes do transporte por balsas. Até hoje, cerca de 80 mil pessoas vivem uma rotina afetada pelo incidente.

Para o morador de Outeiro, o motorista Raimundo Livramento, de 65 anos, a situação está difícil, já que a interdição da ponte fez com que ele dependesse das duas balsas, disponibilizadas pela Secretaria de Estado de Transporte (Setran) que, segundo o órgão, têm capacidade para transportar 480 passageiros e 65 veículos por viagem.

"Às vezes demora, principalmente à noite, que fica só uma balsa. A gente passa mais de meia hora na fila. Às vezes eu saio às cinco da manhã e volto às 9h, mais de uma hora só de embarque", Raimundo relata.

De acordo com agentes do Detran, que controlam o fluxo de embarque nas balsas, a travessia funciona todos os dias, por 24h, mas a partir das 21h, apenas uma das balsas continua funcionando, enquanto a outra para. Entretanto, o motorista Raimundo Livramento descreve uma situação diferente: "Às vezes a balsa para às 19h, 20h. E aí a fila de espera fica grande. Como às vezes eu faço até três travessias por dia, é cansativo. A ponte faz muita falta", lamenta.

image População aguarda a reabertura total da ponte Enéas Martins. (Márcio Nagano / O Liberal)

O comerciante Valdeci Lima, que trabalha há 20 anos com a venda de frutas, em Outeiro, descreve os impactos que a alteração na travessia causou no seu negócio: "Prejudicou muito. A gente sai às 16h e demora a chegar do outro lado. Até chegar na Ceasa e voltar, às vezes já é meia noite. A balsa ainda para e só volta umas 2h. A gente chega em casa só às 4h da manhã".

Valdeci lembra que, quando a ponte não estava comprometida, ele conseguia sair às 16h e voltar às 22h, um deslocamento 6h mais rápido que o atual. "Quebrou tudo. Quebrou a venda, quebrou a ida e vinda da gente… E para completar, quando a gente está na fila da balsa, às vezes ainda chega o caminhão do gás e passa na frente de todo mundo. Ele vai sozinho na balsa porque é perigoso, e a gente espera ainda mais", conta.

Para os pedestres, que podem cruzar o Rio Maguari pela ponte Enéas Martins, parcialmente liberada, a situação também não é das melhores, ainda que contando com os ônibus que fazem o embarque e desembarque de passageiros em cada lado da ponte, sem cobrar o preço da passagem.

image Ponte está aberta apenas para pedestres, ciclistas e motociclistas. (Márcio Nagano / O Liberal)

A estudante Renata Silva, de 18 anos, descreve a rotina que tem vivido nos últimos meses: "Está sendo complicado, por mais que seja gratuito, o ônibus demora muito para passar, porque são poucos. A gente espera na parada durante meia hora. A gente tem que cruzar a ponte a pé e cansa. Antes eu fazia meu trajeto em 40 minutos, agora eu levo cerca de 1h, 1h e meia". Renata diz, ainda, que quem decide não esperar pelos ônibus acaba pagando caro: "Os mototaxistas estão cobrando R$ 7 e as vans R$ 3, só para fazer esse trecho".

image Ponte está danificada há quase cinco meses. O suposto acidente é investigado pela Delegacia Fluvial. (Márcio Nagano / O Liberal)

Medidas paliativas buscam minimizar os transtornos de mobilidade; Ainda não foi divulgada previsão de reabertura total da ponte

A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) comentou, em nota, que tem mantido uma equipe de fiscalização, orientação e organização para garantir os horários dos ônibus nos pontos terminais, além da organização e orientação nos embarques no trapiche de Outeiro, das lanchas e navios. A Semob também reforçou a continuidade das medidas implementadas desde 17 janeiro, para minimizar os impactos da interdição da ponte, sendo elas:

- A criação dos pontos de embarque/desembarque do transporte público de ônibus na Trav. do Cruzeiro com a Rua Santa Isabel, de onde saem os ônibus com linhas para São Brás, Presidente Vargas e Ver-o-Peso, para atender ao usuário que opta pela travessia das balsas;

- A criação dos pontos de embarque e desembarque de linhas do sistema de transporte público, na Rua Siqueira Mendes, próximo ao trapiche de Icoaraci, para atender aos usuários que fazem a travessia de lancha;

- A criação dos pontos de embarque e desembarque na cabeceira da ponte do lado de Outeiro, para as linhas circulares gratuitas e, do lado de Icoaraci, o ponto da linha Ponte/Maracacuera, criada exclusivamente por causa do incidente e que permite ao usuário acessar o sistema BRT, no terminal Maracacuera.

Sobre as obras para o restabelecimento da ponte Enéas Martins, a Secretaria de Estado de Transportes (Setran) informou, em nota, que está finalizando as fundações e blocos de sustentação da ponte e que o cronograma de obras conta com equipes divididas em turnos 24 horas por dia. A Setran não informou objetivamente a data prevista para a retomada do pleno funcionamento da ponte.

Já a respeito do inquérito policial que investiga as causas do suposto acidente que levou à queda do pilar da ponte, a Polícia Civil do Pará (PCPA) informa que o caso segue em investigação por meio da Delegacia Fluvial. “Laudos periciais foram solicitados a fim de reunir elementos que possibilitem a elucidação do caso”, disse em nota.

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