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Pipeiros defendem a conscientização para o uso seguro de pipas

Corpo de Bombeiros fornece dicas para evitar acidentes

Dilson Pimentel

“Infelizmente, quando chega nessa época do ano, a gente é taxado como o pivô de todos os malefícios da sociedade”, disse Otávio Luís Wanderley Lima,  o “Otávio Pipas”. Dono de uma loja que vende pipas, ele contesta que o uso da linha encerada cause a falta de energia no Pará e de tantos acidentes diferentes. “A temporada de pipa é uma vez por ano. E a falta de energia é constante nos outros 11 meses do ano. Uma linha encerada não corta fio de alta tensão”, afirmou. Ele defende a brincadeira / hobby e ressalta que pode ser segura e estimulada.

Em junho, mais de 1,4 mil quedas de energia elétrica foram ocasionadas pelo mau uso da brincadeira, informou a Equatorial Pará. O número é praticamente metade de todas as ocorrências registradas entre os meses de janeiro e maio. Belém, Santarém e Castanhal contabilizaram os maiores índices. “Nós estamos em julho, mês no qual as brincadeiras tendem a ficar mais intensas. Então, é essencial que as crianças e jovens tenham consciência de empinar pipas o mais afastado possível da fiação elétrica. O ideal é procurar campos abertos para praticar a brincadeira”, alertou o gerente de Operação da empresa, Luís Felipe Leal.

Para conscientizar sobre o uso das pipas perto de fiação elétrica, o projeto “Irradiando Cultura: com pipas e outras artes”, que tem apoio da Equatorial Pará, percorrerá 10 municípios do Pará durante as férias escolares. Segundo Otávio Pipas, em Belém nenhuma pessoa morreu por causa do uso da linha encerada. “O problema está no mau uso dessa linha encerada. E, para isso, a gente tenta conscientizar pra que a molecada não solte pipa onde tem fiação elétrica, onde passam bicicletas, motos, carros,  e em praias e onde tem avenidas”, disse.

 

"A pipa faz o moleque ter a infância dele, aproxima pai e filho”, diz praticante

Otávio acrescentou: “A gente trabalha 12 meses do ano para colher um mês apenas. Com essa repressão policial em cima da linha encerada, a tendência é extinguir a prática. Ninguém quer ser taxado como bandido”.

Há médicos que recomendam empinar pipas para tirar o estresse. “A pipa faz o moleque ter a infância dele, aproxima pai e filho”, disse. “Infelizmente, não tem um político que diz que vai regularizar  a questão da linha com cerol em Belém em determinados locais e determinados comércios vão poder trabalhar com essa linha. Não tem como acabar. O que vai acontecer é virar contravenção, igual o jogo do bicho”, afirmou.

Otávio disse que “pipa é arte, cultura, lazer, entretenimento para muitos. No ano passado, e este ano, durante a pandemia, o que segurou muitas famílias foi a venda e a confecção de pipas e linhas enceradas. Perigoso é, mas só se for usada de maneira inadequada. A saída não é proibir. É conscientizar”.

 

Quando encerada com vidro, a linha transforma-se em um instrumento de enorme poder de corte

O Corpo de Bombeiros explica que, quando encerada com vidro, a linha transforma-se em um instrumento de enorme poder de corte. O contato com a rede elétrica pode ainda provocar curto circuito e até uma descarga elétrica. Uma lei municipal proíbe o uso e comercialização de linhas enceradas.

O capitão Israel Souza, do Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar, disse que a proibição se estende ao cerol e linhas chilenas. "É comum a adição de produtos à base de metais, em especial o alumínio. E, quando ocorre o contato com a rede elétrica, é real a possibilidade de choques, sem falar nos riscos de cortes graves para quem usa e para quem está perto nas ruas", afirmou. A legislação proíbe também a brincadeira em praças, praias e balneários, podendo ser realizada somente em áreas livres. Acidentes devem sempre ser comunicados pelo telefone 193, para atendimento de emergência.

O Parque Zoobotânico Mangal das Garças já recebeu muitas aves que sofreram acidentes com pipas e linhas com cerol. Um dos veterinários do Parque, Camilo González,  disse que os acidentes com aves costumam se tornar frequentes em julho. Um problema de segurança para motociclistas, ciclistas, pedestres e aves em geral.

Camilo diz ser necessário evitar o uso do cerol, uma mistura de cacos de vidro e cola, feita para deixar a linha cortante, o que pode tornar os acidentes ainda mais graves ou até fatais para animais como as aves. O veterinário comenta que, em 2020, o número de animais feridos, por linha de pipas, foi bastante expressivo.

(Participação da estagiária Bruna Ribeiro, sob supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades de O Liberal)

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