Paraense fala sobre preconceito após tatuar corpo e bifurcar a língua: ‘Paraliso com boa educação'
Aline Wayne é mulher preta, mãe solo e tatuadora e afirmou já ter sofrido uma série de preconceito não apenas por ter tatuagem, e sim, por iniciar uma série de modificações no corpo
A modificação corporal - ou conhecida como “body modification'', em inglês' - é uma prática de mudança permanente no corpo que não tenha questões de saúde como causa maior. Nela, se encaixam pessoas que retiram pedaço da orelha, fendam a língua e tatuam os olhos. Mesmo cheio de estigma social e preconceito de alguns, o número de adeptos a essas mudanças corporais mais radicais não para de crescer.
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Há dez anos a tatuadora paraense Aline Wayne iniciou a modificação e não parou mais. Tudo começou aos 13, quando ela decidiu alargar a orelha. Hoje, a belenense possui mais de 40% do corpo tatuado e bifurcou a língua.
“A modificação corporal é a busca constante por estar bem consigo mesmo, a afirmação de ser quem você é, quem você gosta de ser e quem você quer aparentar ser”, afirmou Aline que tem a prática como um estilo de vida e exposição de uma identidade.
Modificação extrema
No início deste ano, Aline decidiu seccionar a ponta da língua, tornando-a semelhante à língua de um réptil. De acordo com ela, ninguém da família se opôs a sua decisão, mas a tatuadora afirmou que teve uma recuperação muito dolorosa por ter feito uma cirurgia invasiva.
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“Passei sete dias em recuperação. De fato, é uma decisão extrema, que não tem volta, mas eu não me arrependo nem um pouco, me adoro assim. Bifurcar a língua mudou a minha vida, meu paladar para a comida. Agora, eu me preocupo muito mais com o que sai da minha boca e com a minha forma de me comunicar”, pontuou.
Preconceito
Aline confessou já ter sofrido uma série de preconceitos e pré julgamentos que não provém apenas do fato dela ter tatuagem, mas por ser “mulher, negra, mãe solteira e mulher que não fica dentro de casa, que saí para conseguir dinheiro”. Uma das maneiras que ela encontrou para combater opiniões negativas é utilizando-se da gentileza - palavra que ela tem tatuada em letras garrafais no corpo.
“As pessoas sempre associam de fato a minha imagem a algo pejorativo, a algo mal, e não é assim. Eu tenho escrito na minha barriga a palavra "gentileza". Eu sou assim . Eu gosto de ser assim. Nem se esforçando para ser desse jeito a gente escapa dessas pessoas que não conseguem ver a felicidade alheia. Gosto de ver as pessoas paralisadas com a minha boa educação”, concluiu.
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