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Pandemia prejudicou bastante o trabalho dos voluntários

Mas, apesar das dificuldades, muita gente se dedica a ajudar o próximo

Dilson Pimentel / O Liberal

O trabalho voluntário foi bastante afetado pela pandemia causada pela covid-19. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD), em 2020, apontou que 6,9 milhões de pessoas realizaram essas ações. Uma queda de 300 mil voluntários em comparação com 2019. Esse resultado, ainda segundo o estudo, deve-se à pandemia. E, neste sábado (28), foi comemorado o Dia Nacional do Voluntariado. Paulo Castro, coordenador do Projeto Coração Vermelho, da Cruz Vermelha Brasileira - Pará, conhece essa nova realidade surgida com a pandemia. “Estávamos prestes a fazer a ação de quatro anos do projeto, em 2020, quando iniciou a pandemia. A partir daí, não conseguimos realizar por quase um ano nenhuma ação por conta da segurança e saúde de nossos voluntários. Voltamos às ruas este ano, em fevereiro”, contou.

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O Projeto Coração Vermelho nasceu em 2016, idealizado por Paulo Castro e construído pelo voluntariado da Cruz Vermelha Brasileira - Pará. E objetiva atender pessoas em situação de rua, levando ajuda humanitária, alimentos, roupas, atendimento de saúde e psicossocial, por meio de parcerias e ajuda do voluntariado do projeto, que, uma vez ao mês, sai às ruas. “Nosso plano futuro é oportunizar para essas pessoas opções para que possam sair das ruas. É uma difí

cil tarefa. Estamos desenvolvendo parcerias e planos para que aconteça”, disse. O projeto começou com quatro voluntários da instituição, que realizaram uma ação piloto para conhecer os pontos de atendimento. Logo, os quatro voluntários se tornaram os coordenadores.

Pandemia prejudicou bastante o trabalho dos voluntários

Por causa de golpes, muitas pessoas desconfiam das ações voluntárias

As principais dificuldades estão na locomoção e segurança do voluntário, motivo de preocupação a todo momento. “Mas temos a questão financeira também que nos preocupa: se vamos ou não conseguir realizar a nossa missão”, disse. “Nesse passar do tempo, percebemos que as pessoas estão mais desconfiadas em relação aos trabalhos voluntários de ajuda imediata, por conta de golpes e outras situações. Encontramos dificuldades muitas vezes em arrecadar as doações necessárias, mesmo usando um símbolo humanitário mundialmente reconhecido que é o da Cruz Vermelha”, disse.

Paulo também disse onde busca energias para seguir nessa missão. “A nossa força vem do olhar humanitário. Infelizmente, esses males que combatemos não diminuem. Ver um ser humano em diversas situações de desigualdade é triste. O olhar se preconceito e outras situações a qual imergirmos na sociedade”, disse.

“Hoje podemos ajudar. Amanhã outra pode nos ajudar. Dificilmente nos colocamos na situação do próximo. E, quando olhamos, estamos vivendo ela. Então a nossa força vem de ver o nosso próximo bem, com alimentos, roupas, atendimentos de saúde ou psicossocial ou até mesmo um abraço, um sorriso que hoje é mais difícil de ver e uma boa conversa”, acrescentou.

“Quase zerou o quadro de voluntários”, diz integrante de grupo que atua no Lixão do Aurá

Sofia Paz integra o Pará Solidário, um grupo organizado da sociedade civil que ajuda a comunidade de catadores do lixão do Aurá e existe desde junho de 2019. Eles começaram ajudando com sopão distribuído às famílias locais semanalmente. Em novembro de 2019, iniciaram um projeto de apadrinhamento, onde todas as crianças apadrinhadas ganham cestas básicas no valor de R$ 150 até R$ 300 dos padrinhos.

Cada criança tem um padrinho responsável pela alimentação, material escolar e outras ajudas quando necessário. “Em janeiro de 2020, foi dado início ao projeto para levar água mineral, porque lá é uma comunidade que não tem saneamento básico, as famílias cadastradas receberam os garrafões e damos o refil juntamente com os padrinhos”, afirmou. Em setembro de 2020, o grupo iniciou a construção de algumas casas na comunidade, para pessoas que viviam em barracos. “Já construímos dez casas. Uma delas está sendo utilizada como escolinha e é o ponto das entregas de cestas básicas. Em janeiro de 2021, foi pensado e concretizado o projeto de Educação, onde as crianças recebem reforço escolar para minimizar a disparidade entre série e conteúdo”, explicou.

Sobre os efeitos da pandemia nesse trabalho, diz Sofia Paz: “Quase zerou o quadro de voluntários. Para dar continuidade, tivemos que fazer um trabalho com a própria comunidade ajudada para que eles iniciarem o trabalho voluntário para atender a si próprio e as pessoas atendidas do bairro”. Sobre as dificuldades para se realizar um trabalho voluntário, ela citou a logística. “Hoje só funciona porque empresas começaram a ajudar com caminhões e carros com motorista e a comunidade que é ajudada se organiza para receber e distribuir”.

Ela explica que, hoje em dia, é mais fácil arrecadar em pontos de arrecadação empresariais ou residenciais as doações que as pessoas mandam. “Ninguém mais sai de casa. Ou manda entregar nos pontos de arrecadação ou empresas que vendem cestas básicas prontas ou, ainda, doam em dinheiro”, afirmou. Ela também comentou onde busca forças para continuar realizando um trabalho voluntário. “Na disponibilidade e força da comunidade assistida. Eles estão ajudando muito. A miséria aumentou demais. Todos os dias recebemos notícias de famílias despejadas. Os vizinhos, a comunidade estão mais unidas e estão trabalhando junto com a nossa Associação e apoio de empresas para receber ajuda, a comunidade começou a trabalhar em conjunto e nos organizamos para não parar”, afirma Sofia.

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