Pacientes do Ophir Loyola reclamam de atraso no abastecimento de remédios
Relatos de pessoas que precisam de tratamento apontam que abastecimento está atrasado há pelo menos dois meses

“Eu já estou tendo dores constantemente. Eu tive um surto de pânico, na quinta-feira passada, devido à falta de medicamentos.” O relato, feito nesta terça-feira (2), é de Joyce Silva, 36 anos, que, assim como outros pacientes do Hospital Ophir Loyola (HOL), estão sofrendo com a falta de medicamentos há pelo menos dois meses. A cada 21 dias, Joyce usa o medicamento Herceptin. Ela tem câncer de mama e faz tratamento de metástase há três anos. Somando o tempo de tratamento de câncer de mama e de câncer de mama metastático são sete anos.
“Quem está sendo prejudicado com essa situação toda somos nós, os pacientes. Eu já estou tendo dores constantemente. Eu tive um surto de pânico. Medo da doença evoluir. Infelizmente, é o Brasil que vivemos”, disse.
Ela contou que a medicação está há mais de dois meses em atraso. “Até agora, o governo estadual e o governo federal não deram reposta de quando vai chegar a medicação. A gente liga para o hospital e eles não sabe se vai chegar ou não”, afirmou. “Tem previsão de chegar no dia 5 desse mês. Mas não tem nada certo. Está atrasando o tratamento de vários pacientes, principalmente os de câncer de mama metastática, que são pacientes paliativos. Isso faz com que a nossa preocupação aumente, da doença mutar para outro órgão”, afirmou.
Mary Melo, 54 anos, é paciente do “Ophir Loyola” desde setembro de 2020. Ela foi diagnosticada com carcinoma grau 3 triplo negativo, um dos cânceres mais graves. Mary tem câncer de mama e precisa do medicamento Doxorrubicina. “A minha medicação (Doxorrubicina) já chegou. Mas ainda tem falta de medicação para outras quimioterapias. Existem dois tipos de quimioterapia: vermelha e a branca. E cada uma tem um protocolo de medicamentos diferentes. A minha é a chamada quimioterapia branca. Vou precisar da quimioterapia branca também. Minha preocupação é quando eu for fazer se vai estar em falta”, disse.
“Já é tão difícil lidar com o câncer... e a preocupação de como será o futuro do tratamento nos traz angústia”, afirmou. Mary também falou sobre a estrutura física do hospital. O HOL atende demanda encaminhada pela rede básica, ambulatorial e hospitalar, de todo o Estado do Pará, destinando 100% de sua capacidade instalada a pacientes do SUS.
Sespa diz repasse é feito pelo Ministério da Saúde
A Redação Integrada de O Liberal entrou em contato com o hospital mas ainda não teve retorno até esta quinta (3). Em nota divulgada esta sexta-feira (4), a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), porém, informou que o fornecimento do medicamento Hercepetin é de responsabilidade do Ministério da Saúde.
"Há quatro meses a Sespa não recebe remessa para atendimento a pacientes oncológicos. Diante da situação, a secretaria decidiu fazer compra direta do medicamento e o processo de aquisição está em andamento", disse o comunicado.
Sobre a Doxorrubicina, a Sespa diz ainda que o hospital Ophir Loyola informou que "está abastecido com o fármaco". A secretaria de saúde disse ainda que o hospital informou que os banheiros estão passando por reforma para melhor atender os pacientes. E também que dispõe de serviço de manutenção predial para realizar a recuperação das áreas conforme a necessidade.
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