Desabamento: 'outros prédios de Belém podem desabar se nada for feito', diz presidente do Crea-PA

Para Adriana Falconeri, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea-PA), existem outros prédios em Belém que estão correndo riscos semelhantes aos do edíficio Cristo Rei.

Igor Wilson
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O desabamento de 13 sacadas do edifício Cristo Rei, no último sábado (13), evidenciou, mais uma vez, o grave problema que a capital paraense enfrenta com alguns prédios e edíficios antigos. As imagens gravadas por câmeras de monitoramento nas proximidades do edifício assustam. Em questão de milésimos de segundos, as estruturas se transformaram em uma grande nuvem de pó. Não houve feridos.

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Para Adriana Falconeri, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea-PA), existem outros prédios em Belém que estão correndo riscos semelhantes aos do edíficio Cristo Rei. A presidente diz que o panorama poderia ser diferente, se existissem leis no Pará que pudessem exigir laudos anuais, que comprovassem a segurança das instalações para moradia e outras atividades.

“A cidade de Belém é muito antiga e ainda tem o agravante de não ter uma lei que obrigue as administradoras a comprovar a segurança das instalações. O Pará é um dos estados que não possui essa lei. Nós, do Crea, estamos tentando articular. Já falamos com parlamentares, reuniremos com o governador Helder Barbalho, justamente para conseguir esse apoio para aprovar na Alepa a lei de Inspeção Predial. Sem essa exigência, ficamos sem subterfúgios para fazer uma fiscalização efetiva. Precisamos dos laudos anuais para saber a vida útil daquele local, o que precisa de manutenção etc”, diz Adriana Falconery.

O último balanço da Defesa Civil de Belém, divulgado em agosto do ano passado, apontou um total de 5.831 famílias tiveram terrenos e imóveis vistoriados pela Comissão de Defesa Civil de Belém no período de janeiro de 2021 a julho de 2022. Só em 2022, até o mês de julho, 1.937 vistorias foram feitas, segundo o relatório. No geral, a maioria das vistorias realizadas é decorrente ao risco de desabamento e rachaduras em imóveis, além de danos sofridos em decorrência de vendavais, alagamentos e incêndios.

Obras na cobertura

Após o incidente, algumas pessoas começaram a especular as prováveis causas do desabamento. Uma das versões compartilhadas nas redes sociais apontava a existência de uma obra para construção de uma piscina na cobertura do edifício, versão descartada por peritos, Crea e Corpo de Bombeiros.

“O que colhemos de informação, por hora, é que existiam algumas reformas e adaptações em apartamentos do 5º pavimento para baixo, mas na cobertura não consta nada. Nossos profissionais subiram no local e constataram que a cobertura foi coberta com uma lona pelo proprietário, para evitar infiltrações. Mas, temos que aguardar a avaliação da Perícia Científica e do Corpo de Bombeiros”, diz a presidente do Crea-PA. Não há previsão para a conclusão das avaliações.

Moradores com acesso restrito

O Corpo de Bombeiros Militar do Pará e a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, após avaliação de risco estrutural emergencial, recomendaram a manutenção da desocupação total da edificação, tendo em vista a necessidade de um diagnóstico de engenharia mais preciso dos efeitos do desabamento parcial das 13 sacadas de concreto do prédio residencial.

“As hipóteses ainda estão sendo levantadas pela Perícia Criminal da Polícia Científica, a qual está atuando de forma integrada e colaborativa com o CBMPA. Os moradores estão autorizados a acessarem os apartamentos, individualmente, acompanhados pela guarnição de socorro, a fim de retirarem os pertences mais importantes, como medicações e documentos”, informou o Corpo de Bombeiros neste domingo (13).

Para a presidente do Crea-PA, o risco de que mais prédios desabem na capital é iminente. “Com certeza existem mais prédios correndo riscos semelhantes, neste momento. Cidade muito antiga, basta ver pelas fachadas, sem regulamentação que faça com que as construtoras garantam a segurança estrutural, ingredientes que infelizmente acabam dessa forma", diz.

"É preciso responsabilidade cautelar, essa lei tem que ser aprovada. Não podemos esperar uma tragédia com mortes para fazer algo de efetivo. Esperamos que esse desabamento do Cristo Rei não seja esquecido rapidamente e que as autoridades façam algo”, complementa Adriana.

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