Obras do Museu da Consciência Negra já começaram em Belém

Exposições artísticas de autores afrodescentes, fotografias que retratam o dia a dia das comunidades quilombolas e ambientes destinados a debates farão parte do Museu da Consciência Negra, que já começou a ser estruturado. O local funcionará onde antes era a Academia Paraense de Letras, no bairro da Cidade Velha, em Belém. A ordem de serviço para a construção do memoprial foi assinada na manhã desta quinta-feira (03), na Igreja de Santo Alexandre, pelo governador do Pará, Helder Barbalho, e visa a criação de políticas de ações afirmativas de combate ao racismo em todo o estado. 

O evento faz parte da série de programações gratuitas para celebrar o mês da Consciência Negra e teve apresentação da Banda Kanda, formada pela Associação de Discentes Quilombolas da Universidade Federal do Pará (UFPA). A expectativa é de que o museu seja entregue em um prazo de 12 meses, a data prevista de inauguração é o dia 20 de novembro de 2023. O espaço funcionará como um ambiente para o debate e educação, não apenas para exposição, e contará com um acervo pensado para a valorização das culturas originárias e ancestrais africanas do Estado. 

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A partir da assinatura da ordem de serviço, as obras começarão efetivamente. O titular da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Bruno Chagas, destacou que a curadoria para as obras que estarão no museu já começou e que a ideia é estabelecer uma parceria para a construção do espaço. “O objetivo é fazer uma parceria com as associações e representações que possam contribuir não somente com o acervo, mas com ideias, e o projeto possa, assim, se estruturar em um grande centro não apenas expositivo, mas de educação, tornando-se uma referência”, destaca. 

O processo para que as obras tivessem início foi longo. O museu será instalado em uma casa tombada pelo Patrimônio Histórico, erigida no século XIX. O acervo que irá compor o conjunto será composto com a colaboração de artistas paraenses afrodescendentes. “O Estado tem mais de 100 mil peças, mas, o objetivo também é construir juntamente com a sociedade civil esse acervo, que não será apenas expositivo, mas de imersão”, completou o titular da Secult.

O governador do Pará, Helder Barbalho, ressaltou que, para além de um espaço físico representativo, é preciso também constituir políticas públicas. “[É um espaço] de história, luta e, acima de tudo, de conquistas que negros e negras do nosso Estado proporcionaram. Mas, é necessário trabalhar para que possamos cada vez mais assegurar políticas de igualdade, inclusão, respeito e reconhecimento”, afirmou. 

Evento teve participação de representantes de movimentos antirracistas

O projeto arquitetônico do Museu da Consciência Negra teve a participação de entidades representativas, como a Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará (Malungu) e o Centro de Estudo e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa). Presente à assinatura da oredem de serviço, Zélia Amador, militante do movimento negro, comemorou a criação do espaço cultural. “O museu é uma política de ação afirmativa de combate ao racismo e ao preconceito. As pessoas precisam entender que enquanto houver racismo na nossa sociedade não haverá democracia”, disse.