O que é a arquitetura Raio-que-o-Parta? Conheça o estilo reconhecido como Patrimônio de Belém

Movimento modernista popular feito com cacos de azulejos agora é Patrimônio Cultural da cidade

Hannah Franco
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Foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal de Belém, na última quarta-feira (16/10), o projeto de lei que reconhece o estilo arquitetônico conhecido como "Raio-que-o-Parta" como Patrimônio Cultural da cidade. Mas afinal, o que é a arquitetura paraense do Raio-que-o-Parta?

⚡ Embora o nome possa parecer um simples xingamento do vocabulário popular paraense, o "Raio-que-o-Parta" é muito mais do que isso: trata-se de um verdadeiro movimento modernista popular que transformou fachadas de casas em obras de arte nas periferias e bairros operários de Belém, como a Pedreira, Guamá e Terra Firme. 

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O que é a arquitetura Raio-que-o-Parta?

A arquitetura Raio-que-o-Parta é um estilo estético popular que surgiu entre as décadas de 1940 e 1960 em Belém do Pará. Sua principal característica é o uso criativo de cacos de azulejos coloridos, aplicados de forma artesanal nas fachadas das casas, principalmente nas platibandas, que são faixas que ficam no topo das paredes, cobrindo o telhado.

Com composições geométricas, símbolos religiosos, formas de animais e até elementos abstratos, o estilo mistura arte, identidade cultural e resistência popular. Ele é considerado uma manifestação do modernismo popular paraense.

image Raio-que-o-Parta: conheça o movimento arquitetônico popular do Pará. (Instagram/@rederaioqueoparta)

Origem do estilo Raio-que-o-Parta em Belém

Durante o auge do modernismo no Brasil, artistas como Athos Bulcão, Cândido Portinari e Burle Marx popularizaram o uso de painéis de azulejo em obras arquitetônicas. No Pará, o movimento chegou adaptado à realidade local. Arquitetos como Ruy Meira e Alcyr Meira trouxeram o uso de azulejos e cacos para murais e fachadas.

O nome “Raio-que-o-Parta”, além da gíria paraense, representa uma espécie de protesto visual, criado por famílias das classes trabalhadoras que, sem acesso a arquitetos ou materiais caros, deram seu próprio jeito de "entrar na modernidade". Muitas vezes, usavam cacos de azulejos quebrados durante o transporte na antiga estrada Belém-Brasília, adquiridos a baixo custo para embelezar suas casas com um toque moderno.

Preservação e reconhecimento

O reconhecimento da arquitetura Raio-que-o-Parta como Patrimônio Cultural de Belém é resultado de uma crescente mobilização para proteger esse estilo, que nos últimos anos vem sendo ameaçado por reformas que substituem os azulejos por pinturas comuns ou descaracterizam completamente as fachadas.

Em 2020, as jovens arquitetas paraenses, Elis Almeida, Elisa Malcher e Gabrielle Arnour, criaram a Rede Raio-que-o-Parta, um projeto de mapeamento e preservação das casas com o estilo espalhadas por Belém.

O projeto ganhou força através do perfil no Instagram @rederaioqueoparta, que já conta com mais de 10 mil seguidores e reúne um acervo colaborativo com fotos, vídeos e produções artísticas inspiradas nas fachadas. A iniciativa busca registrar, divulgar e valorizar o movimento, além de promover oficinas e formações sobre o estilo.

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