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Sem isolamento, coronavírus pode contaminar mais da metade da RMB, dizem pesquisadores

Grupo de pesquisa do qual a UFPA faz parte projeta números preocupantes caso isolamento social não seja respeitado

Eduardo Rocha
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Em 30 dias, se não for adotado maior rigor com relação à estratégia de isolamento social como prevenção à covid-19, mais da metade da população da Região Metropolitana de Belém (RMB) poderá se contaminar com o novo coronavírus. O alerta foi dado pelo professor e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Renato Francês, doutor em Ciência da Computação, que integra um grupo  de docentes de instituições de ensino e pesquisa no Brasil, responsável por um estudo inovador, surgido na UFPA, sobre a disseminação da COVID-19 em países do Terceiro Mundo.

Segundo Francês, a Grande Belém pode apresentar um quadro de 1 milhão e 600 mil pessoas contaminadas pelo novo coronavírus, entre assintomáticos ( que não sabem que têm a doença e transmitem o vírus em menor escala) e os sintomáticos (com sintomas da enfermidade). 

O modelo que os pesquisadores trabalham surgiu a partir do cruzamento dos modelos matemáticos tradicionais e uma nova sistemática criada pelo conjunto de pesquisadores no Brasil para análise da doença em países com cenários semelhantes, como Brasil, Índia e África.

O novo modelo foca em aspectos que não costumam ser considerados nos modelos em prática, como a desigualdade social, falta de saneamento, falta de acesso à água potável, casas com poucos cômodos e domicílios superlotados e baixa renda familiar.

Leitos

A rede hospitalar pública e privada na Grande Belém (seis municípios) contabiliza 4mil e 200  leitos em geral, de acordo com pesquisa do grupo de professores. Somente para casos graves da Covid-19 na RMB seriam necessários 44 mil leitos,  ou seja, dez vezes mais que a quantidade disponível hoje para casos de doenças diversas e não só a do coronavírus. “A única opção que temos é o isolamento social”, enfatiza Renato Francês. Ele argumenta que o mundo atual é todo interligado, diferente dos cenários em outros momentos da história, e que o novo coronavírus mostra-se como altamente transmissível entre as pessoas.

O projeto conta com a participação dos pesquisadores Renato Francês, Marcelino Silva, Evelin Cardoso e Frederico Santana, todos do Laboratório de Tecnologias Sociais, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE), da UFPA. Além da UFPA, participam pesquisadores da USP (André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho e Vinicius Molina Garcia), do INPE (Solon Carvalho) e da Unifesp (Nandamudi Lankalapalli Vijaykumar).

Antes da covid-19 tornar-se uma pandemia, grupos de estudo no mundo começaram a aprofundar análises sobre os impactos do novo coronavírus, como o Imperial College, de Londres. Essa instituição fez com que  o isolamento social fosse rigoroso na Inglaterra. Os pesquisadores brasileiros observaram que esse modelo de análise considerando, do ponto de vista da demografia, apenas o tamanho da população e dados da doença, não funcionaria no Brasil. “O chinês, com um povo bem populoso, não tem o costume de se abraçar, por exemplo, como o latino tem”, observa Francês.

O cruzamento de variáveis dos modelos tradicionais com aspectos da realidade brasileira (desigualdade, renda, saneamento e outros) acabou gerando um estudo específico para cidades do Brasil. Por exemplo, os pesquisadores no Brasil, a partir de dados do IBGE, verificaram que 11% da dos 2 milhões e 200 mil habitantes da RMB não conseguem sequer se isolar em domicílio. Não dispõem de outro cômodo em casa para o isolamento em caso de alguém contaminado na moradia. “Mais de 50% da população do País não têm acesso à água potável e 60% não tem serviço de esgoto”, ressalta Renato Francês.
O modelo de pesquisa dos professores brasileiros é repassado para São Paulo e outras cidades do País e serve como referência para outros países do Terceiro Mundo.

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