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Nome da travessa 14 de Março lembra imperatriz 'Mãe dos Brasileiros'; ouça

Data é aniversário da princesa Thereza Cristina, esposa de dom Pedro II. Casal visitou a capital paraense em 4 de abril de 1876

Eduardo Rocha
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A data 14 de março é muito citada pelos belenenses, porque corresponde a uma das principais travessas no centro de Belém. Mas por que essa via recebeu o nome de travessa 14 de março? Foi porque neste dia e mês, em 1822, nasceu Thereza Christina, princesa do Reino das Duas Sicílias, no Palácio Real, Nápoles (Itália), Duas Sicílias. Ela foi esposa de dom Pedro II e morreu, no Porto, em 28 de dezembro de 1889. Mas antes disso, a Cidade das Mangueiras chegou a ser visitada pelo casal imperial, em 1876

Thereza Christina foi imperatriz consorte do Império do Brasil, com reinado de 30 de maio de 1843 a 15 de novembro de 1889. Ela era filha do rei Francisco I, no ramo italiano da Casa de Bourbon, e de sua esposa, a infanta Maria Isabel da Espanha. Ela e dom Pedro II estiveram em Belém, como destaca o historiador da UFPA e do CNPq, Aldrin Figueiredo, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Pará.

Thereza Christina casou por procuração com dom Pedro II em 1842. No encontro, ambos estavam muito nervosos, e dom Pedro, ansioso, chegou a abraçá-la. Ela contribuiu com a imigração de italianos para o Brasil e também chegou a patrocinar estudos arqueológicos na Itália.

A imperatriz era amorosa e simples. O casal Thereza Christina e Pedro teve quatro filhos, dos quais dois morreram ainda meninos e uma filha faleceu, aos 24 anos, de febre tifóide. A família imperial foi exilada, depois da Proclamação da República, fazendo com que Thereza Christina ficasse enferma. Ela morreria tempos depois, em virtude de uma paragem cardiorespiratória em 28 de dezembro de 1889, em Portugal. Foi reconhecida em vida e depois de morta e saudada como patrocinadora da cultura brasileira e lembrada pela prática da caridade. Ouça o relato de Aldrin Figueiredo: 

 

Família real em Belém


Aldrin Figueiredo conta que a rua Generalíssimo Deodoro, e Belém, era antes chamada de 2 de Dezembro, correspondendo ao aniversário de dom Pedro II. "Com a República, foi mudado o nome de 2 de Dezembro para Generalíssimo, figura importante do projeto republicano, o próprio proclamador da República, mas a 14 de Março não mudou, porque justamente a imagem da Thereza Christina como "Mãe dos Brasileiros" permaneceu ainda, no começo da República, muito forte, e os republicanos não tiveram força para mudar", revela.

O historiador relata que a família imperial esteve em Belém em 1876. "Pedro II tinha planos de conhecer Belém por muitas razões – do viajante ao cientista, mas principalmente por razões de chefe de Estado. Lembre-se que desde a época de seu pai, Pedro I, o título nobiliárquico de “príncipe do Grão-Pará” era reservado ao segundo na linha de sucessão ao trono dos Bragança. O título fazia referência à então maior província do Império brasileiro, o Grão-Pará. Mais do que isso, contudo, o título simbolizava a integridade do Império, que compreendia em sua totalidade os antigos Estado do Brasil e Estado do Maranhão, posteriormente denominado Estado do Grão-Pará. Esse é um tema importante nas simbologias da nação e a viagem às terras da Amazônia fazia parte desse encontro com a “pátria” verde. No entanto, a viagem foi ficando pra trás. Em 1866, com a abertura do Amazonas à navegação estrangeira, o assunto veio de novo à baila". Mas, por causa de problemas de saúde de Dona Thereza Christina, o casal imperial não veio. Enorme frustração causou na cidade e toda a festa montada foi desmontada.

image Aldrin Figueiredo, professor doutor de História da UFPA: visita imperial a Belém (Fábio Costa / arquivo)

Porém, 10 anos depois, como revela Aldrin Figueiredo, a caminho dos Estados Unidos, a bordo do vapor Helvetius, no dia 4 de abril de 1876, às 18h, os imperadores entraram na baía do Guajará. "Como que por vingança, um forte aguaceiro, chuva daquelas, impediu que o navio atracasse. A cidade, uma milha distante, apesar do temporal, era vista toda iluminada. No dia seguinte, bem cedo, às 5.30 (isso é hora de visita?), Pedro II e Thereza Christina pisam no porto", acrescenta.

"Tudo que fora desmontado há 10 anos foi novamente posto em pé. Fidanza fotografou. Muitas dessas fotografias que ficaram em coleções particulares foram destruídas na sanha republicana de 1889. A gente sabe bem o que é isso! Porém ficaram muitos relatos, fragmentos dessa história, registros de toda ordem. Lojas se preparam para vender as modas próprias para o evento", conta o historiador.

Os registros mostram que o poder público mandou limpar a cidade e recolher os animais que perambulavam pelas ruas. Os comerciantes presentearam o imperador com uma obra de Righini. Houve ainda um passeio pela Estrada de São José - toda ladeada de palmeiras imperiais, ali plantadas em 1841 em honra à aclamação do imperador.

"Mostraram toda a 'Cidade Imperial': a Estrada da Constituição (atual Gentil Bittencourt) nomeada em homenagem à Constituição de 1824, a Rua da Imperatriz (atual 15 de novembro) em homenagem à dona Thereza Christina, as ruas da Glória e do Príncipe em homenagem à sua irmã, dona Maria da Glória, e a ele mesmo quando criança; e também a 2 de dezembro (atual Generalíssimo Deodoro) em homenagem ao seu aniversário; a 14 de Março e a Dom Pedro em homenagem ao primeiro imperador do Brasil", acrescenta o historiador. "E assim o Imperador passou somente um dia alegre na cidade que jamais esqueceria".

 

 

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