Na Grande Belém, moradores recorrem a bandidos para combater crimes na área

Facções criminosas se aproximam da população e oferecem falsa sensação de segurança

O Liberal
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No bairro de Águas Lindas, em Ananindeua, na região metropolitana de Belém, uma jovem teve o celular roubado e pediu ajuda para um traficante da área, para quem passou as características físicas do autor do crime. O bandido acionou outro traficante, este com atuação no Aurá, também em Ananindeua.Meia hora depois, o acusado foi capturado pelos criminosos. “Onde você quer que a gente atire nele?”, perguntou o traficante. Revoltada com a ação de que fora vítima, a jovem respondeu: “Na cara”.

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image Facções criminosas, PCC e CV, disputam espaço no Pará
Na busca por controle da “rota do tráfico”, áreas mais visadas são Altamira, Barcarena, Itaituba, Belém, Cametá, Abaetetuba, Santarém e Marabá. Estudo foi feito pela Uepa, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública

O acusado foi baleado na mão, para não roubar mais naquela área. O relato foi obtido pelo professor doutor Aiala Colares Couto, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), e mostra a convivência entre moradores e integrantes de facções criminosas. E foi conseguido durante a realização de uma pesquisa coordenada por Aiala Colares Couto e feita em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No Pará, facções criminosas se enfrentam pelo domínio de territórios. A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) informou que atualiza constantemente as estratégias de combate a esses grupos criminosos.

O estudo indica a expansão e a tentativa de estabelecer laços e fidelidade com a população, sobretudo em áreas mais pobres. Essas facções, em contato com grupos criminosos menores locais, criaram células que expandiram as áreas de atuação. O Comando Vermelho, com origem no Rio de Janeiro, tem mais células presentes na Região Metropolitana de Belém.

Já o Primeiro Comando da Capital (PCC), vindo de São Paulo, se encontra em municípios do interior. Altamira, Barcarena, Itaituba, Belém, Cametá, Abaetetuba, Santarém e Marabá e que, devido às posições geográficas estratégicas para rotas nacionais e internacionais de negócios ilegais, são as áreas mais disputadas.

O pesquisador ressalta que a Amazônia ainda desenvolve um papel crucial para a dinâmica do narcotráfico global, sobretudo quando a referência é o tráfico de cocaína. É uma área de trânsito e tem rotas obrigatórias que integram as várias redes que abastecem o mercado da droga tanto em nível regional, quanto em nível mundial, considerando o mercado africano e europeu. “Nossa proximidade geográfica em relação à Bolívia, Colômbia e Peru, que são países produtores de drogas, coloca nossas fronteiras em contato direto com as articulações do crime organizado”, explicou Aiala.

Relatório de 2021 apresentado pelo Escritório das Nações Unidas Sobre Crimes Globais da ONU (ONUDC), sobre o tráfico de drogas, apontou o Brasil como o segundo maior mercado consumidor de cocaína do planeta, ficando atrás dos Estados Unidos.

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