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Mulheres reivindicam o direito de ir e vir livres de assédio nas ruas de Belém

Movimento "Me deixa treinar em paz" pede respeito às mulheres e denúncia contra assediadores

Valéria Nascimento
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Não se calem, denunciem, anotem a placa do carro, filmem a cara do assediador, visualizem o local e percebam se o assédio é recorrente. As recomendações são da professora de Educação Física, Elina Fadel, uma das idealizadoras do movimento "Me deixa treinar em paz", criado na pandemia da covid-19, com a alta dos casos no ano passado que impedia as mulheres de praticar atividades físicas ao ar livre nas ruas de Belém. Nesta terça-feira (28), as integrantes do movimento repercutiram o caso da jovem que foi derrubada enquanto andava de bicicleta no centro da cidade de Palmas, no estado do Tocantins, vítima de assédio sexual.

Em entrevista à jornalista Gisa Smith, do portal OLiberal.com, a professora Elina Fadel fez relatos de casos de importunação sexual frequentes, na capital paraense."Tem desde os mais simples aos mais constrangedores, a exemplo de buzinadas às falas com palavras de baixo calão e até meter a mão nas mulheres", afirmou a professora à jornalista.

Ela contou que em uma única semana, duas mulheres sofreram importunação sexual. Uma na terça e outra na quinta-feira na avenida João Paulo II. Nos dois casos, as mulheres andavam de bicicleta e o assediador foram homens em motos. "Ele meteu a mão nas meninas, pegou na bunda delas. Eu ando muito atenta e acredito que já escapei de um assédio desse tipo porque o motoqueiro veio muito perto, mas eu consegui desviar e ele não retornou mais", contou a educadora física.

Também há o relato de uma jovem que estava correndo e um homem passou no carro, baixou o vidro da janela e do carro começou a falar palavrões, imoralidades, coisas obscenas. Uma viatura da polícia militar estava próxima, a moça denunciou o motorista do carro e a polícia parou o veículo. A professora Elina contou que esse caso foi parar na Delegacia da Mulher, mas ela não soube se houve resultado prático contra o assediador.

A professora informou que na conta do movimento "Me deixa treinar em paz" as mulheres vítimas de assédios e importunações durante atividades físicas, se apoiam umas às outras. O movimento também tem canal direto com a Delegacia da Mulher, em Belém.

"Para polícia é meio difícil se não há denúncia, então o que eu tenho a dizer para as meninas, para as mulheres, é não se calem, denunciem. Juntem as amigas, conversem com os homens da família. Homens, na dúvida, não mexam, protejam. Quem estiver interessado pode participar do nosso movimento. Acesse a página no Instagram  'Me deixa treinar em paz'. Também quero enfatizar que nem todos os homens são capazes de atos desse tipo. A gente tem o apoio de homens que aderiram ao nosso movimento, inclusive eles compram a camisa. A camisa masculina tem a frase "Não mexa com ela" e a camisa feminina, "Me deixa treinar em paz".

ASSÉDIO NA AVENIDA DUQUE DE CAXIAS

Em junho de 2021, a acadêmica do último semestre do curso de educação física da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Maria Luiza Rodrigues Aguiar, de 23 anos, voltava do estágio em uma academia na travessa Estrela, no bairro do Marco, em Belém, por volta das 21h30, quando foi assediada por um homem numa bicicleta.

"Eu dou aulas como personal de musculação e voltava andando da academia na Duque de Caxias, como fazia sempre, o cara passou na bike e deu um tapa na minha bunda. Na hora, me senti muito mal, eu nem entendi o que estava acontecendo. Eu sempre achei que, numa situação dessa, eu reagiria. Eu pensava assim se acontecer comigo eu vou dar um soco. Vou reagir, mas eu fiquei muito mal, muito para baixo e comecei a pensar que a culpa era minha", recordou Maria Luíza, na noite desta terça-feira (28).

Ela acrescentou que deixou de andar a pé em Belém por não se sentir segura. "Queria dizer que eu me sentia muito feliz com o meu corpo, minha autoestima estava ótima, hoje em dia, eu acabo me escondendo mais, usando roupas que cobrem partes chamativas, só por conta do medo de que situações assim ocorram novamente", disse Maria Luíza.

NÚMEROS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), de janeiro a junho de 2021, 6.706 mulheres registraram ocorrências de algum tipo de violência; em 2020, no mesmo período, foram 5.983 registros, um aumento de 12% no número de registros.

A Prefeitura de Belém lançou o programa SOS Manas que conta com uma rede de estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes, salões de beleza, supermercados, farmácias, lojas, entre outros locais, para reforçar a rede de apoio às mulheres, na capital paraense.

Ao chegar em um dos locais parceiros, a vítima deve mostrar um x na palma da mão, a letra pode ser de qualquer cor. A prefeitura entende que essa é uma forma silenciosa de pedir ajuda diante do medo. O funcionário do estabelecimento, já orientado, acionará os órgãos de Segurança Pública. 

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