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Mosqueiro: ilha tem pelo menos quatro pontos críticos de erosão costeira; moradores são prejudicados

A situação é agravada nesse período do ano por causa das fortes chuvas e das marés altas

Dilson Pimentel

Distrito administrativo de Belém, a ilha de Mosqueiro tem pelo menos quatro pontos críticos de erosão costeira: nas praias do Marahu, Paraíso, do Bispo e Grande. A situação é agravada nesse período do ano por causa das fortes chuvas e das marés altas.

Na manhã desta quarta-feira (22), um trecho da avenida Beira-Mar, na praia do Marahu, ficou submerso. A maré enche durante seis horas e leva outras seis horas para secar. Nesse intervalo de tempo, e durante duas horas, a rua fica alagada. Se alguém, durante essas duas horas, passar mal, não há como receber atendimento médico.

É que não há como sair ou entrar nessa área, onde residem muitas famílias. “Essa rua é o único acesso para as famílias que moram aqui. No auge da maré alta, a gente não consegue nem caminhar por aqui”, contou Fabrício Lima, por volta das 11h30.

Ele é comerciante e, com sua família, tem um restaurante naquela avenida há mais de 30 anos. Morador daquela área, Fabrício disse que a maré alta causa diversos transtornos. “Tenho 41 anos. E, desde que me entendo por gente, a maré vem sempre avançando. Chegamos no limite do recuo. Não temos mais como recuar. A tendência é a maré avançar”, disse.

Para tentar amenizar os efeitos das águas, ele colocou sacos de areia na entrada do restaurante. Mais conhecido como Manduka, contou que a maré foi mais alta na noite de terça-feira (21), quando, por volta das 22 horas, alcançou quatro metros de altura.

image A comerciante Heloísa Ribeiro, 57 anos, teve seu restaurante atingido pela maré alta, na praia do Paraíso: “E, agora, como fica a nossa situação? A gente vive disso. A maré levou nossos jogos de mesa" (Igor Mota/O Liberal)

“E, agora, como fica a nossa situação?”, pergunta comerciante

A força das águas também causou danos na praia do Paraíso. A maré derrubou parte da estrutura de um restaurante. Para evitar mais prejuízos, as donas retiraram o piso do estabelecimento, de onde tiraram todas as mercadorias. O prejuízo é grande: os cinco funcionários estão sem trabalhar, porque, por enquanto, o restaurante está fechado.

“Para não derrubar tudo, tivemos que tirar o piso ontem (terça-feira, 21) à noite, quando a maré deu muito forte. Fizemos isso para não comprometer toda a estrutura do restaurante”, disse Heloísa Ribeiro, 57, dona deste restaurante há três anos. “E, agora, como fica a nossa situação? Quem vai nos ajudar? A gente vive disso. A maré levou nossos jogos de mesa. Como vamos ficar?”, perguntou.

Em outra área crítica, a erosão derrubou parte da rua Nossa Senhora do Ó, na praia do Bispo. Segundo moradores da área, esse problema começou há um ano e dois meses. Estruturas de concreto foram colocadas na rua, para evitar a passagem dos veículos.

Há um restaurante naquela área cujo piso já rachou. Durante a semana, o estabelecimento não funciona, pois o dono não tem como arcar com os custos, já que os clientes não têm como chegar ao local. Ele abre aos domingos, quando o movimento melhora um pouco, uma vez que o restaurante é frequentado por quem o conhece e sabe como chegar até o estabelecimento. Passado um ano, a rua continua interditada e, até agora, o problema não foi resolvido.

image Erosão na rua Nossa Senhora do Ó, na área da praia do Bispo, destruiu parte da pista (Igor Mota/O Liberal)

Prefeitura de Belém diz que intensificou vistorias em Mosqueiro

A Prefeitura de Belém informou que intensificou as ações de vistoria, em Mosqueiro, para criar projetos de contenção ou muros de arrimo nas áreas de erosão costeira da ilha. A série de estudos iniciou em 2021 e segue neste primeiro trimestre do ano, período mais rigoroso do chamado inverno amazônico, caracterizado por chuvas, ventos e marés altas.

Na terça-feira (21), a comissão formada pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), Defesa Civil de Belém, Agência Distrital de Mosqueiro (Admos) e Serviço de Geologia do Brasil visitou as áreas do Marahu e Paraíso.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Geologia do Brasil (CPRM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, os estudos servem para diagnosticar as áreas de risco e, consequentemente, oferecer conteúdo robusto à elaboração de projetos que visam a dar segurança aos moradores locais, seja por transferência da moradia, ou pela construção de muros de arrimo nas zonas com maior incidência da erosão costeira.

“A prefeitura de Belém está atenta e vem desempenhando seu papel no trabalho preventivo e também de garantir às pessoas que elas não estão sozinhas", disse o coordenador operacional da Defesa Civil de Belém, Claudionor Corrêa.

image Maré alta na praia do Marahu, na ilha de Mosqueiro: ponto crítico de erosão costeira (Igor Mota/O Liberal)

Na região da praia do Marahu, a erosão costeira se estende por mais de 800 metros

Segundo ele, o trabalho nas ilhas de Mosqueiro, Outeiro e Cotijuba avançou nos últimos dois anos. “Nós esperamos que, num período breve de tempo, o mapeamento das áreas atingidas pela erosão costeira esteja concluído para a criação de projeto de construção de muros de arrimo”, disse.

O engenheiro civil Alcides Neto, diretor da Assessoria Técnica da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), informou que, na região da praia do Marahu, a erosão costeira se estende por mais de 800 metros e com altura acima de cinco metros. “A ideia aqui é fazer o georreferenciamento da área para elaboração de projetos de muros de arrimo”, afirmou.

Sobre os quatro pontos críticos de erosão costeira – as praias do Bispo, Praia Grande, Marahu e Paraíso -, Claudionor Corrêa, da Defesa Civil de Belém, disse que são áreas que requerem atenção especial. Por isso, a Prefeitura de Belém, por meio da Seurb, Admos, Defesa Civil e Serviço de Geologia do Brasil, intensifica as vistorias, objetivando encontrar soluções que reduzam os impactos sociais e econômicos na vida dos moradores.

 

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