Moradores do conjunto Maguari se queixam da demora dos ônibus que circulam pelo local
População chega a esperar mais de uma hora nos pontos de ônibus
Moradores do conjunto Maguari, no bairro do Coqueiro, em Belém, se queixam, há anos, da precariedade dos serviços prestados pelo transporte público que circula pela localidade. De acordo com a população, a quantidade de ônibus é insuficiente para atender toda a demanda do bairro e, por conta disso, realizar tarefas simples do dia a dia como ir ao trabalho, à escola ou executar outras atividades acaba virando um tormento cotidiano, já que os passageiros levam horas para conseguir pegar um ônibus. Nas paradas, a insatisfação entre os usuários de transporte coletivo é unânime.
Nesta quarta-feira, 27, a equipe de reportagem do jornal O Liberal esteve em alguns pontos de ônibus do conjunto Maguari para verificar a denúncia dos moradores. Num dos locais, a equipe ficou mais de 40 minutos aguardando a chegada do transporte coletivo e, segundo os usuários que já estavam na parada anteriormente, já fazia quase uma hora que nem um ônibus passava. Isto é, o primeiro veículo que surgiu na parada de ônibus da via principal do conjunto Maguari levou pelo menos 1h30 para chegar.
Segundo os moradores do local, é comum, por exemplo, ficar mais de uma hora ou até duas aguardando a chegada de um ônibus. Muitos moradores, cansados de esperar ou atrasados, acabam adotando outras medidas para tentar chegar mais rapidamente aos destinos, como utilização de mototáxis e vans. Os transportes alternativos acabam despontando, então, como solução para um problema já crônico no bairro, mas também geram mais custos à população que precisa pegar cada vez mais veículos para se locomover todos os dias.
Comerciante e moradora do bairro, Claudineia Caldas, de 58 anos, disse que já deixou de sair de casa por conta da demora dos ônibus do conjunto Maguari. "A gente fica aqui por horas esperando. E na pandemia parece que piorou, parece que tem ainda menos ônibus para toda essa população. Tem gente que já nem espera, pega um mototaxi e vai lá para cima pegar ônibus mais para frente porque não aguenta mais esperar ou porque vai se atrasar. Todos os ônibus daqui demoram muito. Na minha casa tem carro, mas quem dirige é meu marido e meus dois filhos, eu não sei dirigir. Às vezes não tem ninguém em casa e eu tenho que sair de ônibus, é sempre um sofrimento, uma tortura. Eu até evito sair quando preciso pegar ônibus", lamentou.
Revoltado, o aposentado Ricardo Galvão, de 69 anos, esperava a chegada de um ônibus, na tarde desta quarta-feira, por quase duas horas, segundo contou. "Dá vontade de quebrar tudo, é uma indignação muito grande. Sempre foi assim, um serviço horrível e desrespeitoso com os usuários", reclamou.
Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou, por meio da nota, que tem programada uma operação de fiscalização ainda esta semana na empresa que opera linhas que atendem ao conjunto Maguari.
"Durante o período de pandemia não houve determinação para redução de frota, mas isso naturalmente ocorreu diante da queda drástica no número de passageiros desde os primeiros meses de 2020. No auge da crise sanitária em Belém, quando houve lockdown, em maio, a frota de ônibus municipal chegou a operar com 50% de sua capacidade, para atender a uma demanda de passageiros que caiu para cerca de 30%. Atualmente as empresas operam com cerca de 80% de sua frota, o que atenderia à demanda de usuários, que em dezembro de 2020, o mês consolidado mais recente, ficou com média de 696 mil, abaixo do 1 milhão que utilizava o transporte público na capital antes da pandemia", explicou a Semob.
O órgão destacou também que tem feito fiscalizações em especial nos finais de linha para garantir que a oferta esteja adequada e "se comprovado que o serviço ofertado ao conjunto Maguari está abaixo do determinado pelo órgão a empresa será autuada, o que pode resultar desde a advertência à multa, com o pronto restabelecimento da oferta necessária a atender à população", completou.
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