Moradores denunciam que trânsito de veículos pesados deterioram imóveis no Centro Histórico
Duas casas caíram devido tanta trepidação, na rua Doutor Malcher. Trânsito de determinados veículos deveria ser limitado, ressalta uma moradora.

Há nove anos, desde o primeiro semestre de 2012, o conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico dos bairros da Cidade Velha e Campina, em Belém, capital paraense, foram oficialmente tombados pelo Ministério da Cultura. Porém, segundo moradores do Centro Histórico de Belém, os espaços vêm sendo prejudicados e deteriorados devido constante circulação de carretas e outros tipos de veículos pesados. A movimentação ocorre durante todos os dias da semana e, principalmente, às segundas-feiras. A maioria dos veículos transportam materiais de construção, em especial azulejos, para lojas do Comércio.
“Os veículos são de diversos tamanhos, tem até carreta com 30 pneus, com pesos enormes, que circulam e descarregam aqui. Eles descarregam mercadorias para as lojas da Cidade Velha, principalmente materiais de construção. Quando eles passam, trepidam muitas casas, que são de pedras e não de cimento armado”, reclama Dulce Rosa Roque, que mora há 72 anos na Cidade Velha.
Ainda segundo ela, há 15 dias, duas casas caíram devido tanta trepidação, na rua Doutor Malcher com a travessa Capitão Pedro Albuquerque. Além disso, é possível observar várias casas na rua Doutor Assis e na rua Siqueira Mendes com rachaduras. “Tudo isso é consequência da trepidação ocasionada pelo trânsito”, afirma.
Devido à poluição sonora, Dulce Roque frisa que as carretas são proibidas de circularem pela área. “Por isso, a Prefeitura de Belém criou corredores para circulação. Em frente ao Palácio Velho, na rua Doutor Assis com a travessa Dom Bosco, eles chegam logo às 7h para descarregar os materiais e, após 12h, vão embora”, conta.
Praça do Relógio já está danificada
Até mesmo a Praça Siqueira Campos, popularmente conhecida como “Praça do Relógio”, reinaugurada no ano passado, é também alvo da circulação de veículos pesados. O calçadão da praça apresenta diversos buracos e espaços sem as pedras portuguesas devido os veículos ficarem estacionados até em cima da calçada.
Somente após a deterioração da calçada, barreiras em concreto foram colocadas para evitar com que os veículos fiquem estacionados no local. A praça fica no meio do caminho entre o Mercado do Ver-o-Peso e o Forte do Presépio, no bairro da Campina, no centro de Belém, às margens da Baía do Guajará.
A moradora, que fundou a Associação CiVViva - Cidade Velha-Cidade Viva, em 2006, critica ainda que, embora haja a Lei do Tombamento dos bairros da Cidade Velha e Campina, há nove anos, nenhuma lei modificou, de fato, essa realidade e no espaço “as carretas fazem o que bem entendem”.
Para denunciar e também defender o patrimônio histórico de Belém de diversos problemas, principalmente das trepidações, na Cidade Velha, a moradora Dulce Rosa Roque, que é economista, criou dois blogs Laboratório de Democracia Urbana “Cidade velha-cidade viva” e CiVViva - Cidade Velha-Cidade Viva.
Em nota, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou que "...mantém rondas nos principais corredores dispostos do Decreto Nº 66.368, de 31 de março de 2011, que estabelece horários de entrada e circulação de veículos rodoviários de carga no perímetro urbano do Município de Belém, e dá outras providências. A Semob explica que no trecho da rua Dr. Malcher com a travessa Cap. Pedro Albuquerque não é proibida a circulação de ônibus ou caminhões, de acordo com o Decreto Nº 66.368. A Semob informa ainda que a carga e descarga é fiscalizada e, se for efetuado flagrante, o veículo é autuado".
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