Mingau atrai paraenses unindo sabor marcante e memória afetiva em junho; veja como incluir na dieta
O alimento da quadra junina é mais uma opção típica em estabelecimentos, em Belém.
Entre muitos elementos tradicionais das celebrações juninas, o mingau se tornou indispensável em grandes festas, estabelecimentos e eventos familiares. Com vários sabores diferentes – seja mingau de milho, aveia, tapioca ou arroz – essa iguaria típica é recheada de afeto e está na memória dos paraenses, além de carregar um bom valor nutricional que pode entrar até na dieta de quem deseja perder peso.
O consumo de mingau em junho é característico de muitas famílias paraenses, se tornando um elemento central para confraternizações. A estudante Amanda Cordeiro relata que tomar mingau é uma viagem ao passado, diretamente para um momento afetivo com os familiares.
“Na minha família, costumávamos ir para Igarapé-Açu. Fazíamos uma roda, fogueira e uma grande panela de mingau para juntar todo mundo à noite e conversar, vendo a fogueira queimar. Essa era a nossa representatividade de São João”, relata a estudante.
Enquanto Amanda Cordeiro tem como favorito o mingau de milho, a professora aposentada Raimunda Lima não tem preferência – ela adora todos igualmente. “Eu amo mingau, todos os tipos de mingau: de milho, de arroz, de farinha. Já fiz até um, agora, em casa”, enumera.
O amor pelo mingau durante o mês de junho faz com que estabelecimentos adicionem o prato típico ao cardápio. “Todo ano temos o costume de acrescentar essa iguaria paraense ao cardápio por causa dessa época junina, mês das quadrilhas. Sai bastante, porque é muito procurado”, explica Geandrea Ferreira dos Santos, atendente de um estabelecimento localizado no bairro do Marco, em Belém.
Acompanhamentos
O mingau é geralmente consumido com acompanhamentos marcantes que elevam o sabor e o cheiro da iguaria. A estudante Amanda Cordeiro gosta de adicionar leite condensado e canela, por exemplo. Já Raimunda Lima, por conta da intolerância à lactose, precisa tomar cuidados extras – mesmo assim não abre mão dos acompanhamentos. “Eu coloco canela, leite condensado, creme de leite, mas tudo sem lactose”, conta.
Consumo ao longo do ano
Por mais que seja uma comida típica do mês de junho, o sabor e o cheiro característico do mingau conquistam o coração dos paraenses o ano inteiro. “Eu costumo comer com mais frequência no mês de junho, mas sempre que tem eu como. Quando passamos e sentimos aquele cheiro, dá vontade de comer. O sabor também é muito bom, dependendo do lugar que comemos”, afirma Amanda Cordeiro.
Inclusive, com a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), o mingau pode fazer uma aparição especial nos cardápios dos estabelecimentos. “Quem sabe podemos estar trazendo pela COP 30, colocando diariamente no cardápio”, revelou Geandrea Ferreira dos Santos.
Valores nutricionais do mingau
O valor nutricional do mingau varia de acordo com os acompanhamentos que a pessoa vai adicionar, como leite, coco e canela. Contudo, de forma geral, o mingau é rico em carboidratos de fácil digestão e gorduras. Ele também pode conter fibras, vitaminas do complexo B, cálcio, ferro e proteínas.
Para quem busca o mingau mais nutritivo, a nutricionista Amanda Vitória explica que a escolha ideal é o de aveia, pois ele é rico em fibras (betaglucanas), proteínas e vitaminas. Por outro lado, as outras opções oferecem boa nutrição. O mingau de milho, por exemplo, fornece energia, fibras e vitaminas do complexo B. Já o mingau de arroz integral é leve, fácil de digerir e contém fibras e minerais. “De modo geral, quanto menos processado o grão utilizado, maior o teor de fibras, vitaminas e minerais, tornando o mingau mais nutritivo”, afirma a nutricionista.
Algumas escolhas podem ser priorizadas para o consumo mais saudável do mingau, como: usar leite vegetal ou desnatado para reduzir gorduras saturadas; evitar ou reduzir o açúcar, com o uso de canela, coco ou frutas secas como alternativa; incluir sementes como chia ou linhaça para adicionar fibras e ômega-3; ter cuidado com o leite condensado, o creme de leite e a manteiga em excesso, comuns nas versões típicas juninas.
Muitas pessoas que estão na busca pela perda de peso evitam ingerir certos alimentos com medo de atrapalhar a dieta. Porém, a nutricionista Amanda Vitória garante que é possível comer mingau nesses casos, desde que seja moderado na porção, feito com ingredientes mais leves, como leite desnatado ou vegetal, e não tenha excesso de açúcares e gorduras. É válido utilizar adoçantes naturais em alguns preparos.
Não há uma contraindicação geral, mas as pessoas com diabetes devem controlar o tipo e a quantidade de carboidratos. Quem é intolerante à lactose precisa adaptar o mingau com leites sem lactose ou bebidas vegetais. Além disso, quem tem restrição de potássio ou fósforo (como pacientes renais) deve evitar versões com leite em excesso, por exemplo.
Por mais nutritivo que o mingau seja, ele não serve como refeição completa, mas apenas como um complemento. “Para ser mais completo, seria necessário ajustar a receita, reduzindo açúcares e adicionando fontes de proteína e mais fibras. O ideal é que ele entre como uma preparação complementar, e não como substituição de uma refeição principal”, alerta a nutricionista Amanda Vitória.
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