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Micropigmentadora reconstrói sobrancelhas de vítimas de escalpelamento no Pará

Em muitas situações, as vítimas têm orelhas, pálpebras e parte do rosto e pescoço arrancados, provocando danos físicos e psicológicos gravíssimos ou até a morte

João Thiago Dias / O Liberal
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No dia 28 de agosto foi celebrado o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, data instituída por meio da Lei 12.199/2010. É o acidente que ocorre em embarcações de pequeno porte, quando, por descuido, os cabelos compridos, principalmente de mulheres e meninas, se enrolam nos eixos e partes móveis dos motores, causando o arrancamento parcial ou total do couro cabeludo. Em muitas situações, as vítimas têm orelhas, sobrancelhas, pálpebras e parte do rosto e pescoço arrancados, provocando danos físicos e psicológicos gravíssimos ou até a morte.

No Pará, que é um estado com muitos rios e com a presença de muitos ribeirinhos utilizando embarcações, foram registrados pelo menos oito casos de escalpelamento em 2021, de acordo com balanço da Marinha do Brasil. Foram três ocorrências no município de Breves e duas em Curralinho, ambos no Marajó. Também houve um acidente em Cametá e outro em Tomé-Açu, no nordeste paraense; e mais um em Juruti, no oeste do Estado. Segundo a Marinha, dentre esses registros, nenhum foi fatal.

Entretanto, há uma ocorrência que não apareceu no balanço da Marinha, mas foi noticiada pelo Grupo Liberal há pouco mais de duas semanas. Uma menina de 12 anos morreu após um acidente com o motor de uma embarcação no Arquipélago do Marajó. Ela não resistiu à gravidade do ferimento e foi a óbito na última terça-feira (24). De acordo com a Organização dos Ribeirinhos Vítimas de Acidente de Motor (Orvam), o caso ocorreu perto da Vila de São Miguel do Pracuúba, localidade afastada do centro de Muaná.

Tratamentos e técnicas

Para que algumas dessas vítimas possam recuperar a saúde e a autoestima, são necessários vários tratamentos com cirurgia plástica reparadora e implante capilar, além de acompanhamento psicológico. Em Belém, no bairro do Castanheira, a micropigmentadora Rosana Abreu é uma das pessoas que ajudam nessa causa. Em trabalho voluntário do projeto "Transformando Vidas", ela usa micropigmentação paramédica para reconstruir, esteticamente, as sobrancelhas das vítimas.

image Ação faz parte do trabalho voluntário do projeto "Transformando Vidas", promovido pela micropigmentadora Rosana Abreu (Sidney Oliveira / O Liberal)

A técnica imita fios naturais trazendo um aspecto de pelos, deixando o rosto em equilíbrio. "É a implantação de pigmento na pele por meio de indutor, seja manual ou elétrico, para que sejam corrigidas falhas e também cicatrizes, como aréolas, sobrancelhas, lábios, olhos, entre outros; devolvendo a autoestima", explicou a especialista.

Em média, são necessárias duas horas de sessão. Rosana explica que duas sessões são sugeridas para a maior durabilidade do procedimento. O procedimento é indolor com uso de anestésico, agulhas, lâminas, touca e outros aparelhos. "A paciente não pode se expor ao sol, não pode molhar por 24 horas e, após o procedimento, tem que fazer uso de pomada cicatrizante. E não pode comer frutos do mar nem entrar em piscina e praia até a cicatrização total", detalhou.

Rosana Abreu trabalha há cinco anos com essa técnica, e a iniciativa de ajudar as vítimas do escalpelamento surgiu quando ela percebeu que tratava-se de uma área carente. "Entendi que deveria atender voluntariamente pessoas que não tem condições de pagar e jamais poderiam fazer. Fiz do meu trabalho minha missão de poder contribuir, de alguma forma, para essas meninas e mulheres, levando um pouco de conforto. Devolvendo suas sobrancelhas, que são nossa referência, uma parte de nós, a moldura do nosso rosto", finalizou.

A estudante Raíza Rodrigues, de 19 anos, do município de Curralinho, no Marajó, renovou a autoestima diante da técnica. Ela sofreu o acidente de escalpelamento quando tinha apenas nove anos e, até hoje, faz tratamentos específicos no Espaço Acolher, da Fundação Santa Casa de Misericórdia, unidade de referência para vítimas desse tipo de ocorrência. Na última semana, participou da primeira sessão de micropigmentação, no projeto desenvolvido por Rosana Abreu.

"Vai contribuir muito na questão da imagem, de olhar no espelho e me sentir mais bonita. Vai ajudar nós, que fomos vítimas desse acidente, a reencontrar a nossa identidade de antes. Contribui para melhorar a nossa autoestima. Pretendo participar de outras sessões", avaliou a jovem. Para buscar ajuda, gratuitamente, por meio dessa técnica de reconstrução de sobrancelhas, as vítimas de escalpelamento podem entrar em contato por meio do número 98119-2994.

image A estudante Raíza Rodrigues, natural de Curralinho, no Marajó, renovou a autoestima diante da técnica (Sidney Oliveira / O Liberal)

Prevenção

A Lei 11.970/2.009 obriga a instalação de uma cobertura nas partes móveis dos motores das embarcações para proteger os ocupantes. A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, oferece e instala gratuitamente a proteção do motor. O cidadão pode fazer a solicitação pelos telefones 3218-3950 e 99114-9187.

Dentre as recomendações do Ministério da Saúde aos usuários de embarcações: nunca armar rede ou sentar de cabelos soltos perto do motor; prender os cabelos, colocar um boné ou chapéu; evitar usar colares ou cordões; e manter as crianças sempre junto aos adultos.

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Belém
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