'Marcha da Periferia' em Belém celebra o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra
Pela primeira vez como feriado nacional, a data reforça as pautas do Movimento Negro
A XI Marcha da Periferia reuniu jovens, adultos e idosos, na manhã desta quarta-feira (20/11), bairro da Terra Firme, em Belém, como forma de celebrar o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Pela primeira vez como feriado nacional, a data reforça as pautas do Movimento Negro. Dentre elas: debates sobre racismo, gênero, LGBTI+, classe e auto-organização para combater a ignorância e violência.
Os participantes começaram a concentração por volta das 9h, na Praça Olávo Bilac, e marcharam pela R. São Domingos e algumas vielas, com diálogo entre moradores e distribuição de panfletos. O encerramento foi na Ponte do Tucunduba.
A jornalista, atriz e educadora social Well Macêdo, 44 anos, uma das organizadoras do evento pelo Movimento Nacional Quilombo, Raça e Classe, comentou que essa marcha surgiu a partir da organização do Movimento Negro no Brasil, principalmente na década de 80, com reivindicações populares que têm relação com a infraestrutura das periferias e das favelas.
"A partir dos anos 2000, por causa da violência racista no Brasil, principalmente nas periferias e favelas contra a juventude negra, pobre e periférica, a marcha resurge no Maranhão, a partir da organização de movimentos sociais e culturais, principalmente o hip hop e o quilombo urbano, e passa a ser organizada em outras cidades, como Belém", detalha Wll Macêdo.
Na capital paraense, o bairro da Terra Firme recebe a marcha desde 2013. "Para nós é um bairro histórico. Um dos maiores da cidade. E um dos mais populares. Tem uma grande concentração de cultura, de diversidade, de trabalhadores, de juventude criativa e talentosa. A marcha bota o foco na periferia, para denunciar a violência racista, especialmente no mês do Novembro Negro. É a primeira vez que organizamos a marcha nesse dia, porque passou a ser feriado", detalha.
Anos de participação
O empreendedor Paulo de Tarcio, de 55 anos, participa da Marcha há 11 anos e comenta que celebra a força, a energia e a vida. "A luta do povo negro da periferia. Precisamos pautar todos os dias. Por uma consciência da sociedade. Somos livres e temos que ter nossos direitos respeitados", destacou.
A bibliotecária Cristiane do Espírito Santo, 60 anos, também tem uma longa história com essa causa. "Enquanto mulher negra, a minha história é tão igual a de tantas outras que estavam ao meu redor. Olho para trás e vejo que a minha mãe e a mãe da minha mãe não tiveram perspectiva de melhoria na família. Quando chega a minha vez, a partir da arte e da cultura, consigo ver essa possibilidade. Cheguei à universidade e dei educação para os meus filhos. Estou há mais de 10 anos nessa luta com o povo na marcha. Representa a resistência", avalia.
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