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Mãe doa rim para filha no Pará; a jovem fazia hemodiálise há mais de um ano

Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) já realizou 70 transplantes desde 2016

Emanuele Corrêa

O domingo (9) das mães foi especial para a Agna Lessa Assunção, 36 anos, que ao lado da filha, Adriana Almeida, 20 anos. A mãe doou um dos rins para o transplante da filha, que tem lúpus, uma doença autoimune que comprometeu o órgão e há 1 ano e meio fazia hemodiálise, em Santarém. O transplante aconteceu no último dia 22 de março, no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). O hospital conta com a especialidade de nefrologia e atua como referência para atendimentos de alta complexidade na região Amazônica do país. Desde 2012 realiza a captação múltipla de órgãos e desde 2016 o Hospital já realizou 70 transplantes.

Agna disse, emocionada, ao lembrar da convicção que sentiu ao decidir fazer o transplante que deu a vida à filha duas vezes. “Ela é minha única filha e tudo que mais amo. Eu fiz a doação, mas o presente que realmente importa é vê-la se recuperando. Dei a vida a ela duas vezes”, contou.

A mãe é natural de Oriximiná, interior paraense, onde atua como técnica em enfermagem e destaca que conhece a realidade dos pacientes em hospitais. “Quando você se depara com a realidade de uma pessoa no leito de hospital esperando um transplante renal para se libertar é dolorido. Se eu tivesse dez rins, todos eu doaria a minha filha. Eu seria capaz de ir para a máquina [de hemodiálise], só para dar a ela o outro rim. Amor de mãe é incomparável”, afirmou.

Adriana é portadora de lúpus, doença autoimune que ataca as estruturas saudáveis do próprio organismo, desde os 14 anos. Há um ano e meio, a jovem foi diagnosticada com doença renal crônica e, desde então, realizava regularmente sessões de hemodiálise – terapia em que uma máquina faz o trabalho de limpeza e filtragem do sangue, quando o rim não funciona corretamente. “Realizava hemodiálise três vezes por semana. Eram quatro horas ligada à máquina e muitas vezes chegava em casa e passava mal, por ser um tratamento difícil”, compartilhou Adriana.

Emanuel Esposito, médico nefrologista e responsável pelo Serviço de Transplante do Hospital Regional do Baixo Amazonas afirma que às vezes há uma demora na fila de transplantes, por isso, as famílias são orientadas sobre a compatibilidade. “Sabemos que isso pode demorar, por isso, alertamos a família sobre a possibilidade de doação entre pessoas vivas, onde geralmente encontramos compatibilidade entre os próprios familiares da paciente”, lembrou

Alberto Tolentino, cirurgião geral e urologista realizou o processo de transplante de rim da mãe para a filha e relembra que todas as etapas de compatibilidades foram cumpridas. "Realizamos a captação da mãe e transplantação na filha, em cirurgias que totalizaram cerca de oito horas e meia. Com esse rim saudável, estamos possibilitando que a Adriana retome suas funções renais, não precisando mais realizar as longas e difíceis sessões de hemodiálise”, explicou.
image Família celebra o dia das mães, após o transplante. (Reprodução / Ascom Hospital Regional do Baixo Amazonas)

Uma nova vida

Adriana recebeu alta do hospital no final de março e retornou para casa. Na saída, recebeu homenagem dos profissionais da unidade do hospital. A jovem acredita que esta é uma chance de recomeçar. “Agora é vida nova e esperanças renovadas. Agradeço a toda a equipe pelo acolhimento. É a minha nova chance, é minha oportunidade de viver melhor e eu consegui”, declarou.

Adriana segue em acompanhamento ambulatorial, realizando avaliações e exames periódicos, junto com a equipe assistencial do Hospital Regional do Baixo Amazonas. Além da questão renal, o transplante auxiliará no fortalecimento do seu organismo, e por consequência, o tratamento do lúpus – doença que não tem cura.

Belém