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Liderança Tembé diz que morte de mulher foi um acidente

 Vítima estava numa rabeta no rio Piriá, dentro da terra indígena

Valéria Nascimento / O Liberal
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A versão de Wender Tembé, uma das lideranças da Terra Indígena Alto Rio Guamá, presente na última segunda-feira (13), no episódio que resultou na morte de uma mulher no rio Piriá dentro da área indígena, é de que o tiro, que atingiu a vítima no abdômen, foi acidental. Ele afirmou que o povo Tembé lamenta o ocorrido e espera que as autoridades públicas esclareçam o que aconteceu. O Ministério Público Federal (MPF) pediu inspeção na área à Polícia Federal, e aguarda o resultado sobre se há situação de risco iminente de conflito violento entre indígenas e não indígenas.

"Se a gente fosse para matar alguém, teríamos matado todos. Foi um disparo e foi acidental. Quem estava apontando a arma para nós era o homem. A mulher não estava nem com faca na mão", contou Wender Tembé, na noite desta quarta-feira (15). "A gente assume o que a gente faz, não acrescenta nem diminui. A gente está pronto sim para contribuir e fazer qualquer depoimento na polícia federal, porque foi um acidente", completou ele.

O CONFLITO

Wender Tembé informou que, na segunda-feira (13), após tomarem conhecimento da retirada de madeira dentro da reserva indígena, os Tembé organizaram um grupo de 50 guerreiros e entraram mata adentro à procura dos madeireiros. Em uma determinada área eles encontraram um trator conduzido por um homem e também madeira caída, tanto em toras quanto serradas. Os índios tocaram fogo na madeira e tomaram o trator e o tratorista. Mas à frente, eles acharam um caminhão, e também tocaram fogo neste veículo.

O crime

Era por volta das 19h, quando o grupo voltando para a área, a 12 km da Vila do Cristal, na altura do município de Viseu, foi ouvido um barulho de motor rabeta subindo o rio Piriá, que corta a reserva. Wender contou que na rabeta estavam um idoso, uma mulher e uma criança pequena.

O idoso teria apontado uma espingarda para os indígenas. Era noite, o local estava escuro, e a pouca luz vinha de uma lanterna com os índios. "O pessoal fez a abordagem, pediu para ele (o idoso) baixar a arma, ele não baixava. Como ele não baixou, uma pessoa (indígena) também apontou a arma para ele, mas quando a pessoa subiu a arma, a arma disparou. O tiro atingiu a mulher no abdômen. O homem cai n'água", disse.

Ele informou ainda que como o rio Piriá, nesse trecho, é estreito, provavelmente, o homem deve ter saído em terra e correu. Os indígenas, segundo Wender Tembé, não fizeram nenhum disparo ao redor. Eles mandaram o tratorista descer o rio com a mulher na mesma rabeta em que ela estava, segundo os índios, ainda viva. Na embarcação, havia ainda a criança.

"Segundo as informações, porque isso eu já não afirmo, ele (o tratorista) desceu o rio com a mulher e a criança, mas quando ele viu que vinha um outro barquinho, ele foi embora com medo do pessoal encontrar ele com a mulher morta no barco, e deixou a mulher com a criança no barco. A gente não esperava que ela ia falecer, a gente contava que era um tiro de raspão, só no outro dia a gente foi saber que ela veio a óbito".

MPF

O Ministério Público Federal (MPF) atua, preventivamente, para evitar um conflito entre não indígenas e indígenas na Terra Indígena Alto Rio Guamá (Tiarg). A reserva envolve trechos dos municípios de Viseu, Nova Esperança do Piriá, Paragominas e Santa Maria do Pará, nas regiões nordeste e sudeste paraense.

O MPF solicitou inspeção no local à promotoria de Justiça de Garrafão do Norte, que responde pelo município de Nova Esperança do Piriá, e à Polícia Federal. O MPF também solicitou a presença da Polícia Militar e pediu que a Polícia Civil fosse informada sobre a morte da mulher na área.

O órgão ministerial federal informou na noite desta quarta-feira (15) que aguarda informações sobre o resultado da missão de agentes da PF na terra indígena.

Federação dos Povos Indígenas do Pará

A Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) divulgou uma nota, na terça-feira (14), em que reitera a versão dos indígenas sobre o ocorrido. A entidade afirma que o território é devidamente demarcado e homologado, e complementa que "os Tembé espera que os poderes públicos, das esferas federal, estadual e municipal, cumpram o seu papel e estejam de perto acompanhando e tocando esta situação de forma justa", conclui a Fepipa.

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