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Jornalista paraense documenta naufrágios nos rios da Amazônia em livro

Evandro Corrêa escreveu o livro “Sobral Santos e Novo Amapá II - 40 anos das tragédias fluviais que abalaram o Brasil”

O Liberal
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O jornalista e escritor paraense Evandro Corrêa escreveu o livro “Sobral Santos e Novo Amapá II - 40 anos das tragédias fluviais que abalaram o Brasil”, que revisita as histórias desses desastres envolvendo as duas embarcações, responsáveis por vitimar mais de 600 pessoas, em 1981. A obra também traz histórias de outros 38 acidentes registrados na bacia amazônica ao longo dos últimos anos — ocorrências essas que tiveram um número de vítimas considerável e ganharam repercussão nacional e internacional.

Evandro pontua que os acidentes mais relevantes retratados no livro se voltam para os casos que dão título ao livro: os naufrágios do Novo Amapá, em janeiro de 1981, no rio Cajari, e o Sobral Santos, em setembro do mesmo ano, no porto de Óbidos. “Essas duas tragédias, ocorridas no período do governo militar, deixou mais de 600 vítimas, dentre elas famílias inteiras. Há quem diga que o número de mortos seria bem maior e que o governo, à época, teria omitido o quantitativo real de vítimas para não passar uma imagem ruim do Brasil a nível internacional”, lembra. O livro foi lançado em 2021.

Entre as causas dos acidentes, testemunhas apontam para a superlotação e o excesso de cargas. Evandro conta que o processo de escrita levou mais de dois anos. Quanto aos desafios durante a produção da obra, o jornalista disse que foram muitos. Para ele, o mais desafiador ao relembrar as tragédias foi encontrar as testemunhas oculares dos sinistros. “No livro, há relatos apontando para a atuação de mergulhadores, que teriam furado corpos no fundo do rio para que os mesmos não boiassem”, frisa.

“A foto da contracapa do livro atesta bem a proporção de um dos naufrágios, mostrando corpos amarrados, uns nos outros, no rio Cajari, à espera de resgate. Coletei depoimentos de sobreviventes e testemunhas em vários estados do Brasil e até nos Estados Unidos. Ouvir esses relatos, para mim, foi uma volta no tempo. Alguns relatos são muito chocantes e não foram poucos os depoentes que foram às lágrimas ao relembrar a tragédia”, afirma Evandro.

Concepção

Sobre a vontade de escrever acerca dos naufrágios, Evandro destaca que o desejo tem relação com o local em que ele nasceu e com a infância. “Eu me considero um autêntico caboclo da Amazônia. Nasci em Itaituba, às margens do majestoso rio Tapajós, em uma comunidade chamada ‘Buburé’. Ou seja, em boa parte de minha infância estão presentes imagens de barcos superlotados subindo o rio em direção aos garimpos. No ano de 1981, quando ocorreram os naufrágios dos barcos Sobral Santos e Novo Amapá, eu tinha apenas 10 anos, porém já gostava muito de ler e acompanhar o noticiário”, diz.

“Quatro décadas depois, eu tive um estalo de escrever o livro porque, ao fazer muitas pesquisas, descobri que apesar do número de vítimas, ninguém foi punido e as tragédias pouco contribuíram para a melhoria na segurança da navegação nos rios da Amazônia” declara. Passados pouco mais de 40 anos, até hoje, não foram julgados culpados. As vítimas e sobreviventes também nunca foram indenizados, como lembra Evandro.

Desafio

Apesar de trazer os detalhes mais profundos de diversos casos, Evandro conta que fala da complexidade em narrar esses fatos: “É sempre muito difícil falar sobre tragédias. Isso porque tudo envolve muita dor. Meu olhar sobre esses naufrágios me ajudou muito na concepção da obra, uma vez que acompanhei os noticiários na época em que os sinistros ocorreram, ou seja, não me baseei apenas em relatos atuais com olhar no passado. Isso é peça fundamental para se aproximar, ao máximo, de como os fatos realmente ocorreram”, detalha o jornalista.

“Eu sempre digo que a intenção do livro não é apontar culpados. A obra visa, principalmente, alertar a todos que arriscam suas vidas ao embarcar em barcos superlotados. Nisso estou falando, não só de passageiros, mas também do número, ao todo, de pessoas a bordo. Incluindo a tripulação. Em alguns casos, o próprio dono ou comandante do barco pagou caro pela sua ganância e intolerância, perdendo a vida no naufrágio. Em linhas gerais, o livro se propõe a deixar um alerta para uma maior atenção na segurança das embarcações que cruzam diariamente os rios da Amazônia”, finaliza.

Serviço

As pessoas interessadas em adquirir o livro podem fazer contato por meio do telefone (91) 98284 3175.

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