Ilha do Combu se destaca como rota de lazer e gastronomia

Em quatro décadas, localidade saltou de um para 53 empreendimentos de alimentação

Natália Mello
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A Ilha do Combu começou a despontar como um dos principais potenciais para o turismo e, consequentemente, para a economia de Belém, há uma década. De lá para cá, o que parecia ser a fuga da cidade para alguns poucos se transformou em rota e destino certo para os finais de semana, deixando de abrigar, em 1982, somente um restaurante, para contar com pelo menos 53 empreendimentos do ramo da alimentação tipicamente amazônica 40 anos depois.

Após capturar a atenção de visitantes de fora do Pará, a ilha ganhou o coração de belenenses que buscam um descanso e contato com a natureza a apenas cinco ou dez minutos de distância. Apesar da intensa movimentação, especialmente nos finais de semana, atualmente, o Combu conta ainda com apenas uma pousada para abrigar os amantes do ecoturismo. Com uma vista privilegiada de Belém, o Olaria Hostel carrega um pouco da história dos primeiros contatos de negócios dos ribeirinhos do arquipélago com a capital paraense.

“Quando começou o povoamento aqui, a base era o extrativismo e, há 40 anos, aqui funcionou uma olaria, por isso deixamos o nome do hostel assim. Foi quando começaram os contatos econômicos mais fortes de Belém com os nativos daqui. Quando viemos para cá, a proposta era ser mais que esse bate e volta de Belém que os restaurantes oferecem, mas sim poder ser um local para receber amigos em meio à natureza”, afirmou uma das proprietárias da pousada, Raquel Fernandes, de 30 anos.

FUTURO

Aberto pouco antes do início da pandemia, em outubro de 2019, a hospedagem oferece passeios de caiaque, trilha, quartos com suíte e está em expansão, mas sem deixar de observar o entorno. “Não chegamos com a intenção de montar algo, mas vamos construindo com calma, sem destruir, cuidando, de olho no futuro, porque a Amazônia é o futuro e as pessoas são impactos. Recebemos cerca de 250 pessoas no mês e somos a primeira hospedagem a trazer pessoas para dormir aqui, isso já causa um impacto na ilha. Mas seguimos observando com calma como coexistir com essa floresta”, pontua.

O casal Anne Beatriz Duarte e Pedro Henrique Elmescany costuma ir frequentemente à ilha almoçar, mas é a segunda vez que se hospeda. O intuito é o mesmo de julho do ano passado: contemplar e viver a calmaria que o lugar proporciona. “É o nosso refúgio de Belém e é tão pertinho”, contam a fisioterapeuta e o acadêmico de odontologia, ambos de 23 anos.

TURISMO

Desde 1914 vivendo na ilha, a família de Prazeres Quaresma abriu o primeiro restaurante do Combu – que em 2022 completa 40 anos – e pode, ao longo de mais de 100 anos, acompanhar o crescimento vertical de Belém do lado de lá do rio. Depois da chegada da energia elétrica à região, deu-se início a uma espécie de boom turístico, seguida do desbravamento dos furos – espaço navegável entre algumas partes de floresta. Com isso, segundo Prazeres, muita coisa mudou.

“A qualidade de vida dos moradores da ilha melhorou muito depois da vinda dos turistas, mas precisamos manter esse encantamento, que foi o que trouxe o turista para cá. O Combu gera empregos e tem potencial para desenvolver muito. Estamos só no início, e não estou falando apenas de restaurantes, mas pousadas, quem não gostaria de se hospedar aqui? Além de outras atividades. Quando falo que o Combu pode ter 100 restaurantes eu lembro do que disse uma vez, há 12 anos, para um antigo secretário de turismo de Belém, que me perguntou como eu via o Combu no futuro, e eu disse que via como a maior orla gastronômica de Belém. E olha como estamos, a coisa está avançando de uma forma assustadora até”, relata.

Prazeres recebe entre 800 e 1.000 pessoas ao mês no restaurante e, aos 53 anos, enxerga o Combu como um destino de lazer consolidado. “A Ilha sempre foi importante, embora as pessoas daqui não enxergassem isso, até para o clima de Belém, por não ser desmatado. Mas acho que precisamos ser mais ordenados, ter um olhar sobre a movimentação nas margens, a destinação correta dos dejetos produzidos. Mas aqui é mais do que um destino, nós proporcionamos experiências”, reforça.

image Procura por restaurantes aumentou bastante na Ilha nos últimos 10 anos (Márcio Nagano/O Liberal)

VIVÊNCIA

O público, majoritariamente de fora do Estado, ratifica: o Combu é uma vivência gastronômica e cultural. O grupo Ana Carolina Machado, do Rio de Janeiro, Gabriela Weber, do Rio Grande do Sul, Lucas Oliveira, de São Paulo, e Vânia Rezende, de Minas Gerais, passou o último domingo (9) experimentando a ilha na sua essência, e foram unânimes: com uma natureza deslumbrante, tudo que a península proporciona só torna o turismo da capital ainda mais atrativo, especialmente pela gastronomia e, claro, pela facilidade de acesso.

“Como viemos a trabalho, não temos tanto tempo e aqui é bem pertinho, então contribuiu. A natureza aqui é deslumbrante, fiquei impressionado, a culinária tem coisas que só tem aqui. O preço dos pratos não é baixo, mas ele se torna barato quando você experimenta, você vê o quanto é bem feito, o quanto é uma culinária específica, é uma experiência gastronômica mesmo”, conclui Lucas.

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