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Homenagens a Iemanjá em Outeiro promovem tolerância religiosa e limpeza das praias

Adeptos de religiões de matriz africana da Região Metropolitana se concentraram nas areias da Praia Grande

Fernando Assunção
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As tradicionais homenagens a Iemanjá em Outeiro, distrito de Belém, tomaram as praias da ilha, desde a noite de quarta-feira (7) e continuaram durante a madrugada desta quinta (8), feriado de Nossa Senhora da Conceição. Adeptos de religiões de matriz africana da Região Metropolitana se concentraram nas areias da Praia Grande, onde foram oferecidas oferendas, como flores, frutas, champagnes e velas, e entoaram cânticos ao rufar do tambor.

No sincretismo religioso entre a fé de matriz africana e o catolicismo, a Imaculada Conceição representa Iemanjá, considerada a Rainha das Águas, por isso a data de 8 de dezembro é escolhida para as homenagens. Porém, diferente dos anos anteriores à pandemia, quando até 70 mil pessoas se concentravam nas praias do distrito para a Festividade de Iemanjá, este ano, as homenagens foram individuais, feitas por grupos religiosos.

Apesar das homenagens a Iemanjá serem individuais, a mãe Patrícia de Iemanjá, de 47 anos, conta que todos estão unidos em prol de uma causa coletiva: celebrar a Rainha das Águas. “É uma festa só, para uma Orixá, que é Iemanjá. Todos levamos nossos presentes à Iemanjá, nossas oferendas, em busca de saúde, de paz, de amor, de união, para que o racismo religioso acabe, para que haja respeito à igualdade e à diversidade”, conta a sacerdotisa.

“Iemanjá é a mãe de todos nós, a mãe de todos os peixinhos, o encontro de todos os rios, dos mares e oceanos, a senhora das cabeças, a senhora dos oris, a mãe dos Orixás. Mãe Iemanjá é a deusa do mar. A rainha de todas as mãe d’águas, de todas as sereias, ondinas”, completa a sacerdotisa do Terreiro de Mina Nagô Iemanjá e do Instituto Toya Afro Cultural Iemanjá, no bairro São João do Outeiro, que homenageou Iemanjá com uma escultura de areia de 5 metros de comprimento. O trabalho, de autoria do artista de Outeiro conhecido como Bambam, chamou atenção das pessoas que passavam pela praia. 

image O Terreiro de Mina Nagô Iemanjá e o Instituto Toya Afro Cultural Iemanjá, do bairro São João do Outeiro, homenageou Iemanjá com uma escultura de areia de 5 metros de comprimento. O trabalho, de autoria do artista de Outeiro conhecido como Dandam, chamou atenção das pessoas que passavam pela praia (Fernando Assunção/O Liberal)

O zelador de santo Eder de Oxum, de 41 anos, do Terreiro de Mina Nagô Baiano Grande, no bairro da Terra Firme, presta homenagens a Iemanjá em Outeiro há 30. A devoção à Orixá começou muito cedo, em agradecimento por sua saúde. “Eu era uma pessoa muito doente, foi quando eu decidi me doar para a minha missão espiritual. Hoje, agradeço por ter o meu canto, a minha casa, meus filhos, pessoas que me respeitam. Esse é um reflexo de uma missão levada com amor e buscar fazer o bem às pessoas que nos procuram em busca de uma palavra de conforto”, diz.

image O zelador de santo Eder de Oxum, de 41 anos, e o Terreiro de Mina Nagô Baiano Grande, do bairro da Terra Firme, também prestaram homenagens à Iemanjá em Outeiro (Fernando Assunção/O Liberal)

Tolerância religiosa

Iemanjá é respeito a todas as religiões, segundo a definição do pai Jorge de Ogum, 58. Ele veio de Marituba, na Grande Belém, para manter a tradição de 22 anos do Templo de Mina Jege Nagô Oxum Xangô. “Iemanjá é a nossa porta-voz. Ela representa todos os santos e vem trazer a mensagem de que nós, filhos de fé, devemos nos unir em uma só voz contra a intolerância, afinal, todos somos filhos de um só Pai, Deus, que na nossa religião iorubá se chama Olorum. Olorum abraça a todos independente de religião. Desejo que, nessa data de hoje, Iemanjá possa levar essa homenagem a todos os que têm fé e que Nossa Senhora da Conceição possa interceder por nós", destaca.

Limpeza das praias

Manter o espaço limpo foi uma preocupação dos sacerdotes e adeptos das religiões de matriz africana que compareceram à Praia Grande neste dia 8. “A maioria do povo afrorreligioso está tendo consciência que não pode colocar garrafa de champagne no mar, a não ser líquido, que não pode colocar uma rosa de plástico, artificial, tem que ser flores naturais. Queremos que a comunidade entenda que a gente não vem à praia para sujar. O mundo em geral precisa de uma limpeza, não só material, mas também de uma limpeza espiritual”, reforça a mãe Patrícia de Iemanjá.

“Precisamos cuidar, pois sem água, sem as matas, sem esse chão que nós pisamos, sem a terra, sem o sol, sem a chuva, como vamos sobreviver? Nós dependemos dos sete elementos, esses sete elementos é que nos levarão até Olorum. Mas, se nós não cuidarmos, tudo vai se destruir. Precisamos nos colocar no lugar do próximo e colocar a mão na consciência”, conclui o pai Jorge de Ogum.

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