Centenas de voluntários participam da grande coleta solidária de Emaús; veja como foi a arrecadação
Com 700 voluntários e 34 caminhões, ação percorre bairros da capital para arrecadar doações que sustentam projetos sociais do movimento
Belém amanheceu mais solidária neste domingo (29), com as ruas sendo tomadas pela 52ª edição da Grande Coleta do Movimento República de Emaús. Considerada uma das maiores ações sociais da capital paraense, a campanha começou às 9h e segue até as 18h, com a participação de aproximadamente 700 voluntários e o apoio de 34 caminhões. A expectativa é arrecadar entre 8 e 9 mil itens — como roupas, móveis, utensílios domésticos e eletrodomésticos — que serão vendidos posteriormente para custear os projetos do movimento, voltados para cerca de 600 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
A coleta deste ano foi antecipada para o primeiro semestre em razão da realização da COP-30, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, que ocorrerá em Belém em novembro. Com isso, o movimento buscou facilitar a captação de apoios e parcerias, essenciais para viabilizar a logística e infraestrutura do evento. “Estamos nos preparando desde janeiro, com a escolha da equipe, a manutenção do tema, a busca por apoiadores e empresas que emprestam caminhões ou doam alimentos, EPIs e outros insumos”, explica José Maria Dias, coordenador da edição de 2025 — cargo que muda a cada ano.
Antes da largada oficial, os voluntários participaram de uma cerimônia de abertura no espaço sede do movimento, no bairro do Benguí, que incluiu um momento de homenagem ao Padre Bruno Sechi, fundador do Emaús. Após a celebração e um reforçado café da manhã, as equipes foram distribuídas nos caminhões para cumprir os roteiros por vários bairros de Belém, incluindo nove condomínios, oito conjuntos e vinte áreas específicas da cidade. Além disso, cinco pontos fixos de coleta foram montados para receber doações ao longo do dia.
“É uma ação que depende de muitos braços e corações, e que todos os anos nos surpreende com o engajamento da juventude”, afirma José Maria. Neste ano, o tema escolhido foi mantido em relação à edição anterior: “Vivendo o presente, projetando o futuro: cuidar do meio ambiente é defender crianças, adolescentes e jovens”, reforçando a dimensão socioambiental da campanha.
Ao final do dia, os caminhões retornam à sede do movimento, onde os itens arrecadados são organizados por tipo: móveis, roupas, eletrodomésticos, utensílios e outros. Toda a triagem, higienização e recondicionamento será feita ao longo da semana por equipes fixas do Emaús. Os itens em condições de uso serão vendidos nas feiras organizadas semanalmente, às quartas-feiras, no mesmo local. A renda gerada financia atividades pedagógicas, culturais e de proteção integral a jovens da periferia de Belém, além de contribuir para a sustentabilidade do projeto como um todo.
A estrutura da coleta deste ano também contou com ponto de atendimento à saúde para os voluntários, distribuição de água e o tradicional almoço coletivo — momentos de cuidado e integração que são marcas registradas do movimento. Criada em 1973, a Grande Coleta já impactou milhares de pessoas e se firmou como um símbolo da solidariedade e do engajamento social na capital paraense.
Projetos de inclusão social e voluntariado
Atualmente, o Movimento de Emaús atende mais de 600 crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, por meio de cinco projetos. Cerca de 400 são acompanhados em ações pedagógicas e culturais, enquanto outros 200 participam do Programa Jovem Aprendiz, que promove a inserção no mercado de trabalho.
Um dos projetos de maior impacto é o Centro de Integração Digital (CID), onde jovens aprendem informática, robótica e recondicionamento de equipamentos. Foi lá que Josué Sodré, hoje com 25 anos, descobriu a profissão em que atua. “Graças às arrecadações de materiais eletrônicos e ao curso profissionalizante gratuito que participei no Emaús, encontrei meu norte profissional aos 16 anos e posteriormente me formei na área”, conta. Atualmente, ele trabalha na própria instituição na área de Tecnologia da Informação.
Este ano, um grupo do CID teve um projeto de robótica selecionado para a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), com um carro automatizado feito com peças reaproveitadas. Segundo o coordenador da Grande Coleta, José Maria Dias, as doações de eletrônicos são essenciais para manter o projeto e garantir a inclusão digital de famílias. Os equipamentos usados nas aulas são doados posteriormente para quem precisa, reduzindo o lixo eletrônico e ampliando o acesso à tecnologia.
Além de doar, é possível apoiar o movimento por meio do Programa Sócio Solidário (Prossol), com contribuições mensais, ou atuando como voluntário. João Pedro Gomes, de 18 anos, conhece bem esse caminho. Ele participa do Emaús desde os 14 anos e se tornou voluntário fixo nas coletas a partir de 2021. Neste ano, ajudou na organização do evento e na comunicação. “É o vínculo que eu criei aqui que me traz para cá todo dia”, resume João, que vê no voluntariado uma experiência transformadora, capaz de renovar o espírito mesmo após a exaustão física da jornada.
Rota da Grande Coleta do Emaús
Condomínios: Villa Firenze, Lion Ville, Ametista, Jardins do Lago, Jardim Espanha, Greenville 1 e 2, Greenville Exclusive e Montenegro Boulevard.
Conjuntos: Médici, Marex, Promorar, Mendara, Orlando Lobato, Parklândia, Pedro Teixeira, Satélite, Bela Vista
Vias principais nos bairros: Telégrafo, São Brás, Pedreira, Jurunas e Marco.
Pontos fixos de doação:
Sede do Movimento de Emaús – Rua Padre Bruno Sechi, nº 17, bairro do Benguí
Lar Fabiano de Cristo – Rua BR Igarapé-Miri, nº 527, bairro do Guamá
Paróquia Imaculada Conceição – Passagem Snapp, nº 9, bairro do Castanheira
Polo Joalheiro – Praça Amazonas, s/n, bairro do Jurunas
8º Tribunal Regional do Trabalho (TRT) – Travessa Dom Pedro I, nº 746, em frente à Praça Brasil, bairro do Umarizal
Para mais informações: entre em contato pelo número (91) 3285-7693 ou e-mail emaus@movimentodeemaus.org
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