Fórum na Universidade Federal do Pará deu visibilidade para as pessoas com deficiência

O 1º Fórum Paraense de Pessoas com Deficiência teve como tema "Justiça, Voz e Participação"

Dilson Pimentel
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As barreiras arquitetônicas e as dificuldades de acesso ao transporte público, em Belém, foram alguns dos problemas apontados pelas pessoas com deficiência que participaram, nesta sexta-feira (23), do último dia do 1º Fórum Paraense de Pessoas com Deficiência: Justiça, Voz e Participação. O evento ocorreu no Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Setembro Verde é o mês de luta das pessoas com deficiência. E o evento começou no dia 21, em alusão ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado nesta data. Eliel Delgado do Espírito Santo, 49 anos, tem baixa visão. Estudante de Direito da UFPA, ele representa a Associação de Discentes com Deficiência da UFPA (ADD-UFPA), umas das entidades que estavam na coordenação do fórum.

Eliel disse que o objetivo do evento era dar mais visibilidade para as pessoas com deficiência. Ele ingressou na UFPA com 46 anos, em 2019, e está no sétimo semestre de Direito. “As nossas demandas são muitas. É um desafio como PCD, no meu caso com baixa visão, conseguir ter acesso a muitas coisas”, disse.

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Eliel também citou as barreiras estruturais, arquitetônicas e atitudes das pessoas. “Leis existem muitas, mas, para ela se efetivar, depende de quem está representando essa lei, dos órgãos públicos, das faculdades”, afirmou.

O estudante de Direito disse que os desafios começam no momento em que saí de casa, em Icoaraci. “Para pegar um transporte público, chegar numa universidade, ter acesso a uma sala de aula. Tudo isso é um desafio para nós”, contou.

"As atitudes das pessoas são as piores barreiras", diz universitário

Eliel disse que as calçadas não são acessíveis, pois são desniveladas, e que não há sinalização sonora para os cegos, para avisar quando abre e fecha um semáforo. Ele tem dificuldade para ler o letreiro do ônibus e, também, para subir e embarcar no veículo. E, afirmou, deveria haver preferência para que pessoas iguais a ele pudessem embarcar, em meio aos demais passageiros, sem cair e se machucar. “É bem desafiador”, completou.

Eliel afirmou que as “barreiras de atitude das pessoas são as piores, porque dependem do outro”. Ele disse que as barreiras arquitetônicas existem. “Mas, se na hora em que elas surgirem, se tiver ali alguém que nos indique a maneira certa de proceder... Tudo o que a gente precisa é acesso. Tendo acessibilidade. essas essas barreiras elas somem”, afirmou.

O fórum foi realizado em conjunto com a Federação Nacional dos Estudantes de Direito e com entidades sociais de pessoas com deficiência (PcD) de todo o estado do Pará, bem como com a participação do Centro Acadêmico de Direito Edson Luís (Cadel/UFPA). Durante o fórum, foram debatidas diversas questões, como educação inclusiva; diversidades e capacitismo; gênero, sexualidade e deficiência e o protagonismo político das pessoas com deficiência.

Foram desenvolvidas, ainda, mesas de debates com palestrantes convidados que atuam no ativismo e na militância na causa das pessoas com deficiência. A ação pretende ecoar as vozes de pessoas com deficiência, fortalecer a pauta e refletir sobre as desigualdades que afetam as pessoas com deficiência na sociedade.

Causa das pessoas com deficiência é muito invisibilizada

A causa das pessoas com deficiência é muito invisibilizada, mesmo dentro dos grupos que discutem as pautas de pessoas minoritárias. A única solução para alterar essa realidade é propor debates sobre nossas reivindicações, com falas que partem de nós que vivemos essa realidade”, disse Pérola de Souza, integrante da organização do evento.

Ela apontou que a inacessibilidade arquitetônica continua sendo o carro-chefe e que dificulta muito o vir e vir das pessoas com deficiência. “Uma cidade inacessível acaba nos deixando mais enclausurados”, afirmou.

Além da UFPA, por meio da Coordenadoria de Acessibilidade (COACESS), da Associação de Discentes com Deficiência da UFPA (ADD-UFPA), do Cadel, do  ICJ-UFPA e da Federação Nacional dos Estudantes de Direito - Fened, participaram do evento instituições como o Coletivo de Mulheres Cegas e com Baixa-Visão do Pará - Comceb, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), a Associação Paraense das Pessoas com Deficiência (APPD) e a Associação de e para Cegos do Pará (Ascepa).

 

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Belém
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