Foliões buscam alternativas para Carnaval não passar em branco

Da ida ao bar da concentração do bloco até a live de carnaval com o abadá de dress-code, todo mundo deu um jeito de aproveitar o domingo (14)

Eduardo Laviano
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Os blocos de carnaval da Cidade Velha viraram memória na mente dos foliões belenenses neste domingo (14), já que, por conta da pandemia de coronavírus, nenhum trio elétrico passou pelas ruas do bairro, que costuma receber milhares de pessoas de todos os cantos da cidade em anos normais.

Com o bandeiramento laranja na Região Metropolitana de Belém, o cancelamento da festa não significou necessariamente o cancelamento da alegria carnavalesca.

image Rua Dr. Assis cheia de carros estacionados e nenhum folião, cenário oposto do que se via em anos anteriores ((Akira Onuma/O Liberal))

No bar Yellow Submarine, de onde parte o bloco Mangal dos Urubus há 17 anos, a animação ficou por conta dos discos de vinil que tocaram a tarde inteira para os clientes que, outrora, puxavam o bloco pela rua Bom Jardim.

João Cardoso, dono do estabelecimento, organiza o bloco que toca marchinhas durante o domingo de carnaval. Ao som do clássico "Não deixe o samba morrer" que apropriadamente ecoa pelo bar, ele conta que nas últimas semanas atendeu diversas ligações perguntando informações sobre o bloco.

"Foi muito triste ter que dar a resposta para essa pergunta, pois são pessoas que amam o carnaval tanto quanto eu. Já sofri tanto de ontem para hoje. Toda vez eu me acordo cedo por conta do bloco e hoje, por incrível que pareça, acabei acordando cedo também, como se o bloco fosse sair pelas ruas. Organizar o bloco é o que eu mais amo fazer na vida", diz ele.

O bloco nasceu quando João percebeu que o domingo de carnaval estava muito desanimado nas ruas da Cidade Velha. Na opinião dele, tanta quietude não combinava com o bairro.O Mangal dos Urubus começou com 40 brincantes, que viraram 300 no segundo ano e depois, no terceiro, juntou 500 pessoas.

image João Cardoso comanda o Mangal dos Urubus na Cidade Velha, bloco que sai do bar dele, Yellow Submarine (Akira Onuma/O Liberal)

 

"Ano passado deu umas 2 mil pessoas. Muita gente mesmo, tanto que fecha tudinho até o final da rua. Quem vem aqui sabe que vai curtir as marchinhas antigas de carnaval e, ao final, vai assistir um show da banda cover Beatles Forever. Organizamos concurso de fantasias também. Esse ano, infelizmente, estamos só curtindo as lembranças do carnaval passado", afirma. 

Ele convidou alguns amigos da redondeza para tomar uma cerveja no bar, para esquecer, mesmo que por algumas horas, o atual cenário da pandemia. Isso é porque João não está muito otimista com o fim da contaminação pelo vírus, pois considera o ritmo de vacinação lento, por conta da quantidade pequena de vacinas disponíveis. "Vai levar um tempo para vacinar 70% da população e esse tempo desgasta a emoção da gente, desgasta a esperança", avalia. 

A melhor lembrança de carnaval que João possui eram as festas da Praça da República, na década de 80. Com o tempo, ele conta que a farra foi diminuindo nas ruas da cidade, já que muitas pessoas viajavam para o interior durante o feriado. Nos últimos cinco anos, porém, cada vez mais foliões preferem pular carnaval na capital, em diversos blocos pela cidade, de acordo com João.

"Depois que fizemos o Mangal dos Urubus, outros blocos apareceram por aqui. Depois, apareceram em outros bairros. Só aumenta o número de blocos e aí justamente neste bom momento que a cidade vive, a pandemia apareceu. Mas faz parte. O carnaval é alegria, diversão, extravasar, conhecer pessoas. Em breve, estaremos de volta", garante ele, já fazendo planos para botar o bloco na rua em 2022.

image Folia virtual comandada por Bell Marques foi a salvação dos "chicleteiros" neste domingo de carnaval (Akira Onuma)

Para matar a saudade da festa com segurança, o professor de educação Deryk Santos teve uma ideia: chamou familiares e amigos para assistirem a live do cantor Bell Marques, transmitida pela internet na tarde de domingo. As únicas regras da minifesta eram ir de abadá e ser "chicleteiro" (fã da banda Chiclete com Banana, da qual Bell Marques foi vocalista).

"Sempre amei carnaval e, por consequência, o Chiclete com Banana. E desde então sempre acompanhei ele atrás do trio, todos os anos, em vários lugares. Já fui pular carnaval em Salvador, Fortaleza, Recife, além de Belém, claro, que é um carnaval que eu amo. Nunca passou pela minha cabeça que estaríamos passando por essa situação, mas em 2022 vamos estar atrás do trio de novo", lamenta Deryk.

image Nailson Neves já começa a pagar em abril as contas que fez para curtir em dobro o carnaval de 2022 (Akira Onuma)

Enquanto os amigos entoavam, animados, os hits de Bell Marques em voz alta, Nailson Neves tinha acabado de chegar na casa do amigo e ainda estava na primeira cerveja.

Entusiasta de todo tipo de carnaval desde 2002, ele já se acostumou a beber em casa com os amigos e, assim como Deryk, está cheio de planos para 2022.

"A Cidade Velha está tão triste hoje sem ninguém, então estar junto deixa vivo o entusiasmo do carnaval, com essa emoção boa de estar entre as pessoas que gostamos porém, sem aglomerações. O importante é não passar em branco. Se deixar passar em branco, não é carnaval, ficaríamos sem lembranças da festa em 2021. Em 2022, estamos esperando de tudo. Já vou começar a pagar os boletos em abril", conta ele, rindo ao falar dos abadás que ele já garantiu para depois que estiver vacinado.
 

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