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Malabarismos entre os veículos: Ciclistas enfrentam riscos diários ao pedalar pela BR-316

Eles defendem espaços adequados para os que usam a bicicleta, sobretudo para os que se deslocam para o trabalho

Dilson Pimentel / O Liberal
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A BR-316 continua sendo uma rodovia perigosa para os ciclistas, principalmente para aqueles, que, todos os dias, usam a bicicleta para se deslocar para o trabalho ou para resolver assuntos pessoais. Só este mês, dois acidentes foram registrados na rodovia. No quilômetro 1, no bairro do Castanheira, em Belém, um ciclista morreu após ser atingido por um caminhão e despencar de uma altura de aproximadamente 30 metros, dentro do túnel do Entroncamento, no sentido Ananindeua-Belém, no dia 8. Ronilson Nascimento Castro Soares, de 40 anos, caiu de cabeça, ainda em cima do veículo de duas rodas que conduzia. O caso ocorreu por volta das 13 horas.

No domingo (19), cinco ciclistas foram atropelados, às 7h30, no km 26 da BR-316, no município de Benevides, sentido crescente (Belém/Castanhal), informou a PRF. Um deles teve lesão grave e foi  encaminhado ao Hospital Metropolitano. Em 2020, foram registrados 698 acidentes com bicicletas no Pará. Desses, 655 pessoas ficaram feridas e 43 morreram, informou o Departamento de Trânsito do Estado (Detran). Na manhã desta segunda-feira (20), a Redação Integrada esteve em dois trechos da BR – próximo a um shopping e na esquina com a rua Oswaldo Cruz, em Águas Lindas. Em poucos minutos, percebe-se o malabarismo que os ciclistas fazem, desviando de vans, ônibus, carros particulares e motocicletas.

Muitas vezes, eles “costuram” entre os veículos, correndo o risco de sofrer algum acidente. Outros, e por falta de espaço destinados aos ciclistas, pedalam na contramão, também aumentando a possibilidade de sofrer atropelamento. O ambulante Ivaldo Rodrigues da Silva, de 56 anos, mora no bairro de Águas Lindas, em Ananindeua, e diariamente pedala até o Entroncamento. É um longo percurso. Como não tem dinheiro para pagar ônibus, usa a bicicleta para trabalhar. “É perigoso. Não tem espaço para o ciclista pedalar. A gente anda mesmo no meio do perigo, desviando de moto, de van, tudo o que tem na frente”, contou. Ivaldo acrescentou que, sem alternativa, pedala às vezes na contramão do fluxo de veículos. Para evitar acidentes, ele disse que sempre usa o freio da bicicleta. “E vou devagar, olhando para os lados”, contou.

image Ciclistas fazem malabarismos entre os veículos na rodovia (Ivan Duarte/ O Liberal)

"Toda a BR-316 é perigosa", diz autônomo

Autônomo, Carlos Alberto Santos, também de 56 anos, disse que “toda a BR é perigosa” para os ciclistas. “Não tem ciclovia. E, as que têm, estão sumidas, desapareceram tudo”, contou. Ele disse que tem muito medo de ser batido por um caminhão ou ônibus. “Para tentar se proteger, a gente tem que se virar nos 30. Ficar prestando atenção, ficar de olhos nos carros, ficar em alerta o tempo todo”, afirmou, acrescentando que já foi atropelado três vezes, mas não na rodovia e, sim, em outro trecho de Ananindeua.

Samantha Sonayra, 37 anos, é de Marituba, mas mora no bairro da Guanabara, em Ananindeua, desde 2018. Em 2019, ela comprou sua primeira bicicleta e começou a pedalar. Em julho de 2019, ela e outros amigos montaram um grupo de ciclismo, que são “Os Brutus”. Esse grupo pedala com os iniciantes, e os ensina, nos pedais noturnos, a andar pelas vias onde tem ciclofaixas e ciclovias, para fazer esse deslocamento de Ananindeua à Belém e usar as vias mais seguras. “A BR é uma área muito complicada, porque a sinalização e o acostamento são precários. Há poucos espaços e muitos desníveis. Mesmo de dia, é complicado pedalar na BR”, afirmou.

Ela disse que os acidentes são recorrentes, o que ela atribui à falta de fiscalização e de policiamento, principalmente pelo horário da manhã. “Muita gente passa a noite toda bebendo e, depois, vai dirigindo para casa pela BR. Isso é de sexta para sábado e de sábado para domingo”, afirmou. E acrescentou: “Nós, ciclistas de grupo, gostamos de sair para pedalar. Mas, infelizmente, não temos espaço adequado. E, aos domingos, corremos esse risco. A gente sai para fazer um pedal, conhecer um balneário, igarapé, um restaurante, um café da manhã diferente. Mas a gente sempre sai não sabendo se vai voltar ou não”, afirmou. Samantha também afirmou que o acostamento da “BR é muito ruim, com muitos buracos”.

Projeto prevê implantação de ciclovias na BR-316

O Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM) informou que, dentro do projeto de requalificação da BR-316 que está sendo executado, serão implantadas ciclovias em ambos os sentidos da via. "Isso quer dizer que a área exclusiva para ciclistas, com separação física da pista, se estenderá ao longo dos primeiros 10.8 km, do Entroncamento até o início de Marituba. O objetivo é proporcionar aos usuários maior segurança na BR, que é uma das principais e mais intensas vias da Região Metropolitana de Belém", afirmou,

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