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Falta de agulhas para insulina dificulta tratamento de paciente com diabetes nas UBS de Belém

Estoques de lancetas, essenciais para aplicação do hormônio, estão em baixa nas unidades básicas de saúde em Belém

Thaís Neves | Especial para O Liberal

Em Belém, pacientes com diabetes tem enfrentado dificuldades para seguirem com o tratamento, devido à falta de lancetas (agulhas) nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O item, que serve para aplicação da insulina, essencial para o tratamento, é disponibilizado gratuitamente mediante cadastro. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) confirmou, em nota divulgada no dia 30 de janeiro, que o reabastecimento do estoque desse item está previsto para o próximo dia 7 de fevereiro.

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A secretária do lar Edna Silva, de 56 anos, moradora do bairro da Cabanagem, faz tratamento contra diabetes há cinco anos e conta que faz quatro meses que está em busca de continuar o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (Sus), porém, não está conseguindo devido à falta das agulhas. Ela também explicou que teve dificuldade para conseguir tiras de glicemia, que medem a glicemia capilar. Esse item também é disponibilizado gratuitamente nas UBS mediante cadastro.

image Edna Silva, 56 anos, não consegue monitorar a doença devido à falta de material no SUS (Foto: Marx Vasconcelos | Especial para O Liberal)

De acordo com a paciente, ela está cadastrada no Centro de Especialidades Médicas e Odontológicas (Cemo), e também na UBS do bairro da Cabanagem. Os locais não possuem a agulha específica para aplicação da insulina, conforme a denunciante.

Edna conta que, toda vez procura as UBS, é informada que os materiais estão em falta. Ela afirma que isso vem acontecendo desde o mês de outubro. “Eles sempre falam que ainda não chegou, que não tem previsão ou dão um prazo mas quando retorno não tem. O próximo prazo que deram foi nesta sexta-feira (2). Estou rezando pra que chegue, pois é caro”, desabafa a trabalhadora. Ela também relata que procurou as UBS da Sacramenta, Jurunas, Condor e Cabanagem e todas lhe deram a mesma resposta.

Segundo Edna, tem sido muito difícil realizar a compra dos materiais, pois são caros. Ela gasta em média R$ 200 mensais para realizar a compra, pois não pode deixar de fazer o tratamento. “Faz muita falta, porque o salário é pouco, a gente tem que ficar revezando com outras necessidades, ainda tenho uma filha portadora de Síndrome de Down que também é diabética”, desabafou. Segundo ela, o tratamento é essencial para sua qualidade de vida.

A reportagem de O Liberal esteve na UBS do bairro da Sacramenta e da Cabanagem e, segundo a direção dos locais, os materiais estão disponíveis em estoque. Porém, relataram que a paciente poderia não estar cadastrada na unidade. Apenas o paciente cadastrado na UBS pode receber o atendimento. Caso esse paciente vá a outro bairro, ele não conseguirá realizar o procedimento.

Sesma

Na última terça-feira, 30, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) afirmou "que o estoque das tiras de glicose está regular na rede municipal de Saúde e as Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Cabanagem, Sacramenta, Jurunas e Curió-Utinga estão com o abastecimento mensal regular". Em relação às agulhas para insulina, a Sesma disse que "aguarda a entrega pelo fornecedor, prevista para o dia 07 de fevereiro".

Cadastro

A coordenadora de Referência Técnica de Medicamentos da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) Flávia Moraes, explicou que tiras, lancetas, monitor de glicemia que faz a leitura das tiras, seringas e agulhas são disponibilizados gratuitamente nas Unidades Municipais de Saúde. Para ter acesso aos itens, o paciente precisa ser diabético insulinodependente, ou seja, paciente que faz uso de insulina. Os itens estão disponíveis para que o paciente possa fazer o acompanhamento dos níveis de glicemia em casa.

O paciente deverá se direcionar a sua unidade de saúde, de acordo com cada bairro e região. É necessário fazer um cadastro dentro da unidade, munido de laudo, receita, com validade de até seis meses, RG e cartão do Sistema Único de Saúde (Sus).

De acordo com Flávia Moraes, pacientes diabéticos que não fazem uso da insulina, mas precisam fazer o acompanhamento da glicemia capilar, podem fazer o acompanhamento dentro da unidade.

Em relação ao paciente migrar de uma unidade para outra, caso faltem os materiais, ela informou que o procedimento correto é o paciente conversar com o farmacêutico da unidade em que ele está cadastrado, para que ele seja encaminhado para uma unidade que ainda tenha estoque. Mas não é recomendado que o paciente vá sozinho a essa outra unidade, pois a prioridade é atender os pacientes cadastrados na mesma. “Existe uma logística para atender um público, uma quantidade de público em cada unidade”, explica a coordenadora.

Entenda para que serve e a importância desses materiais no tratamento contra diabetes

Tiras de glicemia

As tiras de glicemia são utilizadas para medir a glicemia capilar. Por meio delas é possível visualizar a porcentagem de glicose que está presente no paciente. A partir desse parâmetro, é possível identificar se o paciente está com a glicose normal, elevada ou baixa.

Agulhas para insulina (lancetas)

As agulhas são utilizadas nas canetas de insulina, para que o paciente consiga fazer a injeção, a aplicação no tecido subcutâneo dessa insulina.

Presidente da Regional Pará da Sociedade Brasileira de Diabetes, o endocrinologista Rubens Tofolo Júnior diz que no Estado há uma portaria que garante o tratamento gratuito fornecido pelo município a pacientes com diabetes, mas, na prática, isso não tem acontecido.

“O que a gente tem visto, nos últimos anos, é um descaso. Bsicamente tem faltado muito e os pacientes estão denunciando. Tem que denunciar mesmo, pois isso é grave”, diz.

Ainda segundo Rubens, pacientes diabéticos tipo 1 (que só usam insulina), precisam fazer a medição da glicose seis vezes por dia. “Isso acaba se tornando muito caro para eles, ter que comprar essas tiras”, explica.

Rubens Tofolo também relata que a falta de monitoração da glicose acaba sendo muito perigosa para o paciente. “Se o paciente não medir a glicose, ele pode ter um problema no rim, aí vai ter que fazer diálise. Se o paciente não monitorar, ele não sabe como está o controle e pode vir um descontrole dessa diabete, onde o paciente terá complicações”, disse.

O endocrinologista ainda aconselha sobre os cuidados para evitar a diabetes, como diminuir a ingestão de carboidratos, fazer atividade física. “A atividade pega a glicose da corrente sanguínea e joga para dentro das células. É uma mudança no estilo de vida, que contribui muito para o não desenvolvimento ou para postergar o aparecimento da doença. É importante a conscientização de que é uma doença muito presente”, finaliza.

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