Exposição sobre peixe-serra marca reabertura do Aquário do Museu Goeldi
Mostra valoriza importância ambiental e cultural da espécie, sagrada para o povo karipuna

Neste sábado (18), o Museu Paraense Emílio Goeldi reabre o Aquário Jacques Huber com a estreia da exposição “Ahetxiê: um tesouro da costa amazônica”, que destaca a importância ambiental e cultural do peixe-serra, também conhecido como “espadarte” na região.
A exposição integra a programação do museu para a COP30 e tem como foco a conservação da espécie, considerada criticamente ameaçada de extinção, segundo listas vermelhas do Brasil e da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Por seu porte, um adulto pode alcançar até sete metros, e por questões éticas de conservação, o animal não está presente fisicamente. A mostra aposta em arte e ciência para sensibilizar o público, com ilustrações do artista Alexandre Huber, réplicas em tamanho real produzidas com materiais recicláveis por Jackson Alves, além de uma obra do artista indígena Yermollay Caripune.
A curadoria é assinada por Patricia Charvet, Maria Ivaneide Assunção, Horácio Higuchi e Suzana Primo Karipuna, que também colaborou com as narrativas da etnia karipuna sobre o peixe-serra. Para esse povo do Amapá, o animal é uma entidade sagrada chamada Ahetxiê, associada à proteção e à migração histórica do grupo após a Cabanagem, conflito do século XIX.
“O peixe-serra guiou os karipuna até o rio Oiapoque, e é símbolo de orientação e proteção”, conta Higuchi. A curadora Patrícia Charvet ressalta que a espécie, embora rara, ainda sobrevive na costa amazônica, onde encontra abrigo em manguezais e bancos de areia. “É essencial preservar esse habitat para garantir sua sobrevivência”, alerta.
Além de sua relevância ecológica, o peixe-serra carrega significados espirituais para diversos povos indígenas ao redor do mundo, sendo visto como símbolo de boa sorte e equilíbrio.
A exposição também busca esclarecer confusões comuns sobre o nome “espadarte”, usado em diferentes regiões do Brasil para outras espécies marinhas, como o agulhão.
O Aquário Jacques Huber, inaugurado em 1911, é o mais antigo em funcionamento no Brasil. Após passar por manutenção, reabre ao público com cerca de 50 espécies amazônicas de peixes, além de um serpentário com cobras como jiboia e sucuri. Segundo Emanoel Fernandes, coordenador de Museologia, a mostra representa a união entre ciência e cultura, ampliando o olhar sobre a biodiversidade amazônica.
Serviço
Exposição “Ahetxiê: um tesouro da costa amazônica”
De 18/10 a 31/12
Aquário Jacques Huber – Museu Goeldi, Av. Magalhães Barata, 376, São Brás – Belém (PA)
Quarta a domingo, das 9h às 16h (bilheteria até as 15h)
Ingresso: R$ 3,00 (meia para estudantes; entrada gratuita para idosos e crianças até 11 anos)
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