Exposição do Museu Goeldi alerta para a preservação do peixe-serra, espécie ameaçada de extinção
Além da mostra, o espaço exibe diversas espécies de peixes que representam a rica fauna aquática da Amazônia
Após a reabertura do Aquário Jacques Huber, no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), no sábado (18), os visitantes já podem conferir a exposição “Ahetxiê: um tesouro da costa amazônica”, que faz um alerta sobre o risco de extinção do peixe-serra - conhecido na região como “espadarte” - e destaca a importância de sua preservação. Além da mostra, que segue até o dia 31 de dezembro e estará em cartaz em meio à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), o espaço exibe diversas espécies de peixes que representam a rica fauna aquática da Amazônia. A estreia já atraiu muitas pessoas nesta quarta-feira (22).
O diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nilson Gabas Júnior, afirma que a instituição está agregando um componente adicional à sua atuação na produção e transmissão de conhecimento, por meio de publicações e divulgação científica das coleções. E que tudo isso é possível ser feito por meio da exposição no aquário. Ele destaca a importância de mostrar à população o trabalho do Museu, valorizando o ecossistema e os meios de produção amazônicos, além da sustentabilidade praticada na região.
Segundo Gabas, a exposição vem com objetivo de chamar atenção para o risco de extinção do peixe-serra. Por isso, o convite à população para levar adiante essa consciência ambiental. O espadarte, como também é chamado, é uma espécie em extinção, encontrada na Margem Equatorial do Pará, Amapá e Maranhão. O alto valor agregado tem causado a perda da espécie. “Estamos procurando mostrar a especificidade de uma espécie da Amazônia, que é uma espécie em risco de extinção, e que precisamos chamar a atenção pela sua beleza e pelo fato de que ela traz em si o risco justamente de ser extinta, que é o espadarte”, explica.
Risco de extinção
A espécie ainda faz parte do imaginário do povo Karipuna, que o identifica com a entidade encantada “Ahetxiê”. Antes frequente em muitas regiões do mundo, hoje o peixe-serra está restrito a duas áreas do planeta e uma delas compreende a costa norte do Brasil, onde se localiza provavelmente o último refúgio natural da espécie no Oceano Atlântico. A exposição tem curadoria compartilhada entre os pesquisadores Patricia Charvet, Maria Ivaneide Assunção e Horácio Higuchi e Suzana Primo Karipuna, sendo os três últimos do MPEG.
“É uma espécie belíssima e de alto valor agregado, de alto valor econômico, mas é preciso entender como é que essa espécie funciona, onde que ela existe. Ela ainda existe em alguns trechos da margem equatorial do Brasil. É uma espécie em extinção que precisa ser resguardada e mantida em seu habitat natural. O que ressaltamos nesta exposição, de maneira contundente, é a necessidade de conscientização sobre o nível de depredação da espécie para garantir sua sobrevivência”, afirma o diretor do MPEG.
De acordo com o MPEG, devido ao tamanho do peixe-serra (um adulto pode chegar a sete metros), que demandaria um aquário gigante, e ao contrassenso de tirar o animal da natureza para mantê-lo em cativeiro, optou-se por uma exposição ilustrada pelo artista brasileiro Alexandre Huber, conhecido por trabalhar com educação ambiental. “Para a população é muito importante ter acesso a isso. Prover o conhecimento científico e sensibilizar a população sobre a importância dessa espécie. A importância ecológica da espécie e a importância de você manter a espécie no seu hábitat natural”, enfatiza Gabas Júnior.
Diversidade de espécies
O aquário abriga espécies como piranhas, peixes cascudos, diferentes tipos de arraias, além do esqueleto de uma baleia-jubarte. Também é possível encontrar exemplares de piramboia, um peixe descrito pelo próprio MPEG. O diretor do Museu Emílio Goeldi destaca que a exposição e os animais mantidos no espaço oferecem à população uma oportunidade de conhecer melhor o ecossistema aquático, sendo um grande atrativo especialmente para crianças e jovens.
“A piramboia é um peixe que foi descrito pelo Emílio Goeldi quando ele passou pela Ilha do Marajó. É uma espécie muito interessante porque possui dois sistemas de respiração: o pulmonar e o branquial. Na época da seca, ela se abriga em tocas e ativa o sistema respiratório pulmonar. É uma espécie que nos dá a exata dimensão da transição dos anfíbios para as espécies de respiração pulmonar”, detalha Gabas Júnior.
Visitação
Conhecendo a exposição nesta quarta-feira (22), a estudante Rosa Maria Galego aproveitou a manhã para conhecer o espaço. Para ela, a mostra é uma oportunidade de conhecer mais sobre as espécies e particularidades dos peixes amazônicos, contribuindo para a conscientização sobre a riqueza da biodiversidade local. “Eu acho interessante para as crianças verem os tipos de peixe, inclusive o peixe-serra. Já tinha escutado falar, mas visto de perto, ainda não”, comenta.
“Venho ao Emílio Goeldi porque eu gosto de olhar as plantas, os animais e os peixes. O local traz um sentimento de acolhimento. É confortável para mim. Eu já tinha frequentado o Museu, o anexo do aquário, só que antes da renovação Agora, que foi renovado, tem uma pintura muito mais bonita e parece que o local ficou mais amplo do que era”, acrescenta a estudante ao relatar que ficou encantada com a exposição.
A reabertura do aquário também foi proveitosa para a caixa de supermercado Vanessa dos Santos, moradora do município de Acará, no nordeste paraense, que aproveitou para passear junto dos filhos, Guilherme, Emanuel e Álvaro. “Viemos de Acará visitar minha avó e aproveitamos para passear, porque aqui em Belém sempre há várias coisas para a gente ver. E eles nunca tinham vindo ao museu, então o sonho deles era vir e ver os peixes, ver os animais. Não sabia da exposição e eles curtiram muito”, relata Vanessa.
“Ficaram encantados vendo a arraia. Visitamos também outros animais no espaço. Eles gostam muito disso, de pescar, então é uma coisa que eles têm familiaridade e gostam muito. Pretendemos voltar. Estou de férias e assim que puder, pretendo voltar e trazê los novamente”, completa Vanessa.
Serviço
Exposição “Ahetxiê: um tesouro da costa amazônica”.
Local: Aquário Jacques Huber (Parque Zoobotânico do Museu Goeldi), avenida Governador Magalhães Barata, 376 – São Brás
Período: 18 de outubro a 31 de dezembro
Dias/horários: de quarta a domingo, das 9h às 16h (com bilheteria até as 15h)
Ingresso do Parque: R$ 3,00 (com meia-entrada para estudantes e gratuidade para pessoas idosas e crianças até 11 anos)
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