Estudo aponta que tratamento tardio contra a depressão afeta grande parcela dos brasileiros

Instituto Ipsos confirma que busca por tratamento psicológico demora, em média, 39 meses

Gabriel Pires
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Dados divulgados na quarta-feira (15) pelo Instituto Ipsos, a pedido da empresa farmacêutica Janssen, apontaram que os brasileiros levam, em média, 39 meses - pouco mais de 3 anos - para buscar ajuda psicológica em casos de depressão. O levantamento foi feito em 11 estados e ouviu cerca de 800 pessoas. 

A pesquisa ainda confirma que, em muitos cenários, as pessoas não possuem ciência de como a depressão pode impactar a rotina e afetar a qualidade de vida. Os dados mostram que somente 10% das pessoas ouvidas acreditam que a doença não tenha base biológica. Já 35% consideram que a depressão não pode ser tratada com medicamentos, enquanto 36% relatam que, para tratar a enfermidade, é necessário força de vontade.

A busca por tratamento

Luana Machado, 33 anos, enfermeira, é uma das pessoas que foram diagnosticadas com depressão e que relutou em iniciar o tratamento. Com a confirmação da doença em 2020, ela relatou ao Grupo Liberal que começou a perceber os sintomas quando passou a evitar compromissos com os amigos, saídas em família e, até mesmo, ao perceber baixo rendimento no trabalho. 

“Eu levei alguns meses para aceitar que não ia conseguir melhorar só. Dei várias desculpas para não ir à primeira sessão, porém após quase uma semana sem conseguir dormir e levantar da cama, decidi que precisava ir”, explicou Luana Machado.

A psicóloga Rafaela Guedes acredita que um dos motivos para a resistência em buscar tratamento é lidar com o processo de aceitação e com os possíveis julgamentos externos, uma vez que há um preconceito muito grande por parte da sociedade em relação às pessoas que têm algum tipo de sofrimento mental.

“Muitas vezes, o que a gente observa na demora em buscar ajuda quando a pessoa está com os sintomas de depressão é o medo do julgamento externo. As crenças que estão enraizadas na sociedade, pelas crenças pessoais de que a depressão é falta de Deus, que pode ser curada por força de vontade, que seria frescura. Uma minimização do que seria um tipo de sofrimento mental e emocional”, afirmou Rafaela Guedes.

Agravamento da depressão pode ser fatal

De acordo com o portal Agência Brasil, a depressão é considerada uma emergência psiquiátrica devido à relação com casos de suicídios e tentativas de autoextermínio. Estudos apontam que cerca de 97% dos suicídios têm ligação com transtornos mentais, especialmente a depressão.   

A psicóloga Rafaela Guedes chama a atenção para o fato de que o tratamento tardio traz como resultado a cronificação do estado depressivo. “Como consequência mais grave são as ideações suicidas. À medida que a depressão vai se aprofundando, o sentido da vida vai sendo perdido. A pessoa se aproxima cada vez mais do desejo de morte”, alertou

Causas da depressão

Para a profissional de saúde mental, quadros depressivos estão associados, principalmente, ao modo em que a sociedade funciona. A doença é considerada reflexo dos impactos sociais, econômicos e políticos

“As condições de vida são mais difíceis hoje. Tem inflação mais alta, precariedade na saúde, serviços básicos oferecidos em uma quantidade mínima e de modo muito carente. Então, faz com que o acesso ao cuidado fique muito mais precário, que a possibilidade de viver bem, minimamente, fique também comprometida”, finalizou Rafaela Guedes.

(Gabriel Pires, estagiário sob a supervisão do coordenador do Núcleo de Atualidades, João Thiago Dias)

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