Estudante da UFPA é diagnosticada com meningite meningocócica
Caso confirmado pela Sesma acende alerta; órgãos de saúde monitoram contatos e reforçam prevenção

Uma estudante da Universidade Federal do Pará (UFPA) foi diagnosticada nesta semana com meningite meningocócica. O caso foi confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), que acompanha a situação em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por vírus, bactérias, fungos ou outras condições médicas. Dependendo do agente causador, a doença é altamente contagiosa e pode levar à morte se não for tratada rapidamente. Entre os sintomas mais comuns estão febre, dor de cabeça intensa e rigidez no pescoço. O diagnóstico é feito por meio de punção lombar e o tratamento varia de acordo com a origem; no caso da meningite bacteriana, é necessário uso imediato de antibióticos.
Medidas adotadas pelas autoridades de saúde
A Sesma informou que a estudante não reside em Belém e que não houve interdição do bloco da UFPA onde o caso foi registrado. Os alunos que tiveram contato direto com a jovem receberam quimioprofilaxia e serão monitorados por 10 dias, conforme protocolo do Ministério da Saúde.
Em nota, a secretaria destacou que “o acompanhamento e as ações de prevenção seguem sendo realizados pelas equipes de Vigilância em Saúde da Sesma, em articulação com a Sespa, garantindo a assistência necessária e a adoção das medidas de controle”.
A Sespa, por sua vez, informou apenas que disponibiliza a medicação para quimioprofilaxia aos municípios.
Risco de contágio preocupa especialistas
O médico infectologista Alessandre Guimarães, membro da Sociedade Paraense de Infectologia, explicou que a transmissão da meningite ocorre principalmente por contato próximo. “Pessoas portadoras da bactéria podem transmitir ao tossir, espirrar ou falar a menos de um metro de distância, liberando gotículas que contêm o meningococo”, detalhou.
Segundo ele, a rapidez da propagação torna a vigilância fundamental. “Um único caso pode gerar até dez novos, se as medidas de prevenção não forem aplicadas imediatamente. A letalidade é alta: entre 80% e 90% dos casos podem levar à morte em até dois dias”, alertou.
Tipos de meningite e prevenção
A presidente da Sociedade Paraense de Infectologia, Helena Brígido, que também é docente da UFPA e do Cesupa, destacou que a meningite pode ser classificada como aguda ou crônica. As agudas incluem as formas meningocócica, pneumocócica e por Hemophilus influenzae. Já as crônicas podem ser causadas pela bactéria da tuberculose ou pelo fungo Cryptococcus.
“Todas as formas são potencialmente graves. É necessário reconhecer os sinais, internar o paciente imediatamente, coletar exames e iniciar antibióticos”, afirmou.
A médica reforçou que a prevenção passa por medidas como ventilação de ambientes, uso de medicação preventiva em contatos próximos e, principalmente, a vacinação. “A vacina é fundamental para evitar surtos e deve ser aplicada ainda na infância”, disse.
Casos de meningite no Pará
Entre janeiro e setembro deste ano, o Pará registrou 136 casos de doença meningocócica, com 20 mortes, sendo 10 em Belém. Em 2024, foram 100 casos e 10 óbitos; em 2023, 21 casos e 1 morte.
Especialistas apontam que o aumento recente pode estar relacionado a mudanças climáticas e à queda na procura por vacinação. A recomendação é que todas as crianças recebam as doses gratuitas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aos 3 e 5 meses de idade, com reforço aos 12 meses.
Além disso, em situações de contato com pessoas doentes, orienta-se o uso de máscara, higiene frequente das mãos e quimioprofilaxia para familiares e contatos próximos.
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