Estação de tratamento vai evitar 10 milhões de litros de esgotos despejados em Belém por dia

A Prefeitura de Belém está promovendo consultas públicas, presenciais e online, para a execução de obras do Programa de Saneamento da Bacia da Estrada Nova (Promaben). Uma das etapas atuais prevê a construção da primeira estação municipal de tratamento de esgotos da capital. O equipamento terá uma vazão de média de 143,26 litros por segundo, e ficará no canal da Quintino, às margens do rio Guamá. Cerca de 10 milhões de litros de esgotos deixarão de ser despejados nas águas por dia.

O Sistema de Esgotamento Sanitário da Bacia da Estrada Nova será composto por uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), por sete Estações Elevatórias de Esgoto e 50 quilômetros de redes de esgoto que ficará interligada às casas. As Estações de Tratamento de Esgoto transformam água suja em efluentes reutilizáveis, ou seja, retiram da água os componentes contaminantes.

Alex Ruffeil, subcoordenador Ambiental do Promaben, explica que a ETE foi pensada para ser a primeira de Belém e passou por um rigoroso estudo técnico ambiental. Esses estudos estão sendo apresentados nas consultas. A consulta digital pode ser acessadas pelo site sesbaciaestradanova.belem.pa.gov.br. O prazo para participação encerra no dia 22 deste mês. 

O projeto prevê o atendimento primário a 84 mil moradores nos bairros do Jurunas e parte da Batista Campos, Cidade Velha e Condor, incluindo a Orla de Belém. Serão atendidos ainda o Miolo do Jurunas e o Conjunto Habitacional e Centro Comercial, que serão construídos na travessa Quintino Bocaiuva, para realocação de moradores que serão remanejados pelas obras Promaben II.

“A atual etapa do programa está orçada em cerca de US$ 144 milhões, envolvendo a Prefeitura de Belém e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O SES tem previsão para ser concluído em dois anos (2023)”, informou Alex Ruffeil.

Alex Ruffeil, do Promaben, explica quais resultados os estudos em curso pretendem alcançar: tirar 10 milhões de litros de esgotos não tratados do meio ambiente por dia (Ascom Promaben)

Problemas históricos

Com mais de 400 anos de história e mais de um milhão e meio de habitantes, Belém ainda despeja todo o seu esgoto na rede de drenagem que segue sem tratamento para as águas do rio da Guamá. Antes de chegar ao destino, esses dejetos se misturam às redes que recebem água da chuva e acabam alagando vias, casas e os locais mais baixos da cidade. É o que os estudos em curso do Promaben pretendem solucionar definitivamente.

Desses alagamentos, onde as pessoas são obrigadas a ter contato direto com águas contaminadas, resultam em proliferação de doenças de veiculação hídrica, como diarreias, dengue, leptospirose, esquistossomose e malária. Segundo o Instituto Trata Brasil, o estado do Pará está em segundo lugar no ranking de estados que mais internaram pessoas por causa desse tipo de doença. Em 2019, foram mais de 28 mil pessoas que buscaram atendimento médico especializado. Isso porque, ainda segundo o mesmo estudo, apenas 12% dos habitantes do Estado são alcançados pelo serviço de esgotamento sanitário.

Para o extrativista Rosivaldo Quaresma, morador do Combu com 45 anos, a chegada da Consulta Pública do Sistema de Esgotamento Sanitário à ilha mostra uma mudança no perfil da gestão pública. “A nossa região ainda é muito precária em todos os serviços, ter uma gestão que se ocupe em nos ouvir, já é um avanço”, aponta. Na última quinta, uma consulta pública presencial foi feita na ilha.

Esperança compartilhada pelo também extrativista Ednei Silva, de 42 anos, “Receber as pessoas aqui para explicar como as coisas que podem nos atingir serão feitas é bom, mas nós queremos avançar, e fazer as nossas próprias demandas”, complementa.