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Enema: especialistas explicam riscos da lavagem intestinal citada por Gaby Amarantos

Profissionais de saúde explicam que o método não tem respaldo científico e pode provocar desidratação e lesões intestinais

Laura Serejo*
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A cantora Gaby Amarantos voltou a ser assunto nas redes sociais ao revelar que perdeu 14 quilos após realizar uma “lavagem intestinal intensa”, técnica que ela mesma apelidou de “super chuca”. O procedimento, conhecido como enema, reacendeu o debate sobre os riscos e cuidados com esse tipo de prática. Segundo especialistas entrevistados por O Liberal, o método não é indicado para emagrecimento, não tem respaldo científico e pode trazer sérios riscos à saúde se feito sem acompanhamento médico.

O que é o enema e quando ele é realmente indicado

A gastroenterologista Daniele Imbiriba explica que o enema retal é um procedimento laxativo no qual é introduzido um líquido que percorre o reto e a parte final do intestino grosso. De acordo com ela, o método “está indicado para fazer a desimpactação fecal nos casos de constipação intestinal grave ou no preparo para exames e cirurgias”.

A médica alerta que a lavagem intestinal com grandes volumes de água pode causar complicações sérias. “Pode causar desidratação, desequilíbrio hidroeletrolítico, perfuração intestinal, infecção e lesões no local”, afirma a especialista.

Ainda segundo Daniele, não há qualquer base científica que comprove que o procedimento auxilia na perda de peso ou na chamada “desintoxicação” do corpo. “Esse procedimento não tem base científica para essa finalidade. O corpo humano já possui mecanismos de desintoxicação por meio dos rins, fígado, pulmões e pele”, reforça.

Ela também chama atenção para o uso frequente do enema, que pode alterar o funcionamento natural do intestino. “O uso frequente pode levar a uma disbiose intestinal (desequilíbrio da microbiota intestinal, caracterizado pela redução de bactérias benéficas e o aumento de microrganismos prejudiciais) e fazer com que o intestino perca sua capacidade natural de funcionamento”, explica.

Para quem busca melhorar o trânsito intestinal e fortalecer a imunidade de forma segura, a médica recomenda mudanças simples no dia a dia: “Melhora do hábito de vida, boa hidratação, alimentação equilibrada com fontes de fibras e probióticos, sono de boa qualidade e atividade física pelo menos cinco vezes por semana.”

Nutricionista alerta que lavagem intestinal não emagrece e pode causar desequilíbrio intestinal

A nutricionista clínica Samara Queiroz reforça que o enema não é um método de emagrecimento, já que a perda de peso observada ocorre apenas pela eliminação de água e resíduos fecais — e não de gordura. “Essa prática é totalmente equivocada quando a gente fala de emagrecimento. Ela pode até promover uma perda de peso momentânea, mas o que é eliminado é água e conteúdo fecal, e não gordura”, destacou.

Segundo Samara, o uso frequente da lavagem intestinal pode gerar desequilíbrios na microbiota (flora intestinal), reduzindo bactérias benéficas e provocando desidratação, lesões e até perfuração intestinal. Ela ressalta que não existe respaldo científico que justifique a prática com fins estéticos.

A nutricionista também explica que o emagrecimento é um processo multifatorial, que depende não só da alimentação e da prática de exercícios, mas também de fatores genéticos, hormonais e emocionais. “Claro que a alimentação equilibrada e a atividade física são pilares fundamentais, mas também existem outros fatores fisiológicos que influenciam, como a qualidade do sono, a hereditariedade, o controle do estresse e a saúde intestinal”, afirmou.

Samara destaca ainda que o intestino tem papel central na regulação metabólica e que uma microbiota saudável auxilia na produção de hormônios ligados à saciedade. “A microbiota intestinal equilibrada vai auxiliar na dissolução dos nutrientes e na produção de hormônios como o GLP-1 e a serotonina, que estão associados à saciedade e à modulação de processos inflamatórios. Quando há desequilíbrio intestinal, o corpo tende a reter gordura, aumentar o apetite e dificultar o emagrecimento”, explicou.

A especialista alerta para os riscos das dietas da moda e de métodos rápidos que prometem perda de peso imediata. “Na maioria das vezes, essas dietas levam à perda de massa muscular, carências nutricionais e ao efeito sanfona. Cada corpo é único, e o que funciona para uma pessoa pode ser prejudicial para outra”, observou.

Por fim, Samara reforça a importância da hidratação adequada e de hábitos sustentáveis. Ela orienta que o ideal é consumir 35 ml de água por quilo de peso corporal por dia e manter o consumo regular mesmo sem sentir sede. “A sede já é um sintoma de desidratação. Por isso, é importante beber água ao longo do dia, incluir frutas ricas em água, como abacaxi, melancia e melão, e evitar sucos, mesmo os naturais, por conta do açúcar”, acrescentou.

Outros comportamentos simples também ajudam: mastigar bem os alimentos, respeitar os sinais de fome e saciedade e manter constância nas escolhas diárias. “São mudanças que vão muito além da dieta e da atividade física, mas que fazem total diferença no processo de emagrecimento”, concluiu.

*Laura Serejo (estagiária de jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo de Atualidades)

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