Em Belém, fiéis evitam julgamento precipitado
Católicos dizem que o caso do arcebispo Dom Alberto Taveira Corrêa deve ser investigado até o fim

Católicos que sempre frequentaram a igreja e assistiram ao programa “Fantástico”, da TV Globo, que foi ao ar neste domingo (3), esperam que os órgão competentes sigam nas investigações. E, dependendo do resultado, a justiça seja feita no caso que envolve denúncias de abusos sexuais supostamente praticados pelo arcebispo metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, durante o exercício do cargo em Belém, na capital paraense. As investigações são feitas pelo Vaticano, pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Civil do Pará.
“Se ele está sendo investigado, isso vier à tona e for confirmado que, de fato, aconteceu, tem que haver punição. Mas para julgar uma pessoa, primeiramente, tem que investigar direito os fatos, porque não se pode olhar só um lado da moeda. Se o arcebispo estiver errado, tem que ser punido e excluído, porque isso prejudica a imagem da igreja católica. Agora, se ele não estiver errado, tem que haver punição para quem o acusa. Assim como sou católico, sou uma pessoa crítica e prefiro ouvir as investigações”, afirma o católico desde criança Naldo Silva, 49 anos, que frequenta a Paróquia Maria Goretti, no bairro do Guamá, em Belém.
A católica Maria Sales, que é enfermeira e tem 58 anos, diz que sentiu impacto quando acompanhou a reportagem no Fantástico. Para ela, o caso também tem que ser investigado. “Existem casos no Brasil. Temos que acreditar na justiça de Deus e dos homens. Mas o caso tem que ser investigado, porque envolve pessoas que, à época, eram adolescentes. Duas partes estão sendo lesadas e, dependendo do resultado das investigações, a justiça tem que ser feita. Vamos ficar crédulos no que Deus tem pra mostrar”, frisa Sales, que mora no bairro de Fátima e frequenta a paróquia com o mesmo nome.
Para o estudante Pedro Maia, 22 anos, que é católico, a notícia não o surpreendeu tanto. “Não é o primeiro caso, acontece várias vezes isso, não só na igreja, mas ocorre em vários espaços. Acho que a investigação tem que ir a fundo, porque as denúncias são graves. Se o arcebispo for culpado mesmo, tem que ser preso. Caso ele não seja culpado, pode processar quem o acusa”, opina Maia, que fez catequese e frequentava mais a igreja quando era mais jovem. Nos tempos atuais, ele sempre acompanha a avó às missas em igrejas localizadas no bairro de São Brás.
Matéria ganhou o 'Fantástico'
O programa "Fantástico", da TV Globo, exibiu uma reportagem especial sobre o caso, com mais detalhes e relatos sobre os crimes que teriam sido cometidos pelo líder religioso contra integrantes do Seminário São Pio X, em Ananindeua, com idade entre 15 e 18 anos.
Ao longo de mais de 18 minutos, a reportagem expôs detalhes das denúncias contra o líder religioso, enviadas ao Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). De famílias religiosas e humildes, os ex-seminaristas revelaram que os tradicionais encontros entre os jovens aspirantes a padres e Dom Alberto Taveira também ocorriam na casa do líder religioso - ambiente apontado como o local em que ocorriam os crimes. Entre o fim de outubro e novembro de 2019, o Fantástico ouviu detalhes sobre o que ocorria nos encontros privados.
Segundo a reportagem, Dom Alberto recebia os jovens em três lugares: na capela, onde a conversa era sobre vocação religiosa; na sala, onde o foco era família e estudos e no quarto do arcebispo, geralmente ao fim do dia, onde a temática girava em torno de intimidades. As vítimas contam que os diálogos de teor sexual envolviam perguntas sobre masturbação, orientação sexual e inclusive a medida do pênis ereto dos jovens.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA