Diabéticos denunciam falta de insulina em Belém e Ananindeua

Na capital, previsão para normalizar o fornecimento é apenas para o mês de março

Dilson Pimentel
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Pacientes diabéticos denunciam as dificuldades para conseguir insulina em Belém e em Ananindeua. Em Belém, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) não distribui insulina desde dezembro de 2020, diz a presidente da Associação dos Diabéticos do Estado do Pará (ADEPA), Willa Lobato. Faltam também as bombas de insulina e as fitas para medir a taxa de glicose.

Segundo a associação, mais de duas mil pessoas estão cadastradas no serviço de distribuição de insulinas na prefeitura de Belém. Willa, que acompanha a previsão de chegada de insulina, recebeu a informação de que a chegada está prevista só para março.  Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou “que não está medindo esforços para regularizar o estoque de insulinas e já está com o processo de aquisição em andamento”. A Sesma informa ainda que, devido à grande demanda, o abastecimento de alguns tipos de insulina está comprometido em todo o mundo.

Willa Lobato afirmou que, há muito tempo, os pacientes diabéticos do Estado do Pará enfrentam a falta de medicamentos e de ter um tratamento adequado para ter uma qualidade de vida. “Conseguimos essa decisão judicial, mas continuamos enfrentando muitos problemas, que se agravaram mais ainda com a pandemia”, contou. Em 2008, uma decisão judicial determinou que União, Estado do Pará e Município de Belém fornecessem tudo o que fosse necessário sem a interrupção do tratamento.

“Em 2020, ficamos o ano todo sem receber os insumos para o aparelho para a verificação de glicemia capilar, o que é essencial para que o diabético faça seu controle glicémico. A medicação é essencial para o controle da doença, pois não existe ainda uma cura para o diabetes”, afirmou. O teste da glicemia capilar é feito com objetivo de verificar os níveis de açúcar no sangue em determinado momento do dia.

Descontrole do diabetes deixa paciente suscetível à covid-19

O descontrole do diabetes acarreta várias complicações. Algumas delas são retinopatia diabética, doença renal crônica, amputação de membros e problemas micro e macro vasculares. “Esse descontrole também deixa o diabético suscetível a doenças de aspecto viral, como é o caso da covid-19. Essas medicações são abrangidas por meio de sentença judicial, porém o descumprimento é constante, tanto pela Prefeitura de Belém quanto pelo governo do Pará. Esse descumprimento se dá pela falta de insumos para verificação de glicemia e medicamento orais e injetáveis”, contou Willa Lobato.

Em Ananindeua, a dona de casa Dicilene Santos, 45 anos, contou que parou sua vida para cuidar, integralmente, do neto Thalyson, de 5 anos. O menino tem  diabetes tipo 1 e problema neurológico. “Desde 9 meses de idade ele adquiriu a doença. Foi internado, entrou em coma e eu passei a cuidar dele a partir dos 3 anos de idade. Há dois meses ele não recebe insulinas”, afirmou. Acamada, a criança não anda, não senta e não fala.

Também não tem recebido fraldas. Thalyson precisa de fraldas que não causem alergia, por causa da diabetes, e essas fraldas são mais caras. O garoto também necessita do sensor para o aparelho livre. “Ele já ganhou o aparelho, mas falta o sensor. É muito caro, quase R$ 300. Eu não tenho condições de comprar o sensor para Thalyson”, contou. Cada sensor dura no máximo 15 dias.

“E ele não está sendo acompanhado pelo Programa Melhor em Casa. Eu compro os remédios controlados pelo governo, eu que compro, nunca consegui pelo governo. Como é que um diabético pode ficar sem insulina. É difícil. Ele tem apenas 5 anos de idade”, afirmou. Quem puder ajudar Dicilene  pode falar com ela nos seguintes números: 980844151 e 999262294. Willa Lobato também disse que, na última audiência judicial, falou da importância desse aparelho de que o Thalyson precisa. “Como ele é criança, não fala e não anda, precisa se furar muitas vexes, para verificar a glicemia. A avó fura muitas vezes o dedinho dele. A pele da mão é mais fina, assim como a das pessoas idosas. O aparelho que ela (avó) pede é um aparelho que vem com dois sensores, cada um dura 15 dias.

Coloca o sensor no braço, por exemplo, e o sensor fica 15 dias no braço e não precisa ficar furando muitas vezes as mãos. Se furar o dedo, será uma ou duas vezes só para calibrar o aparelho. Passando o aparelho perto do sensor e vai ficar mostrando o tempo real a glicemia do paciente”, contou. Ainda na nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) afirmou que “a distribuição de tiras e lancetas para teste de glicemia capilar está com estoque regular e vem sendo realizada normalmente. E, em relação às bombas de insulina, a competência é do Governo Estadual”.

Prefeitura de Ananindeua e Governo do Pará também falam sobre as providências

Já a Secretaria Municipal de Saúde de Ananindeua (SESAU) informou que o fornecimento da insulina "Humalog" está regular e que, para receber o medicamento, é necessário que o paciente se encaminhe à UDME do município e esteja cadastrado para receber. “Em relação às insulinas "Lantus e Tresiba", a Secretaria aguarda o reabastecimento das mesmas por parte da Secretaria Estadual de Saúde (Sespa), responsável pelo fornecimento das insulinas Análogas. Sobre o sensor usado no aparelho de verificação de glicemia, a SESAU esclarece que está em processo de compra”, afirmou.

Também em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou que é responsável pelo fornecimento dessas insulinas nos municípios do interior do estado. Os usuários da capital são de responsabilidade da Sesma. “O estoque de Humalog e Aprida estão regulares. Quanto a Lantus e Trebisa, a previsão de regularização é de 30 dias. Os demais insumos são de responsabilidade de fornecimento de cada município”, completou.

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