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Dia Nacional da pessoa com Síndrome de Down chama atenção ao respeito e autonomia

André Bastos e Felype Leal compartilham suas histórias e inspiram o empoderamento de outras pessoas

Emanuele Corrêa

A luta pela visibilidade, direitos e independência das pessoas com Síndrome de Down ou com trissomia do cromossomo 21 é contínua. Em Belém, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) atua há 60 anos junto com as famílias para promover dignidade a essas pessoas. Nesta segunda-feira (21), Dia Nacional da pessoa com síndrome de Down, a equipe da Redação Integrada de O Liberal apresenta histórias de pessoas que comprovam que ter três cromossomos no par 21, não é uma condição limitante.

Carol Salomão, assistente social e gerente de serviços de saúde da Apae há 9 anos, relembra que muitas conquistas foram alcançadas. No entanto, apesar de hoje, segundo ela, o Brasil ter uma das melhores legislações que garantem os direitos, ainda é importante relembrar a sociedade que essas pessoas têm autonomia e precisam ser vistas dessa forma. "Eles precisam fazer escolhas, construir suas histórias e por isso atuamos nas três áreas: saúde, educação e assistência social. A família precisa ser acolhida,; eles precisam trabalhar a saúde, reabilitação, desenvolvimento cognitivo; a educação com fortalecimento da ideia que as pessoas com deficiência devem estar matriculadas na escola regular e no contraturno estarem na Apae para trabalhar as atividades de concentração, desenvolvimento e habilidades", disse.

"Hoje eu tenho 202 pessoas, que são indivíduos. Temos uns que desejam ser apresentadores de TV, radialista, campeão de natação, jogador de futebol. Então damos a oportunidade para eles serem o que quiserem. Precisamos oportunizar sonhos, para que todos nós conquistemos aquilo que precisamos, independente de deficiência. Parar de olhar o outro pela sua limitação e sim pela sua potencialidade. A pessoa com deficiência é capaz sim. Precisamos abrir portas para que eles possam desenvolver seu potencial", finalizou.

Sonhos internacionais e inspirações

image André Bastos, 50 anos, há 25 anos trabalha na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) como assessor parlamentar e tem um programa na TV Apae, onde trabalha as questões referentes à inclusão das pessoas com deficiência. Em 1988 foi medalhista internacional em natação. (Ivan Duarte / O Liberal)

André Bastos, 50 anos, trabalha há 25 anos na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) como assessor parlamentar. Faz questão de mostrar entre seus grupos sociais que a pessoa com trissomia 21 pode e deve ter autonomia. Ele começou a nadar pelo Clube do Remo, em 1988 participou da primeira competição nacional com medalha de ouro. Nos anos seguintes participou de torneios internacionais na Colômbia, Grécia, Malta, Espanha e México como nadador da APAE. André ainda tem o feito de ter sido o primeiro nadador com síndrome de Down a atravessar a Baía do Guajará, em Belém. Em seu trabalho, na Alepa, ganhou a comenda da “Ordem do Mérito” Cabanagem.

O medalhista destaca que também tem um programa na TV Apae, onde trabalha as questões referentes à inclusão das pessoas com deficiência. "Fico na assembleia e também venho para a Apae e aqui apresento o meu programa. O 'Direito de ser' trabalha a temática da inclusão social de pessoas com deficiência no geral: down, baixa visão e autismo", explica.

image Felype Leal, 24 anos, é produtor de conteúdo. Em suas redes sociais compartilha a rotina de treinos e dá dicas a quem o segue. (Ivan Duarte / O Liberal)

Felype Leal, 24 anos, é modelo é produtor de conteúdo. Em suas redes sociais posta dicas de treinos e aborda a questão do esporte e da pessoa com deficiência. Ele conta que seu sonho é ser influencer e também professor de educação física. "A TV Apae mudou a minha vida. O meu programa se chama 'Partiu com Felype Leal', eu tenho uma equipe e são as pessoas que eu amo. Aqui na Apae eu faço de tudo e na academia eu gosto de peso, meu exercício favorito é a rosca. Eu gostaria de no futuro ser personal trainer e também ser famoso", destacou.Para André, a representatividade é importante e a novela "Um lugar ao sol" das 21h apresenta um pouco das vivências. O assessor destaca que a autonomia das pessoas com síndrome de Down e outras deficiências deve ser priorizada e respeitada. "Eu acho que as pessoas precisam sair sozinhas. As famílias devem oportunizar que as pessoas com deficiência tenham autonomia. Eu acho que a humanidade e a acessibilidade são feitas com direitos. Vivemos num mundo itinerante, com inclusão simbólica. Então, temos que trabalhar todos juntos", ressaltou.

Clea Leal, mãe do Felype, explica que as famílias têm uma importância no desenvolvimento e que as oportunidades que deu ao primeiro filho, que nasceu com os 46 cromossomos, são as mesmas que dá ao que nasceu com 47 cromossomos. "As pessoas acham que as pessoas com deficiência não tem sonhos. Desde pequeno ele sempre gostou de esporte, incentivamos ele a participar de tudo, as mesmas coisas que o irmão. Hoje ele é digital influencer, apresentador, modelo. Demos as mesmas liberdades ao Felype para buscar os sonhos dele", pontuou.

image A família da Clara Manuelle em um momento de descontração. (Felipe Bispo / O Liberal)

Shirlene Borges Martins, 39 anos, é mãe da Clara Manuelle de 3 anos e relembra que descobriu a gravidez em 2018, fez o pré-natal e não deu nenhuma alteração. Somente no parto descobriram que a bebê nasceu com a condição. "Ela tinha Down, mas não nasceu com nenhum problema de saúde, porque geralmente as crianças com Down nascem com cardiopatia. Tivemos um choque, mas que logo foi embora. Ela é o amor das nossas vidas, o pai e eu fazemos tudo por ela. Ela faz acompanhamento pela APAE e pelo plano de saúde com terapia duas vezes na semana. Em casa tratamos a Clara como igual, assim como tratamos a nossa primeira filha", explicou.

Aos pais e mães que têm uma criança com síndrome de Down, Shirlene deixa uma mensagem para que não temam e que incentivem os filhos, contribuam para a realização dos sonhos e desejos no decorrer da vida. "Seus filhos poderão fazer muita coisa. Ir pra escola, trabalhar, ter o próprio dinheiro e ser feliz. O amor não conta cromossomos. E representatividade é importante", finalizou.

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