Dia Mundial de Luta Contra a Raiva: especialistas alertam para riscos e reforçam vacinação
Além da transmissão direta por cães e gatos, especialistas destacam que morcegos também são os principais vetores do vírus

Lembrado neste domingo (28), o Dia Mundial de Luta Contra a Raiva acende um alerta sobre os riscos para humanos e animais e, principalmente, a importância da vacinação de pets. Além da transmissão direta por cães e gatos, especialistas destacam que morcegos também são os principais vetores do vírus, podendo contaminar animais domésticos e até pessoas sem contato prévio com pets. A imunização, reforçam, é fundamental não apenas para proteger os animais, mas também como medida de saúde pública capaz de evitar surtos e até endemias.
A raiva animal é uma doença viral que compromete o sistema nervoso central de mamíferos e é transmitida, primariamente, pela saliva de animais — normalmente após mordidas ou arranhões de um animal infectado. Nos casos dos pets, os sintomas se manifestam principalmente com salivação abundante, como explica a médica-veterinária Renata Cabral. “A raiva tem esse nome porque causa espasmos musculares. O animal contaminado fica mostrando os dentes como se estivesse com raiva de alguma coisa, mas não necessariamente desenvolve um instinto raivoso. E, por ser um vírus, a doença não tem cura”, diz Renata.
“O risco da raiva é que não tem cura e, infelizmente, leva a óbito. Além disso, é um vírus muito contagioso. É válido sempre vacinar, porque também tem que se levar em consideração que a doença é uma zoonose, que passa do animal para o humano. É um vírus entre espécies, entre mamíferos, tanto que nós temos até os morcegos, que são mamíferos voadores, que podem ser contaminados e transmitir o vírus da raiva. É importante que se vacinem os pets porque, se os morcegos entrarem em contato com esses animais e morderem ou forem mordidos, tanto cães quanto gatos podem se infectar”, pontua.
A médica-veterinária Andréia Autran também reforça que o morcego é um dos principais transmissores da raiva. Assim, muitas vezes, as pessoas ou os animais domésticos podem ser infectados sem o contato direto com cães ou gatos, mas sim pela mordida ou arranhadura de morcegos infectados, ou ainda pelo contato com a saliva deles.
“Quando ocorre o contato direto com o morcego suspeito de transmitir o vírus da raiva, é importante, caso seja possível, encaminhar o animal para avaliação junto à Secretaria de Saúde. Para isso, nós temos o Centro de Controle de Zoonoses, porque essa captura precisa ser realizada por uma equipe especializada. E o humano ou pet exposto deve receber uma profilaxia pós-exposição, que inclui a vacinação e, em alguns casos de alto risco, o soro antirrábico”, alerta a médica-veterinária.
Sintomas
Renata Cabral explica que os sintomas da virose em cães e gatos iniciam como qualquer outra virose, com quadro febril, apatia e falta de apetite. Em seguida, o animal fica mais recolhido e começa a se esconder, até que apareçam os espasmos musculares — quando o quadro da doença começa a se agravar. Renata ainda detalha que o vírus ataca o sistema nervoso, causando convulsões e espasmos na boca, o que gera salivação excessiva, popularmente descrita como o cão “espumando”.
Vacinação regular
Por conta desses riscos, o recomendado é a vacinação regular a partir dos seis meses de cães e gatos. “A vacina é a única forma de prevenção. No imunizante, coloca-se um pouco do vírus atenuado, apenas para estimular o organismo a produzir anticorpos. A gente indica a primeira vacina antirrábica ainda nos primeiros seis meses de vida. A partir do momento em que o pet começa a socializar com outros animais e a ter mais acesso à rua, já indicamos a vacina antirrábica. E, a partir disso, se faz um controle anual. Todo ano é válido fazer a vacinação como forma de prevenção”, observa Daniela.
“Ao longo de toda a vida, deve-se vacinar porque, enquanto o animal estiver vivo, ele, infelizmente, está propenso a se contaminar. Proteger os animais é proteger a população. Praticamente todo humano que convive com um animal está sendo protegido. É uma forma tão simples de garantir a saúde do pet e, consequentemente, da família. A vacinação é um controle de saúde pública, para que se evite uma endemia ou até uma pandemia na raça humana”, acrescenta a médica-veterinária.
Andréia Autran ainda lembra da importância para além dos pets. “É importante também que os profissionais de saúde que trabalham diretamente com animais se vacinem. Isso inclui não apenas médicos-veterinários, mas também pessoas que trabalham em laboratórios e que vão a campo para capturar animais. Todos esses profissionais deveriam ser vacinados ou seguir um protocolo de pré-exposição à raiva”, considera.
Em casos de animais que estejam doentes, em tratamento, debilitados ou pacientes imunossuprimidos, a vacinação não deve ser feita de imediato. “Para receber a vacinação, é importante o paciente ter uma boa imunidade. Pacientes com alterações clínicas significativas, como febre, apatia, desidratação ou alterações consideráveis na condição corporal, e pacientes subnutridos devem ter a vacinação adiada até a recuperação. Já os efeitos adversos são raros”, enfatiza Andréia Autran.
Variantes
O médico-veterinário Rogério Politti ainda pontua que o vírus da raiva possui muitas variantes, dependendo da espécie e do hospedeiro. “A vacina da raiva em cães e gatos protege contra as variantes urbanas. Para outras variantes, como rural ou silvestre, existe vacina específica. Nenhuma vacina confere cem por cento de imunidade, pois depende do organismo que a recebe e da sua produção de anticorpos, mas animais saudáveis respondem muito bem à canina. A vacina para cães e gatos é a mesma, não há diferenciação”, reforça.
Cuidados
A tosadora Anne Costa, que é tutora de sete pets, enfatiza a importância da vacinação para a saúde de seus cachorros, afirmando que não enfrenta problemas de saúde com eles por estarem todos imunizados. Esse cuidado é reforçado anualmente e, na última quinta-feira (25), ela vacinou uma das cachorrinhas, a Luna, de 7 anos. “Sempre tenho um cuidado anual. Eu fiz o cronograma de vacinação desde filhotinho, tomando a múltipla, indo para a antirrábica, gripe, entre as diversas vacinas que existem. Para mim, é prioridade”, pontua.
“Eles não têm problemas de saúde. Manter essas vacinas em dia não é fácil, mas sigo à risca. Mantenho em dia para não ter problema. Inclusive, todos os pets têm uma caderneta de vacina. É bem especial, porque eu mandei fazer um diário pet. Tudo isso para manter em ordem, não só as vacinas deles, como também a rotina e os custos. É um diário bem organizado. É melhor manter a vacinação em dia para evitar problemas futuros”, acrescenta Anne.
Para Anne, a responsabilidade pela vida de um animal de estimação envolve cuidados estéticos, de saúde, como vacinas, alimentação adequada, acompanhamento veterinário e exames de rotina. “Eu tenho sete animais de estimação e, quem tem, sabe o amor e o cuidado que eles exigem, além da responsabilidade. Quem decide ter um animal de estimação precisa estar ciente da responsabilidade que terá sobre a vida dele”, relata.
Imunização
Em Belém, a vacinação antirrábica é oferecida gratuitamente pela Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ), localizada no km 11 da avenida Augusto Montenegro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h. A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) reforçou ainda que campanhas são programadas regularmente em todos os bairros, integradas a outras ações da Prefeitura em praças e feiras públicas do município.
Já em Ananindeua, a Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Animal (Sempa), realiza mensalmente ações itinerantes em diferentes bairros do município, como detalhado pela prefeitura. As iniciativas levam serviços essenciais de cuidado e prevenção para os pets da cidade, como o programa “Vet Ananin”, que oferece vacinação antirrábica e atendimento clínico gratuito.
Além disso, a prefeitura também desenvolve campanhas de conscientização sobre a importância da imunização e dos cuidados com a saúde dos animais, reforçando o papel dos tutores nesse processo. A programação das ações pode ser acompanhada pelas redes sociais oficiais e pelo portal do município.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA