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Dia Mundial da Gastronomia Sustentável propõe mudanças à mesa

Práticas como a compra de produtos cultivados e vendidos por mercados locais podem ajudar a melhorar o cenário de desperdício

Camila Azevedo
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Cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo são perdidos ou desperdiçados, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Um levantamento realizado pela ONU mostra que os oceanos, florestas e solos estão sendo utilizados de forma degradante, o que levou a instituição a criar o Dia Mundial da Gastronomia Sustentável em 2016. A data foi celebrada no sábado (18) e tem como objetivo afirmar que todas as culturas e civilizações possam contribuir para o desenvolvimento sustentável do planeta, promovendo a agricultura e a produção consciente, fortalecendo a biodiversidade e a segurança alimentar.

Em Belém, o conceito da gastronomia sustentável é praticado pelo chef Wagner Vieira e pela geóloga Susane Rabelo, que adotam um modelo de restaurante - Toró Gastronomia Sustentável - que busca contribuir para uma Amazônia mais sustentável, tendo como referência a diversidade da floresta.

Para eles, a ideia não se restringe apenas à qualidade da comida que se leva à boca: também é levado em consideração a origem do produto, seu modo de produção e o preparo da comida.

“O ato de comer é uma experiência importante. Para isso, temos que pensar no final da cadeia e o que podemos valorizar nela. A cultura gastronômica é um caminho para fortalecer hábitos saudáveis”, explica Susane. "A gastronomia sustentavel vai além da saúde do corpo. Ela alcança a premissa de que precisamos cuidar do sistema Terra, da saúde do planeta", completa.

O intuito, segundo eles, é agir localmente pensando globalmente. O trabalho envolve a harmonia com o meio natural porque, de acordo com Susane, “temos que entender que somos parte dessa natureza, estamos dentro desse meio e somos agentes transformadores”.

Para o chef Wagner Vieira, a gastronomia sustentável conecta as pessoas a cultura local e isto é extremamente necessários para salvaguardar a identidade do lugar, juntamente com a valorização sociocultural e ambiental. “A comida simboliza a nossa diversidade cultural, que é ímpar, é singular, e que só existe aqui nesta Amazônia paraense, consolidada pela cultura alimentar do povo que habita a floresta, o campo, as praias e etc”, acredita.

Ação sustentável com ancestralidade indígena

Em uma ação desenvolvida pelo restaurante de Wagner e Susane, os dois, juntamente com indígenas da etnia Surui Aikewara, utilizaram o moquém (do tupi antigo moka'ẽ), uma grelha de madeira usada para defumar carne ou peixe, para o preparo dos alimentos.

image Susane Rabelo, Itair Suruí, Matânia Suruí e Wagner Vieira mostrando a Castanha-do-Pará e Pilão Ailewara (Foto: Gabriela Amaral)

Esse foi o "Moquém: uma construção biocultural indígena que inspira a gastronomia sustentável", projeto que presentou a técnica ancestral do Povo Aikewara associada à comida sociobiodiversa do Toró - Gastronomia Sustentável. Foi um dos 11 projetos selecionados do Mercosul e único da região Amazônica do "Me conta: Sociobiodiversidade 2021", premiado na categoria "Da mata ao cotidiano", promovido pela Associação Cultural Vila Flores e AsSsAN Círculo (UFRGS).

image Itair Suruí apresentando um protótipo do moqueio Aikewara para o chef Wagner Vieira (Foto: Gabriela Amaral)

Segundo Wagner, o instrumento da cultura indígena, técnica ancestral do povo Aikewara, destaca a força e resistência dos povos, com objetivo de “trazer reflexões sobre a importância da conservação sociobiodiversa e cultural de um planeta que possui uma natureza geodiversa e, sobretudo, fortalecer a luta dos povos indígenas sobre o seu direito, principalmente, ao território como espaço de produção cultural, saúde e educação escolar indígena”.

A ação contou com a participação de Itair Suruí e Matânia Suruí, representantes indígenas Aikewara, e de um grupo de pesquisadores convidados.

Como contribuir com a sustentabilidade?

A sustentabilidade é importante para que a agricultura, pesca e a preparação de alimentos não prejudiquem os recursos naturais e possam continuar sendo feitos sem gerar danos ao meio ambiente ou à saúde da população no futuro, prevista para chegar a mais de 9 bilhões de pessoas em 2050.

Com isso, a ONU alerta para que os produtores sejam mais cuidadosos e os consumidores passem a ser mais exigentes ao escolher o que comprar.

A sociedade pode fazer parte escolhendo alimentos próprios da estação, cultivados e vendidos por mercados locais. Essas práticas ajudam a mudar os padrões de compras de empresas, como restaurantes e hotéis, e preservar as receitas e culturas tradicionais, um dos focos da campanha da ONU.

Outros benefícios estão ligados ao impulso da economia de uma área ao apoiar agricultores e pescadores, além de reduzir os gases do efeito estufa usados no transporte de alimentos. 

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Belém
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