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De Belém do Pará a Belém da Judéia: paraenses relembram experiência onde Jesus nasceu

Cidade com mais de três mil anos de história e hoje com cerca de 30 mil habitantes tem na época do Natal maior fluxo de turistas, que buscam conhecer a Igreja da Natividade

Daniel Nardin e Emanuele Corrêa / O Liberal
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Situada cerca de 10 km de Jerusalém, em Israel, a cidade de Belém de Judá é o destino de aproximadamente dois milhões de cristãos, de todas as partes do mundo, no período natalino. Após um ano de silêncio e reclusão por conta da pandemia de Covid-19, a expectativa para 2021 era a retomada do alto número anual de turistas. O aparecimento da variante Ômicron fez com que as restrições determinadas pelas autoridades retornassem, ainda que intensidade menor, mas afastou a chegada de turistas.

A esperança pelo retorno da normalidade é uma das expectativas da população, onde boa parte dos cerca de 30 mil moradores dependem da movimentação na cidade, localizada em território palestino, na Cisjordânia, para garantir renda.

O mesmo sentimento, assim como em outros locais do mundo, é percebido em Belém do Pará, onde também vivem cristãos, que viveram a experiência de visitar um dos lugares mais sagrados do cristianismo, a Igreja da Natividade e aguardam a retomada completa da normalidade para visitar novamente o local.

Casal quer voltar em 2023 à Terra Santa

Geo Damasceno, 55 anos, é como é conhecida a professora, que por batismo atende como Maria de Jesus Damasceno e recebeu este nome em homenagem a Jesus, uma vez que nasceu dia 25 de dezembro. Católica, Geo já esteve em Belém – ou Bet Lehem, em hebraico – duas vezes. A primeira, em 2010. A última, em 2019. E pretende retornar, pois ainda rememora a emoção de conhecer a cidade em que a história bíblica narra ter sido o local onde Jesus nasceu. "Em 2010, foi uma visita de superação e coragem pois estava me recuperando de um acidente que quebrei a perna e passei alguns meses sem andar. Com muito esforço fui movida a caminhar por terras santas. Conhecer o local onde Jesus nasceu, a longa caminhada de Maria para visitar Isabel, passar por lugares que só imaginava através da Bíblia Sagrada foi uma experiência única", relembra a professora.

Pela chamada Terra Santa, Geo visitou, entre outros locais, a Basílica da Anunciação, em Nazaré, o Monte das Bem-Aventuranças, na região da Galiléia, o Monte das Oliveiras, em Jerusalém. E, claro, a Igreja da Anunciação, onde Geo afirma ter sido um dos locais mais emocionantes. A cristã relembra com afeto e diz que a viagem trouxe os ensinamentos da sagrada família a sua vida e tem planos de retornar em 2023. "Está guardada na memória e no coração a visita em cada local percorrido. Deixei algumas lágrimas. Essa viagem foi a lição mais bela que pude ter, e sentir os ensinamentos da Sagrada Família em minha vida. Jamais imaginaria poder conhecer, tocar e sentir esses lugares santos e também a gratidão de poder interceder por tantos amigos e familiares que pediram orações. Pretendo voltar em 2023 com meu marido para renovar nossas bodas em Caná", destacou.

A “Porta da humildade” da igreja de 1,4 mil anos de história

A atual Igreja da Natividade - patrimônio da Humanidade desde 2012 - abriga a edificação cristã mais antiga da Terra Santa. A cidade é citada no Novo Testamento (Lucas, capítulo 2) como o lugar onde José e Maria chegaram para cumprir a norma do censo romano daquele ano. José teve que se deslocar com a esposa grávida de Nazaré até Belém, uma vez que ele era da "Casa de Davi", da linhagem do rei Davi, que também nasceu em Belém. Por conta da grande quantidade de moradores de outras cidades que foram para cumprir a norma, José não encontrou local para dormir e então seguiu para a gruta, onde ficavam os animais.

Hoje, o complexo erguido no local registra ao menos três fases de reconstrução. E elas são visíveis logo na sua principal entrada. Ao invés de grandes portões, como são comuns em templos, para avançar ao interior da igreja é preciso se curvar para passar por uma pequena e simples passagem, hoje chamada de “Porta da Humildade”. O significado é simbólico: qualquer pessoa, mesmo de altos níveis hierárquicos – como reis ou presidentes – precisam se curvar perante o local onde Jesus nasceu, num sinal de referência e respeito. Na cidade, porém, contam-se outras versões, com raízes mais históricas que simbólicas. Uma delas conta que os arcos de edificações anteriores foram cobertos na última reconstrução para evitar a entrada de animais montados e, assim, proteger mais a parte interna da edificação contra invasores estrangeiros.

Após a passagem pela “Porta da Humildade”, o visitante peregrino se depara com amplo salão com altas colunas e diferentes tipos de luminárias. O cheiro forte de incenso predomina no ambiente e a sensação de ter voltado no tempo é quebrada, em tempos de circulação normal e sem pandemia, pelo frenético movimento de turistas, flashes e câmeras. Afinal, é comum em qualquer período do ano as longas filas de peregrinos para acessar a pedra com uma estrela dourada no chão, que seria o local exato onde Maria deu à luz à Jesus. A fila costuma percorrer o amplo salão. Depois, o peregrino desce alguns degraus em pedras de mármore para finalmente entrar na “Gruta do Nascimento”. Ali, sacerdotes controlam a entrada e saída de visitantes, pedindo agilidade após alguns segundo, garantindo um breve momento de oração para todos que aguardam. É preciso escolher entre a foto com celular ou um momento mais profundo – ainda que rápido – de oração. Dependendo da hora do dia (geralmente bem no início da manhã), os sacerdotes são mais compreensivos, justamente pelo menor movimento, que aumenta consideravelmente com o avançar das horas.

Filha de José e Maria, Luana saiu de Belém para realizar sonho

Luana Câmara, 38 anos, é pastora da igreja Assembleia de Deus. Em 2018, concretizou o sonho de conhecer a cidade bíblica de Belém. Ela lembra que o fato de ter nascido na cidade de mesmo nome que Jesus era uma das motivações de ir a Israel. Outros acontecimentos ao longo de sua vida, conta, também aumentaram a sua vontade, por exemplo, o fato de seu pai se chamar José e sua mãe, Maria, mas a confirmação se deu quando percebeu que Jesus era divino, conforme sua fé. "Quando eu compreendi que Jesus, verdadeiramente é o filho de Deus, que nasceu de forma divina, pelo Espírito Santo em uma virgem, compreendi e recebi esse amor incondicional. Sonhava em conhecer a Terra Santa. Fomos ao local onde Jesus nasceu, a estrebaria, hoje um templo Cristão, em nada se parece com aquele ambiente simples, mas mesmo assim nos emociona. São pessoas do mundo inteiro, que durante o ano todo, visitam aquele lugar que renova a nossa esperança e fortalece o verdadeiro amor em nossos corações", comentou.

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Belém
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