Covid e a vacina para gestantes: decisão deve ser tomada junto ao médico
Ainda não há um consenso entre especialistas, mas entidade recomenda vacinação para proteger grupo de risco mediante avaliação conjunta
No começo desta semana, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) emitiu uma recomendação para que gestantes e lactantes sejam incluídas na campanha de vacinação contra a Covid-19, que já iniciou no Brasil entre grupos prioritários, especialmente profissionais de saúde que atuam na linha de frente de combate ao novo coronavírus. Dias depois da aprovação da vacina, no entanto, ainda não havia uma orientação sobre a inclusão de gestantes e lactantes por conta da ausência de estudos clínicos sobre este grupo. A regra geral é a de que os primeiros testes clínicos de todos os tipos de vacina não incluam gestantes. Isso porque sempre há uma preocupação especial com a saúde do feto e com a evolução da gravidez.
A recomendação da entidade diz que a segurança e eficácia das vacinas contra a Covid-19 não foram avaliadas em gestantes e lactantes, no entanto, "estudos em animais não demonstraram risco de malformações".
A decisão de se vacinar contra a Covid-19, entretanto, deverá ser compartilhada entre a gestante e seu médico. "Para as gestantes e lactantes pertencentes ao grupo de risco, a vacinação poderá ser realizada após avaliação dos riscos e benefícios em decisão compartilhada entre a mulher e seu médico prescritor", esclarece. "As gestantes e lactantes do grupo de risco que não concordarem em serem vacinadas devem ser apoiadas em sua decisão e instruídas a manter medidas de proteção como higiene das mãos, uso de máscaras e distanciamento social", completa a recomendação.
Para a enfermeira obstetra Lorena Saavedra, mestra e docente do curso de enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA), a gestante deve ter o poder de decidir pela vacinação ou não, munida de informações compartilhadas com o profissional da saúde. "De fato, os ensaios clínicos que foram realizados para avaliar a eficácia da vacina e sua segurança não incluíram gestantes, lactantes e puérperas. Por isso que nesse público específico a gente não tem maiores informações. Seria realmente importante avaliar se essa vacina tem alguma relação com ocorrência de abortamentos, com associação de partos pré-termos (prematuros), más formações ou outras complicações relacionadas ao período gestacional. Entretanto, é coerente, sim, incluir essas mulheres nos grupos prioritários como uma medida de fato na redução da mortalidade materna, porque a gente tem dados alarmantes acerca de morte materna por Covid-19. Então, acredito sim que seria importante vacinar essas mulheres e depois repassar a elas todas as informações que nós dispomos até o momento", afirmou. "A recomendação diz que as gestantes e puérperas estão dentro de um grupo de risco para Covid-19 e que a vacinação vai poder ser feita através de uma decisão que seja compartilhada entre a mulher e o obstetra. Obviamente, após uma avaliação de riscos e benefícios. É importante que essa mulher seja informada sobre a vacinação, as recomendações e que ela tenha esse poder de decisão", completou a profissional de saúde.
ESPERANÇA
Para gestantes e mulheres que acabaram de dar à luz, a chegada da vacina no Pará trouxe esperança de dias melhores e o fim de medidas rigorosas de distanciamento que as obrigaram a se manter por meses afastadas de familiares num dos momentos mais vulneráveis como a gravidez.
Com uma filha de apenas 28 dias, a autônoma Ana Paula Almeida, de 26 anos, não vê parentes e amigos há quase um ano. Durante a gravidez da pequena Lívia, ela saiu de casa raras vezes e tomou todas as precauções para evitar a Covid-19. Agora, ela espera ansiosa pela vacina. "Eu fiquei totalmente isolada, evitei ao máximo sair de casa. Eu só ia para as minhas consultas ou quando realmente não tinha quem fosse fazer alguma coisa por mim. Eu tomei muito cuidado. E com a chegada da vacina agora eu vejo uma esperança, até porque com o nascimento da minha filha eu fiquei bem mais preocupada do que quando estava grávida, porque agora ela já está fora. Eu não saí com ela nenhuma vez. Não estou recebendo visitas. Ela nasceu e eu não recebi ninguém da família. Eles só conhecem ela por foto e por um tempo vai continuar assim. No momento eu estou agarrada na esperança da vacina", destacou a jovem. Gestantes e
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