Convivência entre pais e filhos: relacionamento familiar é essencial para o desenvolvimento infantil

As figuras materna e paterna são as referências de mundo, e a ausência delas pode gerar efeitos negativos no desenvolvimento das crianças, como apontam especialistas

Gabriel Pires

Os pais são fundamentais no desenvolvimento e na educação dos filhos. E, por isso, é essencial que eles dediquem um tempo de qualidade para fortalecer esse relacionamento. No entanto, em meio ao dia a dia, muitas famílias sentem dificuldade para conciliar o tempo entre as demandas de trabalho e a convivência familiar. As figuras materna e paterna são as referências de mundo para os filhos, e a ausência pode gerar efeitos negativos no desenvolvimento das crianças e até mesmo impactos psicológicos e comportamentais, como apontam especialistas.

Essa relação parental afeta diretamente na educação. A psicóloga infantil Thais Lobato, de Belém, avalia que o ideal é que os pais participem de cada etapa do desenvolvimento infantil. Isso porque é ainda na infância que as crianças — a partir dos pais como referência — aprendem valores, o que é certo e o que errado, comportamentos éticos e, ainda, a construção de sentimentos de afeto com as outras pessoas. Ela enfatiza que o tempo de qualidade seja fora das telas, e o ideal é que os pais busquem conexões com brincadeiras, atividades externas, como parques, além de leituras e o que for mais acessível à realidade de cada família.

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“O ideal seria os pais fazerem parte de cada fase de desenvolvimento dessa criança. Então, é preciso separar um tempo para brincar, conversar ou assistir algo com seu filho, ou fazer qualquer outra programação que traga conexão entre ambos. Isso irá amenizar essa falta que a criança sente durante o tempo que está fora. O cansaço do trabalho pode falar mais alto muitas vezes, mas isso irá fazer muita diferença para ela para referência materna e paterna”, detalha a psicóloga Thais Lobato.

A psicóloga ressalta que muitos filhos tendem a ter aversão ao trabalho dos pais e não gostam que eles fiquem ausentes. Por isso, para um convívio harmônico, o diálogo e a sinceridade devem se fazer presentes. “O diálogo é base da relação de pais e filhos. A maioria dos filhos não gostam dessa ausência, que a mãe trabalhe. E as crianças não podem ver o trabalho dos pais como rival da relação. É importante que as famílias tenham rotina e horário pré definidos com os filhos. Ou seja, tempo de qualidade. Tempo para desfrutar com os filhos. Mesmo que seja pouco tempo, mas que seja valoroso e com conexão”, afirma.

image Márcio, pai de Davi, conta que a relação com o filho é de muita proximidade. (Sidney Oliveira / O Liberal)

Impactos

A falta dessa interação no seio familiar, no entanto, pode causar efeitos negativos na vida das crianças. Em casos mais extremos, há possibilidade da perda de identidade parental “Essa ausência impacta no desenvolvimento e aprendizado dos pequenos, podendo acarretar também traumas psicológicos, tais como baixa autoestima, ansiedade, depressão, insegurança, diminuição no rendimento escolar, agressividade. Os pais ausentes perdem o controle do seu filho, acabam não sabendo quem é de fato aquele ser humano que tá crescendo dentro de casa. Perde a conexão e confiança dos seus filhos”, alerta a especialista.

 “Os bebês que crescem sem os pais vão transferir essa conexão para outras pessoas, geralmente para avós ou tios. Porém, nesses casos, essas crianças e adolescentes têm um risco maior de prejuízo à autoestima e à perspectiva de vida, geralmente apresentam transtornos na adolescência, porque eles não conseguem encontrar sua identidade, têm insegurança, solidão e depressão, ansiedade, o que pode acarretar na falta de rendimento escolar e até dependência de drogas”, complementa.

 

Laço familiar é uma prioridade para os pais

Quem não abre mão de compartilhar um valioso tempo ao lado do filho é o microempreendedor Márcio Roberto Cavalcante, 49 anos, de Belém, e pai de Davi Miguel, de 2 anos. Apesar de estudar e trabalhar todos os dias, ao longo da semana ele sempre busca passar as tardes com a criança. Hoje, Márcio é separado da mãe de Davi, mas isso não é motivo para se ausentar da vida da criança.

“Hoje, quando ele me ver chegando pra buscá-lo, ele fica super feliz e corre para me abraçar. Sei que é a forma dele demonstrar amor e gratidão, por eu estar dispondo de um tempo. Aos fins de semana eu pego ele na casa da mãe para poder passar o dia e dormir comigo. É a forma de eu mostrar a ele que não estou longe, mesmo ele não morando comigo. Eu e a mãe dele tentamos ao máximo fazer ele entender que apesar da nossa separação o amamos e que ele sempre será nossa prioridade e nosso amor", relata.

image Uma das programações que Márcio realiza com Davi é levá-lo para passear na praça (Sidney Oliveira / O Liberal)

Mais do que tempo de qualidade, para Márcio, a convivência com o filho é um gesto de cuidado. Em muitos ele lembra que, por conta do trabalho precisou se ausentar, mas foi pensando em prover recursos para proporcionar conforto à família “É essencial tanto para ele quanto pra mim. Ser pai é muito além de só comprar coisas materiais, ser pai é cuidar da parte psicológica e emocional dos filhos. Por isso procuro ser presente na vida dele e todos que conhecem ele sabem o quanto ele me ama assim como eu o amo”, diz Márcio.

“Ele sempre gostou de carros, então eu sempre procuro levar ele em praças e shoppings para ele poder brincar de piloto. A vida é feita de momentos e quero que ele cresça recordando cada momento ao meu lado. E que seja assim por toda sua vida, quero ser além de pai, mas o melhor amigo do meu filho, para que ele possa ter em mim um ponto de equilíbrio para os anseios que a vida nos dá”, frisa.

 

Dicas para boa convivência com pais e filhos no dia a dia

- Tempo de qualidade deve ser fora das telas

- Brincadeiras, atividades externas como parques e leituras são opções de entretenimento

- Pais devem exercer o diálogo no dia a dia

- Famílias devem ter rotina e horário pré definidos com os filhos

- Pais devem fazer parte de cada fase de desenvolvimento das crianças

FONTE: THAIS LOBATO (PSICÓLOGA)

(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de João Thiago Dias, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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