Devoção une as famílias à imagem sagrada da maternidade

Reencontros familiares ocorrem nos lares, nas ruas de Belém e na preparação para a maior festa católica do Pará

Alinne Morais
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Seja nas romarias ou no tradicional almoço do segundo domingo de outubro, os encontros em família são um momento especial durante o período do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. As reuniões celebram a fé e a devoção dos fiéis, e reforçam a união das famílias. Neste ano, com a retomada das programações oficiais da Festividade, a expectativa do reencontro com parentes é grande.

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“O próprio tema do Círio (Maria, Mãe e Mestra) já caracteriza, de certo modo, uma vivência familiar”, explica o padre Wiremberg José, vigário paroquial da igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Ananindeua. “O nosso Círio é muito familiar porque as pessoas se encontram, as famílias se reúnem, em torno da mãe, da avó, da bisavó. Então essa figura materna é uma figura muito presente”, completa o sacerdote, que é especialista em Mariologia.

image O Círio de Nazaré é um momento de celebração da fé e da união das famílias paraenses (Filipe Bispo / O Liberal)

A figura materna lembra Maria, Mãe de Jesus, que une os devotos e também as famílias. “No âmbito familiar, a verdadeira devoção começa na figura da mãe humana, que ali está para nos proteger e amparar. E essa devoção é extensiva a Nossa Senhora, que torna-se aquela imagem sagrada à qual as pessoas se dirigem”, ensina Wiremberg.

Nos últimos dois anos, devido às restrições sanitárias impostas pela covid-19, o Círio não ocorreu da forma tradicional. Porém, neste período, mesmo sem a programação oficial, muitas famílias se uniram para fazer a tradicional caminhada [da Catedral da Sé até a Basílica Santuário]. Já outras, mesmo que de forma reduzida, mantiveram a tradição do almoço no segundo domingo de outubro.

“Durante a pandemia nós vimos pessoas que levavam a imagem de Nossa Senhora de Nazaré e independente de ter o Círio oficial ou não, cada um fazia o seu Círio”, lembra o padre. “Cada um tinha o seu afeto, o seu carinho, colocava a imagem de Nossa Senhora na cabeça e ia andando pelas ruas”, diz.

Neste ano, o clima é de reencontro e muitos devotos vão se reunir com seus familiares pela primeira vez desde o início da pandemia. “Acredito que no Círio deste ano vai ter um diferencial: a ‘normalidade’. Mas, a normalidade com segurança, cuidado, presteza, delicadeza, muito mais do que era, porque as pessoas estão sedentas do Círio, estão sedentas desse encontro com Nossa Senhora”, afirma o padre. “E esses laços familiares serão estreitados, unidos e reunidos nesse reencontro”, acredita.

Vivências espirituais no coração da família

Além da grande romaria do segundo domingo de outubro, as peregrinações de Nossa Senhora, realizadas no período que antecede o Círio de Nazaré, também são uma forma de vivência e preparação espiritual que pode ser realizada no núcleo familiar. A tradição de levar uma réplica da imagem da Virgem de Nazaré aos lares do Estado é uma forma de manter viva a devoção à Mãe de Jesus entre as famílias.

image Padre Wiremberg afirma que, no âmbito familiar, a verdadeira devoção ocorre na figura da mãe (Arquivo / O Liberal)

“Esse gesto tem uma importância muito grande nesse momento”, diz padre Wiremberg. “Eles estão rezando em pequenos núcleos familiares e ao mesmo tempo eles também fazem essa peregrinação para se chegar ao grande evento, que é o Círio”, diz padre Wi - remberg José, que também apresenta o podcast “Aqui por ti”, em OLiberal.com.

O sacerdote reforça ainda que o Círio tem que ocorrer, primeiramente, no coração de cada devoto, para que depois aconteça nas ações. Lembra também que os fiéis devem vivenciar os exemplos de Maria não somente no período da Festa de Nazaré, mas, diariamente, dentro dos lares e em cada momento da vida.

“Posso dizer que guardamos, de Círio em Círio, não somente as emoções, mas, a vida, a história de cada um, nas lembranças e no nosso coração”, diz. “Nós trazemos Maria para a nossa casa o ano inteiro, ainda que de modo representativo”, diz padre Wiremberg.

Círio, Nossa História 

A Berlinda da Santa

Veículo que conduz a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré em meio ao mar de devotos, a Berlinda é um dos símbolos mais significativos do Círio. Ela foi introduzida na romaria pela primeira vez em 1855, e dentro dela era conduzido o Bispo que levava consigo a imagem.

image Berlinda passa por pequenos reparos todos os anos, antes do Círio (Tarso Sarraf / O Liberal)

Em 1880, foi construída a primeira Berlinda para levar somente a imagem. A atual Berlinda é a quinta da história. Foi fabricada em 1964, pelo escultor João Pinto. Tem estilo barroco e foi produzida em cedro vermelho.

Em 2012, passou por reestruturação e recebeu nova cobertura de folhas de ouro. A reforma também envolveu a implantação de um moderno sistema de iluminação em fibra ótica, com luz branca no interior e amarela no exterior. Todos os anos, antes do Círio, a Berlinda passa por pequenos reparos. Há ainda a tradicional ornamentação feita com flores naturais.

O carro é utilizado no Círio e na Trasladação. Para as demais romarias oficiais são usadas berlindas menores e mais simples, com exceção na Romaria das Crianças e na Procissão da Festa, quando é utilizado o nicho, onde a Imagem Peregrina era colocada no presbitério da Basílica.

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