Contêineres instalados ajudam na retirada de “lixão” na Pedreira
Trabalhadores e moradores do canal da Antônio Baena com a Pedro Miranda elogiam a iniciativa
Há cerca de uma semana, pessoas que trabalham com carregamento de entulhos e com a coleta de materiais para reciclagem, além de moradores da área do canal da travessa Antônio Baena com a avenida Pedro Miranda, no bairro da Pedreira, em Belém, capital paraense, tem visto com bons olhos a iniciativa do Poder Público Municipal, que disponibilizou dois grandes contêineres em ferro nesta esquina à coleta de entulhos na área.
Durante décadas o lugar era considerado um verdadeiro “lixão”. Lá, havia sempre uma montanha de lixo, que misturava restos de alimentos, como carcaças de bois, peixes e frangos, frutas incluindo caroços de açaí, legumes e etc., com entulhos, como material de construção. Além de insetos, principalmente moscas, baratas e carapanãs, a sujeira atraía também roedores, em especial ratos.
O mau cheiro incomodava e entranhava no nariz e nas roupas de quem precisava simplesmente passar pelo local ou apenas brincar com as crianças. “Foi muito bom a prefeitura colocar esses contêineres, porque esse lugar sempre foi tomado por lixos e entulhos, e o fedor pegava até na nossa roupa e no nariz. Agora melhorou bastante e dá até para passear por aqui com as crianças”, afirma Roberto Pacheco, 53 anos, que mora na área há 34 anos.
“Colocaram isso aí na segunda ou terça passada. Foi a melhor coisa que a prefeitura fez, porque agora consigo trabalhar mais relaxado, já que tenho onde colocar o entulho sem que eu seja punido por isso, como prenderem meu carro de mão (de madeira). Eu tinha vergonha de jogar o entulho aqui, mas eu preciso trabalhar, pois estou sem renda há oito anos”, conta Valdir Saraiva Monteiro, 51 anos, que trabalha com frete de entulhos e mora no Umarizal, bairro vizinho.
A novidade, ainda segundo Monteiro, serviu para ele se organizar melhor no trabalho. “Aí trago tudo direitinho, ensacado e coloco o entulho dentro do contêiner. Mas ainda tem morador jogando entulho lá do outro lado do canal. Não custa nada eles virem aqui e colocar dentro do contêiner. Acho que tem que conscientizar os moradores também”, opina Monteiro, que obtém cerca de R$ 100,00 com a atividade. Na ocasião, ao redor do canal da Antônio Baena, ele coletava adubos utilizados em plantas para a venda.
Um trabalhador que recolhe do lixo materiais para reciclagem à venda, como ferros velhos e recicláveis de cadeiras, tanques de máquinas, mesas e outros de plástico, também aprovou a iniciativa da disponibilidade dos contêineres.
“A gente coleta pelos lixos e contêineres por dia pelo menos três carros de materiais recicláveis. São coisas que as pessoas jogam pelos lixos, pelos cantos das vias ou nos doam. Nosso trabalho é criticado e discriminado por algumas pessoas, mas a gente está tirando nosso sustento e ajudando também o meio ambiente ao retirarmos esse material das ruas”, afirma o trabalhador, que tem 33 anos e preferiu não revelar o nome.
O homem agradeceu também ao divino pela chegada dos contêineres. “Graças a Deus chegaram esses novos contêineres e nos ajudaram bastante, porque os entulhos já estão separados e a gente pega alguns deles. E ajuda também o meio ambiente, porque esse lugar vivia cheio de lixo e entulhos espalhados. Vimos outros desses também na Terra Firme”, agradece o trabalhador que coleta materiais recicláveis, que está desempregado há cerca de cinco anos.
Ele estava acompanhado de mais dois familiares. Todos os dias, eles recolhem materiais passando pelos bairros do Guamá, São Brás, Marco, Pedreira, Telégrafo, Sacramenta e Fátima. A venda da coleta é feita nos bairros do Acampamento e Canudos. Cada um chega a conseguir R$ 50,00 por dia para o sustento da família.
A Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) informou que a ação visa otimizar a coleta em alguns pontos críticos, e por isso foram provisoriamente instalados três contêineres, com capacidade para receber até 30m³ de entulhos. Dois na travessa Antônio Baena, com a avenida Pedro Miranda, no bairro da Pedreira, e outro na avenida Tucunduba, em frente ao Conjunto Liberdade, na Terra Firme. Os contêineres são levados diariamente até o aterro sanitário do Aurá.
Posteriormente, segundo a Sesan, a PMB vai investir na instalação dos chamados “ecopontos” pela cidade. “O que efetivamente elimina os lixões é a regularidade na coleta, combinada com educação ambiental e coerção aos que descumprem a lei”, afirma a secretária Ivanise Gasparim. “Os ecopontos entrarão como uma estratégia para recolhimento de entulhos, como uma estação de transbordo”, completa.
A equipe do Grupo de Trabalho de Educação Ambiental (GTEA) da Sesan está fazendo entrevistas com os carrinheiros, trabalhadores autônomos, que costumam depositar os resíduos em pontos de descarte irregular, como alternativa de subsistência econômica.
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