Ciência leva desenvolvimento à sociedade e estimula interesse em crianças e jovens em Belém

Celebrado nesta terça-feira (8), o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador reforça a importância da produção científica para diversas áreas

Gabriel Pires
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Celebrado nesta terça-feira (8), o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador reforça a importância da produção científica para o desenvolvimento social. Em Belém, universidades e instituições desempenham um papel essencial ao potencializar projetos que transformam e estimulam o interesse pela pesquisa, aproximando o saber científico do cotidiano. E ainda, pesquisadores transformam o saber acadêmico em projetos e pesquisas de impacto para a sociedade.

Com foco na educação ambiental e buscando levar o primeiro contato com a ciência a crianças e jovens, o Clube do Pesquisador Mirim, projeto do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), insere no cotidiano dos participantes técnicas e procedimentos científicos por meio de atividades práticas. A chefe do Serviço de Educação do MPEG, Mayara Larrys, explica que a iniciativa promove uma verdadeira imersão e iniciação científica nas diferentes áreas de pesquisa do Museu Goeldi, como a dos fósseis, por exemplo.

“As atividades são desenvolvidas por cada uma das turmas ao longo de um ano com o acompanhamento do seu coordenador e bolsistas. Nesse período, os jovens selecionados participam de visitas mediadas, aulas, visitas técnicas à espaços de pesquisa, elaboram planejamentos e são orientados para compreender as pesquisas e as áreas de estudo da instituição, além de produzir materiais didáticos que são apresentados em uma sessão aberta ao público, realizada por ocasião da formatura das turmas”, explica Mayara.

Mayara considera que, desde cedo, é importante inserir as crianças nesse contexto da pesquisa e ciência: “Instigar o gosto pelas ciências não necessariamente formará cientistas, mas representa uma das formas mais eficazes de formar cidadãos críticos, capazes de se posicionar ativamente diante das múltiplas demandas que surgem na sociedade. Ampliar o acesso às ciências significa garantir que este importante produto da cultura humana esteja ao alcance de todos”.

clube do pesquisador mirim

Outra iniciativa de destaque do MPEG é o Programa de Educação de Caxiuanã, também conhecido como Programa de Educação da Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn). Trata-se de uma ação que visa promover a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável nas comunidades da região de Caxiuanã, no Pará.

“O programa possibilita, há 30 anos, o desenvolvimento de um trabalho sistemático voltado à formação de professores e à educação ambiental em escolas localizadas no entorno da Estação Científica Ferreira Penna, na Floresta Nacional de Caxiuanã. Ao longo de cada ano, realiza-se uma jornada pedagógica, articulando temas sugeridos pelos professores com o tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, orientando a elaboração de projetos de ciências que resultam em tecnologias sociais capazes de atender demandas das comunidades locais”, relata Mayara.

Reconhecimento

Além disso, cientistas da região têm protagonizado iniciativas de impacto, inclusive sendo premiados. A arqueóloga e professora da UFPA Daiana Travassos Alves foi uma das quatro pesquisadoras selecionadas, entre mais de 600 inscritos, para representar o Brasil nos Programas de Impacto Social da Brazil Conference at Harvard & MIT, em abril deste ano, nos Estados Unidos. O estudo buscou entender as relações entre pessoas e plantas e destaca o avanço dessa disciplina na Amazônia nas últimas duas décadas. A identificação revelou que as espécies frutíferas encontradas nos sítios arqueológicos ainda predominam na vegetação atual desses locais.

“A pesquisa selecionada foi desenvolvida por mim durante o doutorado e focou no estudo de três sítios arqueológicos na região de Santarém. São sítios antigos datados entre 1.000 e 500 atrás e pertencentes à cultura Tapajó que se encontra distribuída em pelo menos 190 sítios no baixo Tapajós. Nesses três sítios, evidenciei a prática indígena de fertilização do solo em um sistema de policultura agroflorestal. Isto é, o cultivo de várias espécies como milho, mandioca, araruta e abóbora, em conjunto com o manejo de frutíferas como açaí, buriti, pupunha e biribá”, explica Daiana.

Para ela, a produção de ciência é essencial para promover desenvolvimento em diversos campos da sociedade: “A atividade científica é fundamental para o desenvolvimento social e econômico do Brasil, desde a área de saúde e nutrição, nas quais a pesquisa científica brasileira se destaca internacionalmente, até as áreas de biotecnologia que têm um potencial gigantesco de avanço para nosso país. Destaco também as áreas de ciências humanas, que conjuntamente se debruçam sobre os estudos da nossa rica cultura brasileira, proporcionando uma compreensão e valorização de nossa cultura”.

“A ciência e a pesquisa carecem de maior espaço e reconhecimento. Isso tanto em termos da necessidade de maior investimento na formação de pessoas e no fomento à pesquisa, quanto em termos de destaque social da importância das pesquisas para nossa sociedade. Os resultados das pesquisas afetam nossas vidas de forma prática, desde o desenvolvimento de vacinas, passando pelas estratégias de escoamento de produção e pela própria produção de alimentos, como o melhoramento de sementes e técnicas agrícolas”, observa a cientista.

Imersão na ciência

Para além das pesquisas, outras iniciativas também reforçam o interesse por esse mundo da ciência. No campus Guamá da UFPA, o Centro Interativo de Ciência e Tecnologia da Amazônia (Cicta) leva divulgação científica e tecnológica à comunidade acadêmica e ao público externo. O local abriga espaços como o Laboratório de Demonstrações (Labdemon), o Núcleo de Astronomia (Nastro) e o Museu Interativo da Física (MINF). Cada núcleo oferece experiências práticas e educativas em áreas como física, astronomia e tecnologia.

O coordenador geral do Cicta, o professor Luís Crispino, afirma que ações como essa levam adiante o conhecimento que é produzido na universidade. “O Cicta permite um primeiro contato com laboratórios de ciências. Além da recepção de estudantes, o Cicta realiza atividades dedicadas à formação de professores para aulas de laboratório”, diz Crispino.

“Os visitantes do Cicta são apresentados a diversos conceitos científicos e, sempre que possível, relacionados com sua vida cotidiana. Por exemplo, os visitantes testemunham descargas elétricas em máquinas eletrostáticas e em uma grande bobina de Tesla, que são relacionadas com os raios, relâmpagos e trovões. Desta forma, aprendem física relacionada ao assunto e também como se proteger de raios durante tempestades”, detalha o professor sobre as ações no espaço, que recebeu mais de 5 mil pessoas no ano passado.

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